O pacote é bom ou não?
Parece que hoje, a partir das 14 horas, começa a votação
do pacote de medidas encaminhadas pelo governador José Ivo Sartori, para que os
deputados decidam sobre o futuro do Rio Grande do Sul. Há mobilizações de todos
os lados, tanto que a segurança está sendo reforçada para impedir
manifestações na Praça da Matriz, principalmente de quem é contra o pacote de medidas.
No Palácio Piratini, desde cedo, lideranças do governo
traçam estratégias para convencer quem ainda não se convenceu, de que o pacote
deve ser aprovado, ainda mais com a votação prevista na Câmara dos Deputados
exigindo o cumprimento de alguns itens para que o governo federal facilite o
pagamento da dívida do Estado com a União.
Do lado de fora, funcionários, alguns em greve (?) não
querem que as medidas sejam aprovadas e culpam o atual governo pelo descalabro
nas finanças estaduais, especificamente sobre o parcelamento dos salários.
Sem estar em nenhum dos lados, mesmo tendo minhas
convicções sobre a votação de hoje, fico pensando se já não é hora de acabar
com a velha, surrada e desgastada prática do quanto pior melhor. Quem é da
oposição, fica torcendo para que a situação se de mal e vice versa. Ninguém, na
hora de pensar em buscar o poder, pensa no Rio Grande do Sul como um todo.
Se alguém afirmar que é favorável ao desemprego de
funcionários, certamente será execrado, xingado ou coisa pior. Se disser que é
contra, receberá o mesmo tratamento da outra parte.
Tenho tido o cuidado de ouvir os dois lados, o governador
e os funcionários. Tenho analisado as dificuldades de cada um. Mas não consigo
ficar sem pensar na maioria, na imensa maioria de gaúchos que não são funcionários
públicos, que não votaram no Sartori e que precisam de um Estado melhor.
Pensando no pedido de extinção de órgãos públicos,
imediatamente sou obrigado a lembrar dos mais de mil funcionários que podem
perder o emprego. Mas não consigo deixar de pensar o quanto a população é mal
atendida quando precisa, com urgência ou não, de algum servidor de um dos
órgãos ameaçados. Não me refiro à maioria, mas não posso ser complacente com
quem recebe do governo, que tem salários pagos com o dinheiro dos impostos
pagos por todos nós e que acha que só deve trabalhar quando bem entender. E os
exemplos não são poucos.
Também não posso negar que em todas as fundações e
companhias que fazem parte do pacote, existem bons funcionários, gente que quer
trabalhar, que trabalha e que, muitas vezes, é discriminado por quem está no
serviço público tão somente para fazer política partidária ou, o que é pior,
não contribuir em nada com o desenvolvimento do órgão que garante o sustento de
sua família.
Na hora em que sentem a coisa apertar, fazem campanhas,
esperneiam, gritam, pedem apoio, falam da importância de seu trabalho e tudo
mais. Quando a tormenta passa, tudo volta ao normal. Esquecem que recebem para
trabalhar, que são empregados do governo e não do governador, que devem
trabalhar para todos os partidos que elegerem governantes para o Estado e não
somente para o “seu governador”. As fundações e companhias estaduais são de todo
o Rio Grande, com funcionários pagos pelos cofres públicos, mantidas com o
dinheiro do contribuinte e não devem ser confundidas com espaços para
movimentos de grupos contra ou a favor do governo. Querem protestar, primeiro
trabalhem, depois protestem. Se todos pegarem juntos, sempre, as coisas terão
outro destino.
Lamentavelmente, em algumas repartições públicas, muitos
esquecem que estão
recebendo para cumprir uma função que resulte em algum benefício para quem lhes
paga, ou seja, o contribuinte.
Afirmar, neste momento,
que o pacote é bom ou ruim, é estar ao lado de um ou de outro quando,
sem nenhuma dúvida, o melhor de tudo é estar ao lado do Rio Grande do Sul.
Tenham todos um Bom Dia!