Corpo do ministro é enterrado em Porto Alegre
O corpo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki foi
sepultado na tarde deste sábado (21) em um cemitério na Zona Leste de Porto
Alegre. Durante o dia, ocorreu o velório na sede do Tribunal Regional Federal
da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
Por volta das 7h20, o corpo de Teori chegou à Base Aérea
de Canoas,
na Região Metropolitana, e foi levado em cortejo até o tribunal, acompanhado
por familiares e também pela presidente do STF, Cármen Lúcia, que não falou com
a imprensa.
O velório teve início às 9h, mas apenas com a presença da
família, de amigos e de pessoas do meio jurídico mais próximas ao ministro. A
cerimônia só foi aberta ao público às 11h, mas a imprensa não teve a entrada
permitida.
Por volta das 15h40, o velório foi fechado para amigos e
familares e encerrado 20 minutos depois. Por volta das 16h50, começou o cortejo
fúnebre pelas ruas de Porto Alegre. Na saída do prédio do tribunal, populares
gritaram por "justiça". Em seguida, o cortejo seguiu para um
cemitério na Zona Leste da cidade, onde o corpo chegou às 17h20. Pouco mais de
uma hora depois ocorreu o sepultamento.
No início da tarde, o presidente
Michel Temer chegou ao velório acompanhado
dos ministros Alexandre de Moraes (Justiça), Eliseu Padilha (Casa Civil) e José
Serra (Relações Exteriores). "É uma perda lamentável para o país",
disse Temer, ao iniciar seu rápido pronunciamento.
O presidente afirmou que só indicará um nome para ocupar
a vaga de Teori no STF depois
que for indicado um novo relator para
os processos da Lava Jato na Corte. O ministro morto era o responsável pelos
processos da operação que envolvem políticos com foro privilegiado.
Na comitiva com Temer vieram também os ministros Mendonça Filho (Educação) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário),
além do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia, e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O juiz da Lava Jato na primeira instância, Sérgio
Moro, disse que foi prestar uma homenagem a
Teori, que era o relator dos processos da operação no STF.
"Acredito que, pela qualidade, relevância e
importância pelos serviços que ele prestava, e a situação difícil desses
processos, pela importância desses processos, ele foi um verdadeiro
herói", afirmou Moro, que teve seu breve pronunciamento interrompido em
função de problemas no microfone, e deixou a sala de imprensa sem responder
perguntas.
Colega de Teori no STF, o também ministro Dias
Toffoli deu uma rápida declaração, dizendo que a morte do jurista foi
"uma perda para a nação brasileira".
"A serenidade do ministro Teori Zavascki, a
simplicidade dele, a humildade dele... marcará para sempre a Justiça
brasileira. E nós tivemos a oportunidade de desfrutar da amizade pessoal com
sua excelência, uma perda pessoal que nos abala e que estamos ainda sofrendo
muito com essa passagem do ministro Teori. Não poderia deixar de vir aqui, dar
um beijo nesse grande amigo“, comentou o ministro, bastante emocionado.
Já o ministro Edson Fachin observou que perde um amigo e
colega da profissão. O magistrado se negou a responder perguntas de jornalistas
sobre o andamento dos processos da Lava Jato e a escolha de um novo ministro.
"É momento de prestar respeito e ao mesmo tempo enaltecer a figura do
Teori."
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Claudio Lamachia, também compareceu no velório e disse que a escolha do novo
ministro deve ser fiscalizada. "Todos sabemos que escolha tem um tempo é
não é um tempo curto. O ministro nomeado será sabatinado por pessoas
investigadas por essa operação. O processo deve ser absolutamente
transparente."
Lamachia defendeu a distribuição dos processos da Lava
Jato entre os outros ministros. "Nós temos que refletir sobre a
continuidade momentânea dessas coletas de depoimentos de testemunhas. Poderia
se pensar que a própria ministra cumprisse etapa no processo de homologação ou
não das delações premiadas."
Além de Cármen Lúcia e Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo
Lewandowski estiveram em Porto
Alegre para o velório de
Teori Zavascki, mas sem falar com a imprensa. O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, também marcou presença.
Agência Globo/Fotos RBS;Reprodução