Atuação em favor
da Odebrecht
A delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho
relata a atuação dos presidentes das duas Casas do Congresso em favor da
empreiteira. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), respectivamente, presidente da Câmara e do Senado, são citados na
proposta de delação enviada à Procuradoria.
Maia aparece atrelado a pagamentos indevidos por atuação
em favor da empresa na aprovação de uma medida provisória. Já Calheiros seria
um dos interlocutores da empresa no Senado e teria recebido para legislar a
favor da Odebrecht. As citações estão no anexo entregue por Melo Filho no
âmbito das tratativas do acordo de delação.
Apelidado de “Justiça” no chamado departamento de propina
da Odebrecht, Calheiros é dono de um capítulo específico na delação de Melo
Filho. O ex-executivo narra ter conhecido o peemedebista em maio de 2005,
quando foi solicitar uma reunião com o presidente de Angola em uma audiência.
Além de relatar pagamentos diretos ao senador, o executivo conta como os
negócios com o senador eram intermediados por Romero Jucá (PMDB-RR), que
centralizava as tratativas entre os alguns senadores do PMDB e a empresa.
Melo Filho diz que, em 2010, houve uma primeira
contribuição financeira para Calheiros efetuadas, segundo uma planilha entregue
pela empresa, em duas parcelas de R$ 250 mil em agosto e setembro
daquele ano.
Em outra ocasião, no ano de 2014, conta o ex-executivo,
em um reunião entre ele e Calheiros, em um determinado momento, o senador disse
que seu filho seria candidato ao governo de Alagoas e “pediu que verificasse se
a empresa poderia contribuir”. Para o delator, o pedido deu-se em momento de
edição de uma MP de interesse da Odebrecht e “esses pagamentos, caso não fossem
realizados, poderiam vir a prejudicar a empresa de alguma forma.” Após relatar
o receio em não efetuar os pagamentos, o executivo elenca os repasses da
Braskem de R$ 320 mil e de R$ 1,2 milhão da Odebrecht para
a campanha de Renan Filho (PMDB). Segundo eles, os pagamentos estariam
atrelados à atuação do senador na aprovação das medidas provisórias.
“Participei da realização de pagamentos de campanha ao
grupo político do Senador Renan Calheiros que giram em torno de R$ 22
milhões de reais.”
Botafogo. Segundo Melo Filho, em relação a Maia,
apelidado de “Botafogo”, foi acordado o pagamento de R$ 7 milhões para
diversos políticos para facilitar a tramitação de uma MP de interesse da
Odebrecht.
Segundo o ex-executivo, na fase final da aprovação da MP,
Maia o procurou para pedir apoio no pagamento de pendências da campanha para a
prefeitura do Rio, em 2012. “Solicitou-me uma contribuição e decidi contribuir
com o valor aproximado de R$ 100 mil,que foi pago no início do mês de
outubro de 2013. Referido parlamentar era visto por mim como ponto de
interlocução dentro da Câmara dos Deputados na defesa dos interesses da
empresa.”
Agência Estado