quarta-feira, 19 de julho de 2017

➤Lavagem de dinheiro

Moro manda bloquear R$ 606 mil de Lula

Além do dinheiro, também foram confiscados três apartamentos, 
um terreno e dois veículos do petista


Uma semana após ser condenado por corrupção, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve R$ 606 mil bloqueados em contas bancárias nesta quarta (19), por ordem da Justiça.

A decisão é do juiz Sergio Moro, a pedido do Ministério Público Federal, que solicitou o sequestro dos bens do ex-presidente para a recuperação do produto do crime, caso seja confirmada a condenação.

Lula foi sentenciado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Ainda cabe recurso.
O bloqueio ordenado por Moro foi de R$ 10 milhões, mas o Banco Central só encontrou R$ 606 mil em quatro contas do petista -no Banco do Brasil, Caixa e Itaú.

Dois carros em nome de Lula -uma Ford Ranger e um Ômega- também foram bloqueados e não podem ser transferidos a terceiros ou vendidos.

O mesmo foi feito com três apartamentos e um terreno em São Bernardo do Campo (SP), todos de propriedade do ex-presidente, que foram sequestrados 
pela Justiça. Eles não podem ser vendidos.

O dano estimado à Petrobras, de onde teria saído o dinheiro investido no tríplex do Guarujá (SP), é de R$ 16 milhões, segundo estipulou a sentença de Moro.

Folhapress

➤Futebol

Campeonato Brasileiro – 15ª Rodada

SÉRIE A

Quarta – 19/07
19:30
Vitória 1 X 3 Grêmio – Barradão
Santos 1 X 0 Chapecoense – Vila Belmiro

21:00
Ponte Preta 4 X 0 Coritiba – Moisés Lucarelli
Avaí 0 X 0 Corinthians – Ressacada

21:45
Flamengo 2 X 2 Palmeiras – Luso Brasileiro
São Paulo 1 X 0 Vasco – Morumbi
Atlético MG 0 X 2 Bahia – Independência

Quinta – 20/07
19:30
Fluminense _ X _ Cruzeiro – Giulite Coutinho

20:00
Sport _ X _ Atlético GO – Ilha do Retiro

21:00
Atlético PR _ X _ Botafogo – Arena Baixada

➤Delação premiada

Marcos Valério fecha acordo com a PF



Depois de ter sua proposta de delação rejeitada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), o operador do mensalão Marcos Valério Fernandes fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF). Por citar políticos com foro privilegiado, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o acordo aguarda a homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).


Valério cumpria pena de prisão pela ação penal do mensalão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e foi transferido na última segunda-feira para uma unidade da Associação de Proteção e Assistência a Condenados (Apac), em Sete Lagoas (MG), a pedido da Polícia Federal.

A transferência para a unidade — que propõe atendimento humanizado para a reintegração social de presos e tem vagas limitadas — era solicitada desde o ano passado pelos seus advogados. No entanto, não havia vagas disponíveis.
Na decisão que autorizou a transferência, datada da última segunda-feira, o juiz da Comarca de Contagem Wagner de Oliveira Cavalieri escreveu que a medida teve como objetivo “concluir procedimento de colaboração premiada sob análise do Supremo Tribunal Federal”.

Ele destacou que Valério “é presumidamente possuidor de inúmeras informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileiras”, motivo pelo qual seria “inegável o interesse público em suas declarações sobre fatos ilícitos diversos que envolvem a República”.

Segundo o despacho, “em que pese a existência de formalidades e fila para a transferência de presos para o sistema Apac”, no caso de Valério “o interesse público se sobrepõe aos interesses individuais e, portanto, a medida deve ser deferida conforme solicitada, ou seja, independentemente de ordem cronológica ou outros requisitos”.

A primeira versão da colaboração de Valério tinha 60 anexos e foi entregue em fevereiro deste ano à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte que informou em nota oficial, na época, não haver interesse em aceitar a delação.

Nos documentos, Valério relatava detalhes do caixa paralelo montado por suas agências de publicidade para operar desvios em contratos assinados durante o governo Fernando Henrique (1994-2002), e nos primeiros anos de Lula no Planalto (2003-2005) e Aécio Neves no governo de Minas (2003-2005).

Valério apresentou informações sobre desvios em contratos com os Correios durante o governo Lula e no Banco do Brasil no período em que a DNA Propaganda era agência de publicidade da estatal, durante o governo FH.

Também fala sobre caixa 2 operacionalizado por ele para campanhas tucanas em Minas, desvios em Furnas e pagamentos feitos por empresas como Usiminas e Andrade Gutierrez em benefício de políticos sob sua influência.

Valério relata, ainda, bastidores de uma operação para abafar a relação do Banco Rural com políticos tucanos em Minas, durante a CPMI dos Correios.
Agência Globo

➤OPINIÃO

Após queda de Aécio, Alckmin 
quer prévias para escantear Doria*

Focado em ser o candidato do PSDB à Presidência, 
governador age para ter comando do partido

Vera Magalhães

Principal beneficiado, no PSDB, da queda em desgraça de Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se preocupa mais com a convenção que definirá o novo comando da sigla do que com o dilema hamletiano de ser ou não ser aliado ao governo Michel Temer.

Alckmin usa como trunfo o fato de ter sido o único grão-tucano a defender, desde a queda de Dilma Rousseff, que o partido apoiasse as reformas sem ocupar cargos na Esplanada. Portanto, não poderá ser cobrado por incoerência, tem dito a quem lhe pergunta.

Em recente encontro em São Paulo com representantes do empresariado e economistas, Alckmin se apresentou com a desenvoltura de quem acredita que voltou ao início da fila dos presidenciáveis tucanos. E fez a defesa da aprovação das reformas mesmo em caso de desembarque. 

Os presentes ao encontro, na sua maioria entusiasta de uma candidatura de João Doria Jr., saíram de lá com a impressão de que o criador enredou politicamente a criatura.

Isso porque, depois de influir na escolha do novo comando do PSDB, Alckmin se lançará na defesa incondicional das prévias. Com isso acha que liquida qualquer pretensão secreta que Aécio ainda possa alimentar de ser candidato.

E, de quebra, intimida Doria, que não poderá nem ser contra as prévias – afinal, foi por meio delas que se sagrou candidato a prefeito – nem disputar com seu padrinho.

Já o prefeito tem dois trunfos a seu favor: a expectativa de se tornar um fato consumado por meio da liderança nas pesquisas e o perfil que o eleitor demonstra querer para os candidatos em 2018, distante da política tradicional.

Enquanto isso
Serra volta a cogitar trocar PSDB pelo PSD
Depois de um período de recolhimento após ter sido citado nas delações da Odebrecht, José Serra voltou a falar em disputar o Planalto. Com a primazia de Alckmin no PSDB, cogita novamente migrar para o PSD de Gilberto Kassab.

Sistema de Governo
Alexandre de Moraes tira ação sobre parlamentarismo da pauta
Gilmar Mendes tuitou que estava lendo sobre parlamentarismo nas férias. O tuíte foi visto como senha para pautar a discussão no STF. O Tribunal a iniciou em 2016, mas o novo relator, Alexandre de Moraes, retirou o processo da pauta.

Caso Varig
Julgamento pode provocar rombo de R$ 6 bi nas contas
Está pautado na volta do recesso do STF o julgamento dos embargos de declaração apresentados pelo governo no processo em que a Varig obteve direito à indenização pelo congelamento de tarifas aéreas no Plano Cruzado. O julgamento foi interrompido em março do ano passado. A relatora, Cármen Lúcia, votou contra os embargos, por entender que não houve omissão ou contradição na decisão. Se o governo perder, o rombo para o Tesouro é estimado em R$ 6 bilhões.

Temer
Janot deve pedir diligências antes de novas denúncias
Procuradores do grupo de Rodrigo Janot negam que a “falta de pressa” nas novas denúncias contra Michel Temer seja sinal de recuo do procurador-geral. Eles afirmam que serão necessárias novas diligências, além de cruzar informações com outros inquéritos, como o que investiga a cúpula do PMDB por organização criminosa. O Ministério Público também nega que espere a delação de Eduardo Cunha para embasar a acusação de obstrução da Justiça.
*Publicado no Portal Estadão em 19/07/2017

➤BOM DIA!

Falsa reforma*

Quando se observa o que está sendo feito com a urgente e 
imprescindível reforma política, constata-se, infelizmente, que há 
parlamentares indiferentes ao destino do País

No momento em que o mundo político se encontra na berlinda, acossado por denúncias de corrupção, seria razoável esperar que os políticos se empenhassem mais do que nunca para demonstrar à opinião pública que ainda têm algum compromisso com o País, e não somente com seus próprios interesses. Contudo, quando se observa o que está sendo feito com a urgente e imprescindível reforma política, constata-se, infelizmente, que há parlamentares realmente indiferentes ao destino do País, preocupados que estão somente em legislar em proveito próprio ou de poderosos padrinhos.

Em um caso cuja desfaçatez dificilmente será superada, o deputado petista Vicente Cândido, relator da reforma política na Câmara, incluiu sorrateiramente em seu texto uma alteração no Código Eleitoral que, se aprovada, impedirá a prisão de candidatos até oito meses antes da eleição. O dispositivo que o parlamentar pretende modificar é o parágrafo 1.º do artigo 236, segundo o qual nenhum candidato poderá ser preso desde 15 dias antes da eleição até 48 horas depois do pleito, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável. Trata-se de uma forma de evitar que candidatos sejam alijados da disputa às vésperas da votação em razão da decretação indevida de prisão provisória, baseada em falsa acusação.

Com indecorosa naturalidade, o petista Vicente Cândido pretende transformar essa garantia legal em um instrumento para livrar da cadeia o chefão de seu partido, o sr. Lula da Silva, já condenado em primeira instância por corrupção e lavagem de dinheiro.

O deputado Vicente Cândido jura que sua proposta não se presta a salvar Lula. Segundo o petista, trata-se de uma reação à “judicialização da política”. Ou seja, o parlamentar pretende transformar o necessário debate sobre os exageros de alguns promotores e juízes contra políticos em argumento maroto para justificar a concessão de vergonhoso salvo-conduto para Lula. Felizmente, a artimanha foi fortemente rechaçada por vários parlamentares. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a proposta “não foi negociada com ninguém” e que não deve prosperar.

Mas a “emenda Lula” não é a única aberração ora em discussão dentro da reforma política. O relatório do deputado Vicente Cândido prevê também a criação de um “Fundo Especial de Financiamento da Democracia”, que destina 0,5% da receita líquida do governo federal para bancar os partidos em tempos de eleição. Isso dá algo em torno de R$ 5,9 bilhões, mas essa espantosa cifra não é o principal problema da proposta, e sim o fato de que ela obriga o contribuinte a financiar entidades privadas que deveriam ser sustentadas por seus simpatizantes, militantes e eleitores.

Além disso, o relator da reforma propôs o sistema de voto em lista pré-ordenada de candidatos – mecanismo que favorece os caciques partidários, interessadíssimos em manter o foro privilegiado em razão das agruras causadas pela Lava Jato. Mas seus colegas parlamentares defendem algo ainda pior: o “distritão”. Trata-se de um modelo em que são eleitos para o Legislativo apenas os candidatos mais bem votados em cada Estado. Não por acaso, esse modelo é apelidado de “sistema Tiririca”, pois favorece os candidatos célebres não em razão de suas propostas, mas por sua visibilidade como figuras do mundo do entretenimento. O “distritão” tende a beneficiar igualmente vários dos atuais parlamentares, que já são conhecidos dos eleitores e, por isso, monopolizam os recursos de seus partidos.

Está claro que, embora se dê a isso o nome de “reforma”, o que se tem é uma série de gambiarras cujo objetivo é garantir que tudo fique como está. Se quisessem de fato melhorar alguma coisa, os parlamentares poderiam se empenhar um pouco mais em aprovar o fim das coligações para as eleições proporcionais – artifício que deforma completamente a representatividade do voto e permite toda sorte de mutretas entre partidos – e em impor uma cláusula de barreira para liquidar os partidos de aluguel. Não se deve esperar, é claro, que os políticos façam essas mudanças por convicção. Que seja, então, por pudor.

*Publicado no Portal Estadão em 19/07/2017