Um parque para os criminosos
Mais uma vez tivemos um final de semana manchado pelo
sangue de alguém que só queria um espaço para curtir a vida, para ser feliz,
para passear e se divertir. Lamentavelmente escolheu, como milhares de pessoas,
os caminhos perigosos do Parque Farroupilha, a Redenção.
O jovem vendedor que morava em Canoas, caminhava ao lado
da irmã de uma amiga e um amigo, para chegar até a moto que lhe levaria de
volta para casa. Na segunda-feira, certamente visitaria seus filhos de dois e
quatro anos, antes de sair para cumprir sua jornada de vendedor de massas na
Região Metropolitana.
Nos perigosos caminhos da Redenção, o grupo foi abordado
por dois marginais armados de faca que exigiram dinheiro e celular. Quando um
deles decidiu ser violento contra a irmã do vendedor Luiz Fernando Schilling,
ele reagiu. Levou uma facada certeira no peito. Certeira e fatal.
Os dois marginais, convictos de que a impunidade é comum
e que a Redenção é área livre para assaltos, atividades sexuais e toda a
espécie de irregularidades, voltaram ao parque na manhã do feriado e, mais uma
vez, armados com a mesma faca que matou Luiz Fernando, assaltaram um homem que
entregou os R$ 200 que tinha no bolso. Saíram caminhando tranquilamente, quem
sabe preparando um novo assalto para mais tarde, quando foram presos pela
Brigada Militar sobre o viaduto da Avenida João Pessoa. A tarde foram
reconhecidos pela irmã do vendedor morto por eles.
Alexandre Vieira, de 23 anos, e Anderson Roque, de 20,
têm extensa ficha criminal, entre outros, por crimes de roubo, assalto e
tráfico de drogas. Estão presos, só não se sabe até quando.
Não é a primeira vez e dificilmente será a última em que
seremos abalados pela notícia de um assalto com morte no Parque Farroupilha.
Ali os marginais se misturam com famílias, crianças, jovens, idosos e praticam
assaltos, roubos, consomem drogas, livremente. A Redenção é um espaço aberto
para a marginalidade conviver com pessoas de bem. Assaltam, matam e saem
livremente. Depois, voltam para matar novamente.
Agora, mais uma vez, embora timidamente, se discute o
cercamento da Redenção. Mesmo que cercar seja um verbo condenado pelos que
pregam a liberdade de ir e vir, que entendem que o Parque Farroupilha, assim
como tantos outros, devem ser abertos para o público, inclusive durante a noite,
existem os que pensam, sim, em cercar a Redenção. Estes, quem sabe, estão mais
preocupados com a segurança de quem busca a Redenção para momentos de lazer e
nem se preocupam se, esteticamente, grades em torno do parque seriam
desagradáveis.
Se fossem, os grandes prédios da cidade, em sua maioria,
não seriam cercados ou protegidos por muros que garantem um mínimo de
segurança. Nem cidades do considerado Primeiro Mundo como Londres, Madri,
Paris, Tóquio e outras, teriam seus parques cercados.
Não bastassem todos os argumentos já apresentados e
discutidos, fico com a declaração do delegado Abílio Pereira, da 10ª Delegacia,
sobre o cercamento da Redenção:
- O certo seria cercar o parque, como em qualquer cidade
civilizada do mundo, já que delitos acontecem lá todos os dias.
Enquanto não cercarem a Redenção, ela continuará sendo um
parque para os criminosos!
Tenham todos um Bom Dia!