Morrendo de medo
da Odebrecht
Interessante
como as coisas acontecem na política brasileira. Os que mais se agridem e
ofendem no plenário, são os que mais estão abraçados na hora de defenderem a
manutenção de seus privilégios. Na Câmara e no Senado funciona tudo bem
afinadinho. Mexeu com um, mexeu com todos.
Tanto é verdade
que bastou circular a notícia de que os delatores da Odebrecht estavam
assinando seus depoimentos para que uma correria geral tomasse conta do
Congresso. Claro que os congressistas dizem que não, que tudo é questão de
acordo de bancadas e que, coincidentemente, acontecerá agora, antes que as
delações sejam ratificadas pelo STF.
Ontem a comissão
especial da Câmara aprovou o texto do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS), por
unanimidade, incluindo a penalização para a prática de caixa 2, algo
absolutamente incorporado a campanhas eleitorais no Brasil.
Imediatamente
após a aprovação, líderes de todos os partidos, menos da Rede e do Psol,
decidiram que tentarão derrubar o texto e aprovar um projeto substitutivo no
plenário. Numa clara demonstração de corporativismo, deputados e senadores
incluirão no novo texto, duas medidas de seu mais alto interesse: a anistia à
prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e a previsão de punir magistrados e
integrantes do Ministério Público por crime de responsabilidade.
O vice-líder do
PT, deputado Vicente Cândido, afirmou categoricamente que “vamos votar um
substitutivo que muda bastante o conteúdo do texto, muda quase tudo, cerca de
70%”. Ele disse que há um acordo para que o texto siga “de imediato” para o
Senado e logo para o presidente Michel Temer sancionar.
E os deputados,
na maior cara de pau, negam que exista pressa por conta da expectativa da
homologação das delações de executivos da Odebrecht. Alegam que Onyx descumpriu acordo de lideranças e
votou um texto diferente do que foi acertado com as bancadas.
Para o
presidente Rodrigo Maia, não haverá anistia aos políticos que praticaram caixa
2 já que, como o crime passará a ser tipificado somente após a aprovação da
proposta, não há como punir quem praticou caixa 2 em campanhas passadas.
Mas não é uma joia
de declaração? Quem praticou caixa 2 não será anistiado, somente não será
punido, ou seja, quem está denunciado na Lava Jato por receber milhões,
normalmente dinheiro vindo de propinas, para fazer campanhas, não cometeu crime
algum.
Dizem que, pelas
delações que começam a ser assinadas pelos representantes da Odebrecht, mais de
200 políticos estão denunciados por recebimento de ‘ajuda’ financeira por parte
da empreiteira. E o dinheiro saiu de onde? Da corrupção!
Os ‘anjinhos’
juram de pé juntos que nunca mais aceitarão caixa 2, mas não querem nem ouvir
falar no dinheiro que saiu do nosso bolso, dos cofres do Brasil, para irrigar
campanhas milionárias. E o pior, querem punir quem luta para acabar com esta
prática nojenta!
E eu que, inocentemente,
tive esperanças de que tudo estava
mudando no Brasil.
Renan e
companhia tanto fizeram que conseguiram frear a Lava Jato, uma ameaça constante
e clara aos corruptos, ladrões do dinheiro público, políticos profissionais que
enriqueceram a custa de propinas e da falência de empresas gigantes como a
Petrobras.
O Brasil,
parece, não tem mais jeito mesmo!
Tenham todos um
Bom Dia!