Santana e Mônica disseram que Dilma sabia do Caixa 2
Em depoimento prestado nesta segunda-feira, o marqueteiro
João Santana e sua mulher, a empresária Mônica Moura, disseram que a
ex-presidente Dilma Rousseff tinha conhecimento de caixa dois na campanha de
2014. Mônica Moura contou que, pelo teor das conversas que teve com a
ex-presidente, Dilma sabia da existência de recursos não contabilizados.
Santana foi mais taxativo que a mulher ao dizer que Dilma tinha sim
conhecimento de caixa dois. Ele fez as três últimas campanhas presidenciais do
PT: 2006, vencida por Lula, e 2010 e 2014, quando Dilma ganhou.
João Santana disse também que, em conversa com Dilma após
a eleição, ela perguntou se a conta Shellbill, usada pelo marqueteiro para
receber recursos no exterior, era segura, blindada contra investigações. Os
depoimentos fazem parte da ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode
levar à cassação da chapa vencedora da eleição presidencial de 2014. Como Dilma
sofreu o processo de impeachment no ano passado, a ação poderá, na prática,
fazer com que o atual presidente, Michel Temer, que era vice de Dilma, perca o
mandato.
Santana contou também que fez uma pesquisa qualitativa
com grupos de eleitores indicando que Temer não contribuiria tanto para a
campanha, por isso sua participação foi reduzida. Nessa pesquisa, havia
inclusive pessoas dizendo ter impressão de que Temer era adepto do satanismo.
Os depoimentos estão sob sigilo. Mas, assim como ocorreu
com as audiências de executivos da Odebrecht, parte do que foi falado se tornou
público, mesmo devendo ainda ser mantido o segredo. Isso levou o ministro
Herman Benjamin, relator da ação no TSE, a fazer uma reprimenda durante os
depoimentos desta segunda-feira, cobrando o compromisso de que eles ficassem
sob sigilo.
O depoimento foi prestado no Tribunal Regional Eleitoral
(TRE) da Bahia, com a presença do relator no local. Além de João Santana e
Mônica Moura, também foi ouvido André Santana, que trabalhava para o casal. Os
três firmaram um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal
(MPF), já homologado pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da
Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.
Agência Globo