sexta-feira, 19 de maio de 2017

➤BOA NOITE!



Dono de hits como Tic Tic Nervoso, Sou Boy  e A Gata Comeu, o cantor e compositor Kid Vinil faleceu nesta sexta-feira, aos 62 anos, vítima de complicações de um ataque cardíaco sofrido no mês passado.

O artista nasceu em 1955, em Cedral, cidade do interior paulista. Foi vocalista da banda Magazine, e ganhou fama como um dos precursores do punk rock paulista. Depois de alguns anos no palco, Kid Vinil foi convidado para apresentar um programa na Rádio Excelsior, batizado com seu nome. Lá, o cantor deu espaço para grupos do punk rock e pós-punk paulistas.

Para lembrar de um dos precursores do rock no Brasil, selecionei um vídeo dos anos 80 em que Kid Vinil, acompanhado da Banda Magazine, canta Sou Boy


➤Mercadão do impeachment

R$ 5 milhões por voto pró-Dilma

Aliado de Dilma Rousseff procurou Joesley Batista, dono da JBS, 
propondo a compra de votos em favor de Dilma Rousseff. 
A ideia foi prontamente aceita



Sorrindo, e com cara de deboche, o bilionário Joesley Batista revelou em sua delação premiada como comprou deputados por 5 milhões de reais para que votassem contra o impeachment de Dilma Rousseff.

A ofensiva do dono da JBS no mercado político se deu no sábado que antecedeu a votação no plenário da Câmara, em março do ano passado. A ideia era clara: reverter, à custa de dinheiro, os votos dos parlamentares que estavam dispostos a tirar Dilma do Planalto. Um esforço emergencial para tentar salvar a pele da petista.

Quem levou a proposta para comprar políticos a Joesley foi o deputado baiano João Carlos Bacelar, do PR baiano e então aliado de Dilma. Ele bateu à porta da casa do empresário, em noite alta, no fim de semana que antecedeu a votação. Propôs a operação de última hora, que foi prontamente aceita.

Dep. Bacelar - Foto:Estadão/Reprodução
Joesley  conta que Bacelar chegou com os nomes escritos em um papel: “Tem aqui uma lista de 30 deputados, 5 milhões cada um, 30 deputados e nós ganhamos o impeachment”, disse Bacelar, segundo o relato do dono da JBS aos procuradores da Lava-Jato. O dono da JBS foi curto e grosso na resposta:  “João, faz o seguinte: 5 deputados por 3 milhões você pode comprar, por minha conta. (…) Três milhões cada”. Joesley não relaciona os deputados que receberam dinheiro em troca do apoio a Dilma.

Por precaução, Joesley disse que, após dar a autorização para a “compra” dos votos, ficou com a lista de deputados comprados na mão, para no domingo da votação conferir durante a votação o compromisso dos parlamentares com os valores pagos na véspera.  “Só que eu falei: me dá a lista aí. Eu quero ficar com a lista dos possíveis a ser comprados, pra mim (sic) ver depois na televisão se, enfim…”, disse o empresário. “Mas eu conferi na época. Era deputado do baixo clero ali. Eu conferi, deu os cinco dedos e lá tô eu com a dívida de 15 milhões. Eu lembro que eu conferi, deputado não sei o quê…”.

Bacelar, o dono da ideia de distribuir dinheiro a quem ainda estava em dúvida, manteve sua posição em segredo até a véspera da decisão em plenário. Não se sabe se movido por ajuda financeira ou pela própria consciência, votou contra o impeachment. O deputado, é preciso registrar, é personagem recorrente de denúncias de corrupção no Congresso.

Joesley e Bacelar mantinham laços estreitos. Bem antes do impeachment, o empresário pedira ao deputado para ajudar o ex-ministro Guido Mantega na CPI do Carf, da qual o parlamentar baiano era relator.

Com VEJA/Conteúdo

➤Delação JBS

Temer pediu R$ 1 milhão em dinheiro vivo

Ex-diretor da JBS afirma que valor foi entregue em empresa 
cujo dono é homem de confiança do presidente. Pedido foi feito 
pelo próprio Temer, em bilhete


O ex-diretor do frigorífico JBS Ricardo Saud afirmou, em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República, que o presidente Michel Temer pediu a entrega de 1 de milhão de reais, em dinheiro vivo, numa empresa do coronel aposentado João Baptista Lima. O militar, amigo de Temer, é um dos homens de confiança do presidente.

O endereço do local, segundo o delator, foi repassado por Temer num bilhete para o executivo durante reunião ocorrida em São Paulo no auge das eleições de 2014. “O dinheiro era do PT. O PT deu para o presidente Temer para usar para campanha de vice. E assim foi feito e, não satisfeito, ainda guardou um milhão para ele no bolso”, diz Saud.

De acordo com o delator, os recursos destinados a Temer faziam parte de um acerto feito entre o PT, PMDB e a JBS durante a campanha à reeleição da presidente Dilma. Naquela época, um grupo de senadores peemedebistas ameaçava apoiar o PSDB.

Preocupado, o PT resolveu agir e topou repassar recursos da conta-propina que mantinha junto à JBS para conter a rebelião na base aliada. Quando Temer foi informado sobre o risco de senadores do PMDB apoiarem o PSDB, resolveu reassumir a presidência do partido – e então acertou que o PT repassaria 15 milhões de reais para distribuir entre os peemedebistas.

Ricardo Saud detalhou como foi feito o rateio desse valor. Disse que 9 milhões de reais foram destinados ao diretório nacional do partido, 2 milhões serviram para bancar gastos da campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo com o marqueteiro Duda Mendonça, outros 3 milhões de reais foram repassados em espécie ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e 1 milhão de reais tiveram o próprio Temer como beneficiário.

A parte referente a Temer, segundo o delator, foi entregue na sede da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, cujo sócio é o coronel João Baptista Lima, amigo do presidente. O militar aposentado, dono de uma fazenda no interior de São Paulo frequentada há anos por Temer, foi alvo de um mandado de busca e apreensão na última quinta-feira, durante a Operação Patmos.
Com VEJA.com

➤Joesley diz que era propina

Lula e Dilma tinham US$ 150 milhões em ‘conta-corrente’ 

Empresário declarou à Procuradoria-Geral da República que 
'os saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, 
que funcionava no âmbito dos fundos Petros e Funcef'



O termo de colaboração 1 do empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, descreve o fluxo de duas ‘contas-correntes’ de propina no exterior, cujos beneficiários seriam os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O empresário informou à Procuradoria-Geral da República que o saldo das duas contas bateu em US$ 150 milhões em 2014. Ele disse que o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) operava as contas.

Joesley revelou que em dezembro de 2009, o BNDES adquiriu de debêntures da JBS, convertidas em ações, no valor de US$ 2 bilhões, ‘para apoio do plano de expansão’ naquele ano.

“O depoente escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito de US$ 50 milhões e abriu conta no exterior, em nome de offshore que controlava, na qual depositou o valor”, relatou Joesley. Segundo o empresário, em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista pediu a ele ‘que abrisse uma nova conta, que se destinaria a Dilma.

“O depoente perguntou se a conta já existente não seria suficiente para os depósitos dos valores a serem provisionados, ao que Guido respondeu que esta era de Lula, fato que só então passou a ser do conhecimento do depoente”, contou o empresário.

“O depoente indagou se Lula e Dilma sabiam do esquema, e Guido confirmou que sim.”


Joesley declarou que foi feito um financiamento de R$ 2 bilhões, em maio de 2011, para a construção da planta de celulose da Eldorado. O delator disse que Mantega ‘interveio junto a Luciano Coutinho (então presidente do BNDES) para que o negócio saísse’.

“A operação foi realizada após cumpridas as exigências legais”, afirmou Joesley. “Sempre percebeu que os pagamentos de propina não se destinavam a garantir a realização de operações ilegais, mas sim de evitar que se criassem dificuldades injustificadas para a realização de operações legais.”

O empresário declarou que depositou, ‘a pedido de Mantega’, por conta desse negócio, crédito de US$ 30 milhões em nova conta no exterior,

“O depoente, nesse momento, já sabia que esse valor se destinava a Dilma; que os saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros e Funcef; que esses saldos somavam, em 2014, cerca de US$ 150 milhões.”

Segundo Joesley, a partir de julho de 2014, Mantega ‘passou a chamar o depoente quase semanalmente ao Ministério da Fazenda, em Brasília, ou na sede do Banco do Brasil em São Paulo, para reuniões a que só estavam presentes os dois, nas quais lhe apresentou múltiplas listas de políticos e partidos políticos que deveriam receber doações de campanha a partir dos saldos das contas’.

Neste trecho de seu depoimento, Joesley cita o partido do Governo Michel Temer. O empresário destacou que o executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F (controladora da JBS), fazia o contato com partidos e políticos.

“A primeira lista foi apresentada em 4 de julho de 2014 por Guido ao depoente, no gabinete do Ministro da Fazenda no 15º andar da sede do Banco do Brasil em São Paulo, e se destinava a pagamentos para políticos do PMDB; que a interlocução com políticos e partidos políticos para organizar a distribuição de dinheiro coube a Ricardo Saud, Diretor de Relações Institucionais da J&F, exceção feita a duas ocasiões”, relatou.

Joesley disse que em outubro de 2014 no Instituto Lula, encontrou-se com Lula e relatou ao petista que as doações oficiais da JBS já tinham ultrapassado R$ 300 milhões.

“Indagou se ele (Lula) percebia o risco de exposição que isso atraía, com base na premissa implícita de que não havia plataforma ideológica que explicasse tamanho montante; que o ex-presidente olhou nos olhos do depoente, mas nada disse”, contou.

Em outra ocasião, em novembro de 2014, Joesley disse que ‘depois de receber solicitações insistentes para o pagamento de R$ 30 milhões para Fernando Pimentel, governador eleito de Minas Gerais, veiculadas por Edinho Silva (tesoureiro da campanha de Dilma em 2014), e de receber de Guido Mantega a informação de que “isso é com ela”, solicitou audiência com Dilma’.

“Dilma recebeu o depoente no Palácio do Planalto; que o depoente relatou, então, que o governador eleito de MG, Fernando Pimentel, estava solicitando, por intermédio de Edinho Silva, R$ 30 milhões, mas que, atendida essa solicitação, o saldo das duas contas se esgotaria; que Dilma confirmou a necessidade e pediu que o depoente procurasse Pimentel”, narrou aos investigadores.

Joesley afirma que, no mesmo dia, encontrou-se com Pimentel no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, e disse ao petista ‘que havia conversado com Dilma e que ela havia indicado que os 30 milhões deveriam ser pagos’.


“Pimentel orientou o depoente a fazer o pagamento por meio da compra de participação de 3% na empresa que detém a concessão do Estádio Mineirão; que afora essas duas ocasiões, Edinho Silva, então tesoureiro da campanha do PT, encontrava-se, no período da campanha de 2014, semanalmente com Ricardo Saud e apresentava as demandas de distribuição de dinheiro; que Ricardo Saud submetia essas demandas ao depoente, que, depois de verificá-las com Guido Mantega, autorizava o que efetivamente estivesse ajustado com o então ministro da Fazenda.”

Os advogados de defesa de Lula negam qualquer envolvimento do ex-presidente no esquema de corrupção delatado por Joesley Batista.
Com VEJA/Conteúdo

➤Liberadas pelo STF

Todas as acusações da delação da JBS


De Temer aos ex-presidentes Lula e Dilma, Joesley Batista 
e seus executivos citaram repasses milionários de 
propina a políticos de diversos partidos



O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou na tarde desta sexta-feira o acesso à delação premiada dos donos e executivos da JBS. Saiba o que de mais importante Joesley Batista e seus executivos contaram à força-tarefa da Lava-Jato em seu acordo de delação premiada:

Propina a Temer

Joesley diz que em 2017 o presidente Michel Temer pediu “vantagem indevida” para resolver um assunto de grande interesse do grupo – a o fim do monopólio da Petrobras no fornecimento de gás natural. O auxílio também se estenderia a outras demandas da companhia, como o “destravamento das compensações de créditos de Pis/Cofins com débitos do INSS”. O presidente da República, segundo ele, receberia 5% dos valores em questão.

Pagamentos a Lula e Dilma no exterior

O dono da JBS diz que transferiu para uma conta no exterior, a título de “vantagens indevidas”, US$ 50 milhões destinados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais US$ 30 milhões em outra conta, também no exterior, em favor da ex-presidente Dilma Rousseff. Os repasses, disse ele, foram feitos por intermédio do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

Campanha de Dilma

O empresário diz ter repassado R$ 30 milhões ao ex-ministro Antonio Palocci a pretexto de ajudar na campanha de Dilma Rousseff em 2010.

Ajuda de Temer no STF

Joesley Batista diz que ouviu do presidente Michel Temer que poderia ajudar Eduardo Cunha, preso desde o ano passado, no Supremo Tribunal Federal. O presidente afirma que teria como auxiliar o ex-deputado junto a dois ministros da Suprema Corte.

Pagamento ao presidente do Senado

Segundo Ricardo Saud, um dos principais executivos de JBS, o senador Eunício Oliveira recebeu R$ 5 milhões para ajudar na aprovação de uma medida provisória que tratava da cobrança de PIS e Cofins, um tema de grande interesse da companhia.

Propina a Aécio Neves

Os donos e executivos da JBS contam que o senador afastado Aécio Neves, do PSDB, recebeu em 2014 valores próximos a R$ 63 milhões para defender interesses da J&F, a holding da qual faz parte a JBS. Aécio ajudaria, por exemplo, a liberar créditos de ICMS devidos à empresa. Joesley Batista cita ainda o repasse de 2 milhões ao tucano “em razão da aprovação da lei de abuso de autoridade e anistia ao caixa dois”.

Repasse para José Serra

O senador tucano, segundo Joesley Batista, foi destinatário de R$ 20 milhões. O dinheiro foi repassado, diz ele, a pretexto de auxiliá-lo em campanha eleitoral.

Repasses a Eduardo Cunha

O delator diz que que, por meio de um sistema de conta corrente gerenciado pelo operador de mercado Lúcio Funaro, repassou R$ 50 milhões entre 2009 e 2014 a Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. Os pagamentos foram feitos em troca  de facilidades em financiamentos da Caixa Econômica Federal. A movimentação do dinheiro se dava em uma espécie de conta corrente. Josley também cita um pagamento de R$ 20 milhões a Cunha em troca de alterações na legislação para desonerar a folha de pagamento de funcionários – um tema que beneficiava financeiramente a JBS. Ele relata ainda o repasse de mais R$ 30 milhões para que Cunha, enquanto presidente da Câmara, apoiasse as demandas do grupo empresarial no Congresso.

Propina ao ministro Marcos Pereira

Marcos Pereira, ministro de Temer, é citado como beneficiário de propina. O titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio recebeu repasses de dinheiro em troca da aprovação de um empréstimo de R$ 2,7 bilhões junto à Caixa.

Dinheiro para Gilberto Kassab

Wesley Batista, irmão de Joesley, e o executivo Ricardo Saud contam que o ministro das Comunicações de Temer e ex-prefeito de São Paulo também recebeu “vantagens indevidas”.

Dinheiro para Marta Suplicy

A senadora do PMDB, ex-petista, recebeu R$ 1 milhão do grupo a pretexto de auxílio à campanha eleitoral de 2010. Outros R$ 3 milhões, segundo Joesley, foram repassados em troca de “possíveis 
negócios caso Marta Suplicy vencesse a eleição para a Prefeitura de São Paulo”.

A seguir, novas informações

➤Lava Jato

Temer será investigado por corrupção e obstrução 

A Procuradoria Geral da República pediu a abertura de inquérito contra Michel Temer pela possível prática de corrupção passiva, constituição e participação em organização criminosa e obstrução à investigação de organização criminosa.

O pedido de abertura de inquérito também se refere ao senador cassado Aécio Neves e ao deputado paranaense Rodrigo Rocha Loures.
Revista Exame

➤Investigação na JBS

CVM abre 3 processos em uma semana 



A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instaurou três processos administrativos em uma semana para investigar o frigorífico JBS. As informações sobre o conteúdo das investigações não foram confirmadas pela CVM.

Os processos foram instaurados nos dias 12, 17 e 18 de maio e investigam "notícias, fatos relevantes e comunicados" da JBS.

Em conversas com fontes do mercado financeiro, o G1 apurou que há registro no sistema de negociação de câmbio de uma operação atípica de compra de dólares muito próxima do fechamento do mercado da última quarta-feira (17). A operação chamou a atenção do mercado por ser um volume elevado em dia sem motivações para um movimento de compra, quando o dólar estava em trajetória de queda com a melhora das perspectivas para a economia.

Horas depois da operação, foi divulgada informação de que os executivos da JBS fecharam um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público. As delações teriam acusações contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.

Fontes do mercado financeiro afirmam que a autora do pedido de compra foi a JBS. Oficialmente, no entanto, só a CVM poderá esclarecer quem foram os agentes envolvidos.
Agência Globo

➤OPINIÃO


A crise continua*

Eliane Cantanhêde

As delações de Joesley e Wesley Batista que serão divulgadas hoje pelo Supremo Tribunal Federal jogam Lula, Dilma, Renan, Serra e novos personagens no lamaçal da JBS. Não é só o presidente Michel Temer que parece estar afundando, é todo o mundo político.

Quem teve acesso diz que os valores são estonteantes e a intimidade dos irmãos com os políticos é nauseante. A Odebrecht vai ficar com ciúme... E isso tudo, evidentemente, dificulta uma solução para a maior crise de que se tem notícia.

Antes de mais nada, é preciso ressalvar que as gravações divulgadas ontem à noite são demolidoras para Aécio Neves, mas parecem menos comprometedoras para Temer. Primeiro, Joesley diz que tem mantido relações com Eduardo Cunha e Temer diz que deve manter, sim. Só depois o empresário fala nas mesadas. É diferente da versão original de que Temer teria estimulado o pagamento das mesadas.

De qualquer forma, com PT, PSDB e PMDB mais sujos do que pau de galinheiro, além de Lula, Dilma, Aécio, Serra, Renan e, claro, Temer politicamente estropiados, as saídas para essa crise monumental parecem bloqueadas. Como fazer eleição direta, se a Constituição não prevê e se o líder nas pesquisas é réu cinco vezes e projeta mais crises? E como fazer indireta, se a legitimidade do Congresso é questionada?
Assim, caso Temer não se segure, as discussões caminham para a solução constitucional da eleição pela Câmara e Senado, mas com uma peculiaridade (ou hedge): os nomes aventados não são de deputados e senadores, mas de grandes juristas, como Cármen Lúcia e Nelson Jobim, ou de economistas, como Henrique Meirelles.

O País, porém, não lucraria se Cármen Lúcia trocasse a toga pela vestimenta política para disputar a eleição indireta para presidente da República. O melhor para a estabilidade (e para a própria ministra) é ela se manter na presidência do Supremo, garantindo a Constituição, a legalidade, as instituições.

Quanto a Jobim, que se reuniu ontem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele teria duas grandes vantagens. Uma é que, além de jurista, é também político. Foi presidente do STF e deputado federal, inclusive na Constituinte de 1988. Outra é que foi ministro de FHC (Justiça) e de Lula (Defesa) e tem sólidos contatos no PSDB e no PT.

Mas será que Jobim, aos 71 anos, advogado muito bem-sucedido, aceita sair da zona de conforto e ir para o front numa guerra na qual, diferentemente do que se costuma dizer, entre mortos e feridos, ninguém se salva? O que o empurraria? Sensação de dever, vaidade, desafio?

Quanto a Meirelles, seu grande sonho é ser presidente do Brasil e talvez sua chance seja justamente numa eleição indireta, num grande acordo político. E ele, além de ministro de Temer, foi também presidente do BC de Lula. Mas prevalece que o melhor para estancar a crise econômica é mantê-lo na Fazenda. Assim como Cármen Lúcia é guardiã da Constituição, Meirelles é da retomada da economia e das reformas.

Um presidente só cai quando tudo está armado para o sucessor assumir e tocar o bonde. Fernando Collor só desabou depois que não só o Congresso, mas OAB, ABI, CNBB, Fiesp, Forças Armadas e academia endossaram o vice Itamar Franco. E Dilma enfrentou um longo processo de impeachment enquanto as forças políticas construíam a governabilidade para Temer.

Assim, o momento mais dramático para Temer foi a quarta-feira. Ontem, a certeza generalizada de que ele não tem mais condições de governabilidade foi salpicada com as dúvidas entre a versão da gravação e a gravação em si e também sobre o que acontece a partir de uma queda dele. A crise continua, mas com um debate mais complexo. O problema é que ela foi parar na rua, onde há de tudo, menos racionalidade.
Publicado no Portal Estadão em 19/05/2017

➤Conta na Suiça

JBS mantinha  R$ 300 milhões em propina do PT

Dinheiro era gerado por vantagens ilegais obtidas pela JBS no BNDES, 
durante as administrações de Lula e Dilma; recursos serviram para bancar despesas do ex-presidente e pagar laranjas indicados pelo partido


A JBS depositou cerca de R$ 300 milhões em propina devida ao PT numa conta secreta controlada por Joesley Batista na Suíça, cuja empresa de fachada, titular oficial da conta, era sediada no Panamá. O saldo dessa conta de propina era gerado aos poucos, em razão de vantagens ilegais obtidas pela JBS junto ao BNDES, sempre na gestão do PT – especialmente nos anos em que Luciano Coutinho presidia o banco. Era uma conta-corrente de propina dividida, nas planilhas da JBS, entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. As informações foram encaminhadas por Joesley à Procuradoria-Geral da República.


Segundo disse Joesley, o dinheiro era sacado, no Brasil, em nome de Lula e por ordem de Lula, às vezes por meio de Guido Mantega – e também em campanhas do PT em 2010 e 2014. Os recursos eram entregues em espécie, depositados em contas de laranjas indicados pelo partido e pelo ex-presidente e, também, transferidos oficialmente para contas oficiais de campanhas. Parte expressiva desse bolo foi usada para comprar o apoio de partidos pequenos na campanha de Dilma em 2014.

Revista ÉPOCA/Conteúdo

➤Resumo

Notícias do começo da manhã

Brasília continua em alerta para a turbulência política que balançou o Planalto e que parece estar longe de terminar. A expectativa de hoje é para a divulgação de mais trechos das delações dos donos do grupo JBS que já atingiram, por enquanto, o presidente Temer, o senador Aécio Neves e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. O sigilo dos documentos, incluindo vídeos e fotos, já foi retirado pelo ministro Fachin.

Gravação
Ontem à noite, veio a público a primeira gravação feita pelo empresário Joesley Batista. O dono da JBS diz a Temer que está 'segurando' dois juízes e explica como tenta driblar as investigações da Operação Lava Jato.

Blog do Camarotti
Temer disse ao blog do Camarotti que os 'áudios comprovam' que ele não comprou o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso. Também ao colunista, afirmou que sairá da crise 'o mais rápido que se pensa'. A fala foi depois do pronunciamento em que afirmou e repetiu: "Não renunciarei".

Nas ruas
Manifestantes protestaram em vários estados após o discurso em que Temer afirmou que não vai renunciar ao cargo.

Falta clareza
Ex-ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acreditam que, caso Temer deixe a Presidência, o Congresso terá que estipular as regras de uma eventual eleição indireta.

A escalada da JBS
Maior grupo privado do país, controlado por Joesley e Wesley Batista, nasceu como açougue no interior de Goiás. Fusão da JBS com Bertin marca início da aproximação entre Joesley e o doleiro Lúcio Funaro.

Operação suspeita
JBS teria comprado grande volume de dólares antes de vazamento de denúncia.

José Casado
Temer, político que atravessou mais da metade dos 71 anos escapando de armadilhas, acabou emboscado por um empresário de 45 anos que costuma ganhar suas jogadas.

Sobe e desce do mercado
A consequência imediata do noticiário político foi um espetacular tombo na bolsa no Brasil e uma enorme desvalorização do real frente ao dólar. E como o mercado continuará reagindo hoje?

Educação
Termina hoje, às 23h59, o prazo de inscrição na edição 2017 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O prazo não será prorrogado. A taxa subiu para R$ 82 e o boleto precisa ser pago até 24 de maio. No ano passado, foram 9,2 milhões de inscritos.

Eleições iranianas
O Irã vai às urnas em eleição presidencial decisiva para retomada de laços com o Ocidente. A disputa se divide entre o atual presidente, o moderado Hassan Rouhani, e o conservador Ebrahim Raisi. Assim como aconteceu recentemente nos EUA e em alguns países da Europa, a eleição está polarizada.

Trump no contra-ataque
Presidente dos EUA bombardeia a indicação de um promotor especial para investigar as ligações de sua campanha com a Rússia.

Saúde
Um novo estudo da Universidade Estadual do Colorado (CSU, sigla em inglês) descobriu que o Aedes aegypti consegue transmitir múltiplos vírus em uma única picada, como os da dengue, zika e chikungunya.

Previsão do tempo

Chove em quase todo país. Atenção para temporais em SP, RJ e MS. Tempo firma apenas no norte de MG, parte do ES e no interior do Nordeste.
Estadão/G1/FSP/Globo

➤BOM DIA!

Temer tenta adiar desfecho e renúncia pode ser inevitável

Vera Magalhães

O pronunciamento do presidente Michel Temer foi uma tentativa de ganhar tempo, mas o tom taxativo que ele tentou empregar à fala não eliminou a falta de sustentação política instantânea que atingiu o governo depois da revelação das primeiras informações das delações de Joesley Batista e demais colaboradores do grupo JBS.

Temer apostou na divulgação dos áudios da conversa gravada por Joesley com ele para tentar negar que tenha avalizado o pagamento de mesada a Eduardo Cunha ou indicado o deputado e ex-assessor Rodrigo Rocha Loures como intermediário para a negociação de interesses da holding mediante pagamento de propina.

De fato, a transcrição do áudio é menos literal do que o divulgado inicialmente quanto ao suposto aval de Temer ao pagamento para calar Cunha mesmo depois de preso.

A frase de Temer – “Tem de manter isso, viu?” – é dita depois de Joesley relatar que está se “dando bem” com Cunha. A má qualidade da gravação não permite afirmar com certeza que Temer sabia que se tratava de pagamento. A falta de um vídeo impede saber se houve algum gesto indicando pagamento e uma frase do peemedebista é inaudível.

Parte inferior do formulário
Ainda assim, o conjunto da conversa é gravíssimo e avassalador para o presidente. Ele ouve o empresário relatar crimes em série, como o pagamento de propina a um procurador da República para obstruir investigações, ou o “controle” de dois juízes com o mesmo fim, e nem sequer o admoesta. Também não toma providências posteriores. No mínimo, cometeu o crime de prevaricação.

Há que se analisar, ainda, o resto do conjunto probatório de posse do STF, no qual se baseou o ministro Edson Fachin para deferir a abertura de inquérito contra o presidente.

O flagrante de recebimento de propina por Rodrigo Rocha Loures depois de ter sido designado por Temer como interlocutor é igualmente letal para o presidente.

Temer adiou a renúncia, mas os desdobramentos da delação podem torná-la inexorável em poucas horas. Ele até pode refutar a literalidade das gravações, mas o derretimento político do governo não depende mais disso.
*Publicado no Portal Estadão em 19/05/2017