sábado, 22 de outubro de 2016

Contas no vermelho

‘Bomba fiscal’ aguarda novas administrações

Passado o segundo turno das eleições, a situação financeira das prefeituras virá à tona. De 3.155 municípios que informaram o quadro de suas finanças ao Tesouro Nacional, 2.442, ou 77,4%, já estão com as contas no vermelho, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). E a situação vai piorar até o fim do ano, com a contínua queda da arrecadação, deixando a bomba fiscal para a próxima administração.

Ao contrário dos governadores, que alardearam nos últimos meses a crise sem precedentes nos seus cofres para ganhar mais dinheiro do governo federal, as prefeituras empurraram os problemas para debaixo do tapete durante a campanha eleitoral – não é exatamente um trunfo eleitoral mostrar que as finanças estão descontroladas.

Os futuros prefeitos, que vão herdar o rombo – no caso dos reeleitos, deles mesmos –, fizeram uma romaria nos últimos dias pelos gabinetes do Congresso em busca de dinheiro para 2017. Mas, com o teto de gastos já aplicado ao Orçamento federal do ano que vem, se depararam com uma grande dificuldade em emplacar seus pedidos de emendas aos deputados e senadores.

As informações prestadas pelos municípios ao Tesouro não são obrigatórias. Por isso, boa parte dos 5.570 prefeitos não as enviam. Mesmo assim, o levantamento representa o retrato mais amplo disponível sobre as finanças das prefeituras. Ao analisar por Estados, todos os municípios do Amazonas e do Rio que divulgaram as informações estão no negativo. Em São Paulo, 402 prefeituras registram déficit. No Rio Grande do Sul, o quadro não é muito diferente, com 371 cidades nessa situação.
Agência Estado

BOA NOITE!


Diana Ross (Detroit, 26 de março de 1944) cantora americana de soul, Jazz, R&B e pop,  uma das  mais famosas de seu tempo. Estima-se que as vendas de seus discos e álbuns já ultrapassaram a marca de 100 milhões de cópias. É uma cantora de voz incrível que agrada à milhões de fãs no mundo.

Ross atingiu o topo das paradas de sucesso por duas vezes em 1976, com ‘’Theme From Mahogany (Do You Know Where You're Going To)’’ e ‘’Love Hangover’’.


Cheia nas ilhas

Água tira moradores de casa

Foto: clicRBS/Reprodução
Barracas improvisadas com lonas oferecidas pela Defesa Civil, servem de refúgio para moradores das ilhas do Pavão, Grande dos Marinheiros e Pintada, invadidas pelas águas do Guaíba cujo nível atingiu 2,65 metros na manhã de hoje. O Centro Integrado de Comando da Capital, adverte que muita água deverá chegar ao Guaíba, vinda da Lagoa dos patos.

Na Ilha do Pavão, completamente alagada, desde quinta-feira as famílias ocupam barracas montadas na beira da estrada. Nas casas, a água atinge a altura da cintura dos moradores que lamentam conviver com o problema todos os anos.

A água bloqueou a entrada da Ilha da Pintada onde os moradores se utilizam de barcos para atravessar e chegar até as barracas improvisadas. Já na Ilha Grande dos Marinheiros, pessoas foram obrigados a recorrer a amigos para passar a noite.

-Quando a enchente vem, ela vem com tudo e de uns anos para cá vem piorando, relatou Cepervilho de Campos que não conseguiu “pegar nada” e que está “só com a roupa do corpo”.

Tentando auxiliar para que a situação seja normalizada, a Defesa Civil organizou um mutirão e destacou nove equipes que, distribuídas pelo Estado, auxiliam prefeituras organizando abrigos, entregando material de ajuda humanitária e orientando na elaboração de decretos de Situação de Emergência.

Propina do petrolão

Delator detalha como e onde Renan recebia


O encontro era quase sempre marcado em um hotel discreto no Rio de Janeiro. Uma funcionária do Senado aparecia no horário combinado, identificava-se por meio de uma senha previamente acertada e recebia a coisa — às vezes em envelopes, às vezes em bolsas, quase sempre em malas cheias, conforme o valor da propina acertado para o dia. Valores que variavam de 250 000 a 1 milhão de reais. Era assim, sem nenhuma sofisticação, que parte do dinheiro desviado da Petrobras chegava às mãos do senador Renan Calheiros, presidente do Congresso. Transações que somaram milhões de reais se repetiram por mais de uma década sem que ninguém suspeitasse, financiaram campanhas políticas do PMDB e, agora, fornecem pistas sobre a origem da fortuna acumulada pelo presidente do Congresso. São esses detalhes, contados por um dos delatores da Lava-Jato em depoimentos sigilosos prestados à Procuradoria-Geral da República, que podem levar Renan a percorrer uma trilha semelhante à de Eduardo Cunha.
A reportagem na íntegra, está na edição desta semana de VEJA 

Operação Lava jato

Ex-prefeito de Campinas e Delúbio Soares viram réus


O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, aceitou nesta sexta-feira a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra o ex-prefeito de Campinas Hélio de Oliveira Santos, conhecido como Doutor Hélio (PDT), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o empresário Natalino Bertin e outros três acusados pela força-tarefa da Lava Jato por lavagem de dinheiro.  Os crimes teriam sido cometidos na distribuição a campanhas políticas de parte do empréstimo de 12 milhões de reais feito em 2004 pelo Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, que nunca foi pago e acabou compensado por um contrato bilionário da empreiteira Schahin com a Petrobras.

Ao receber a denúncia do MPF, o magistrado disse haver provas de que os seis acusados cometeram o crime. Na denúncia oferecida a Moro, os procuradores da Lava Jato descreveram, com base no rastreamento bancário dos denunciados, como se distribuiu metade do valor do empréstimo milionário.

A pedido do PT, segundo a denúncia, o frigorífico Bertin recebeu os valores do Banco Schahin e pagou 95.000 reais à King Graf, fornecedora da campanha do PT em Campinas em 2004, 3,9 milhões de reais à NDEC Núcleo de Desenvolvimento de Comunicação e à Omny Par Empreendimentos e Consultoria, prestadoras de serviços da campanha de Doutor Hélio naquele ano, e 150.000 reais ao escritório Castellar Modesto Guimarães Filho, para bancar a defesa do empresário e lobista Laerte de Arruda Corrêa Júnior, já falecido.

Além de Hélio, Delúbio e Bertin, também viraram réus os publicitários Armando Peralta Barbosa e Giovani Favieri, donos da NDEC e da Omny, e o ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin. Segundo o Ministério Público Federal, Barbosa, Favieri, Tordin e o ex-tesoureiro do PT participaram de reuniões para discutir o empréstimo fraudulento a Bumlai, já condenado a nove anos e dez meses de prisão na Lava Jato.

Esta é a segunda ação penal aberta por Sergio Moro contra Delúbio Soares na Lava Jato por lavagem de dinheiro. Condenado a seis anos e oito meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, Delúbio é réu no processo que apura a distribuição dos outros seis milhões de reais do empréstimo do Schahin ao empresário Ronan Maria Pinto por meio de empresas do operador do mensalão, Marcos Valério.

Doutor Hélio teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Campinas em 2011, acusado de omissão diante da corrupção na companhia municipal Sanasa, negligência na defesa do bem público na aprovação de loteamentos irregulares e procedimento incompatível com o cargo na aprovação da instalação de antenas de telefonia celular na cidade.

Embora enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Hélio voltou a se candidatar à prefeitura de Campinas nas eleições municipais deste ano. Teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e recorreu da decisão, o que garantiu seu nome na urna eletrônica. Os 27.915 votos que recebeu foram anulados pela Justiça Eleitoral.

Portal Revista VEJA

Escutas

Senado gastou R$ 400 mil em aparelhos

Em uma ação de enorme repercussão política, a Polícia Federal, obedecendo ordens de um juiz, prendeu quatro integrantes da polícia legislativa que obedeciam ordens do presidente do senado, acusados de atrapalhar investigações da Operação Lava Jato.

O impacto político do que aconteceu é bastante claro: o juiz que mando prender integrantes da Polícia Legislativa os acusa de terem formado uma associação criminosa que foi usada por parlamentares para, de alguma maneira, se proteger de investigações da Lava Jato.

O mundo político ficou em silêncio. Quem apareceu no Congresso não quis gravar entrevista. A equipe da TV Globo teve acesso ao inquérito que deu origem à operação, que só começou porque dois policiais que não aceitaram cumprir a determinação de fazer as varreduras de escutas ambientais decidiram contar o que sabiam para a força-tarefa da Lava Jato. Eles citaram os lugares onde esse trabalho foi feito dentro e fora do Congresso e de Brasília.

Também que foi depois que os senadores passaram a ser investigados na Lava Jato, no ano passado,  que o Senado comprou equipamentos de última geração para varrer escutas e também para fazer interceptações. Um gasto de mais de R$ 400 mil.

O ministro da justiça deu os limites da operação. "O que está sendo investigado é o desvio de finalidade de quatro integrantes da polícia do Senado Federal que teriam utilizado as próprias atribuições da polícia do Senado Federal com a finalidade, em tese, uma finalidade ilícita. Qual? A obstrução a uma investigação da Lava Jato", declara Alexandre de Moraes.

Segundo o MP, os policiais presos tinham plena consciência da ilicitude de seus atos e ainda foram avisados pelo setor jurídico da polícia do Senado "que isso poderia interferir em investigações".

O juiz federal que autorizou a operação, Vallisney de Souza Oliveira, afirmou que os fatos são "gravíssimos" e que as prisões eram necessárias para paralisar condutas criminosas.


Em nota, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que a polícia legislativa exerce suas atividades dentro do que preceitua a constituição, as leis e o regulamento do Senado, e que atividades como a varredura de escutas ambientais restringem-se a detecção de grampos ilegais, sendo impossível diagnosticar quaisquer outros tipos de monitoramento feito pelas empresas de telefonia. Afirmou ainda que as instituições devem guardar os limites de suas atribuições legais e que a independência dos poderes, as garantias individuais e coletivas, liberdade de expressão e presunção de inocência precisam ser reiterados. 

O senador Fernando Collor, do PTC, negou ter se beneficiado de qualquer ação da polícia do Senado que não fosse dentro das funções institucionais.

A senadora Gleisi Hoffmann, do PT, disse que pediu varreduras em suas residências logo após operação de busca e apreensão da Polícia Federal, quando o marido dela, Paulo Bernardo, foi preso. Segundo Gleisi, tudo foi feito de acordo com as normas do Senado.

A defesa de Lobão Filho, do PMDB, confirmou que foram feitas varreduras no gabinete dele,  mas disse que o objetivo era saber se existia alguma  escuta ilegal, sem nenhuma relação com suposta obstrução à Lava Jato.

A defesa do ex-senador José Sarney, do PMDB, disse que ele ficou perplexo com a acusação, porque como ex-senador não usa mais os serviços da Polícia Legislativa.

Fonte: Portal G1

OPINIÃO

Lava Jato não requer privilégios*

É necessário preservar as condições para que a Operação Lava Jato possa levar a bom termo os seus trabalhos. Como amplamente reconhecido pela sociedade, a operação tem prestado um relevante serviço no combate à impunidade e seria enorme retrocesso impedir ou, ao menos, dificultar o avanço das investigações.
O reconhecimento das inúmeras qualidades da Lava Jato, porém, não implica conferir ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF) uma infalibilidade que, por certo, não possuem. É preciso reconhecer que nem sempre seus interesses corporativos expressam com exatidão o interesse público.

Promovido pelo MPF e atualmente em análise pela Câmara dos Deputados, o conjunto das dez medidas anticorrupção pode, sem dúvida, contribuir para o combate à impunidade. Há, porém, pontos do projeto que merecem reparos. Nem tudo o que lá está proposto é bom para o País, ainda que o MPF diga que as medidas são absolutamente necessárias, como se o desacordo com alguma delas fosse sinônimo de conivência com a corrupção.

Entre as dez propostas anticorrupção estão “ajustes nas nulidades penais”. Nesse tópico, inclui-se, por exemplo, a não exclusão, em determinados casos, da prova ilícita. O MPF pretende que provas ilícitas obtidas por boa-fé sejam aproveitadas no processo judicial. Ora, especialmente nessa área, é muito oportuno que as palavras não sejam relativizadas. Caso contrário, as garantias individuais acabam também sendo relativizadas.

Prova ilícita é prova ilícita, por mais boa-fé que tenha havido em sua produção. A boa-fé não apaga eventual ilicitude e não se combate o crime estimulando outro crime. Alguém duvida que a utilização de prova ilícita – “em alguns casos”, “sob determinadas circunstâncias” – não será um incentivo à produção de mais provas ilícitas, violando direitos que devem ser invioláveis?

É, portanto, sensata a posição do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), relator do projeto das dez medidas anticorrupção na Câmara, de analisar detidamente cada uma das propostas. Além da questão da prova ilícita, Lorenzoni estuda possíveis alterações na restrição à concessão de habeas corpus, na possibilidade de prisão preventiva para recuperar recursos desviados e no chamado teste de integridade para servidor público – “simulação de situações, sem o conhecimento do agente público ou empregado, com o objetivo de testar sua conduta moral e predisposição para cometer crimes contra a Administração Pública”. Manifestamente abusivo, esse teste inverte o papel do Estado, atuando como se fosse o corruptor.

Também merece ir adiante, à revelia dos interesses corporativos do MPF e da PF, o projeto da nova Lei de Abuso de Autoridade. A legislação em vigor é de 1965. Além de ultrapassada, é genérica e pouco eficaz. Os críticos do projeto sustentam que sua aprovação inibiria os trabalhos da Lava Jato.

Ora, o projeto foi apresentado em 2009, muito antes, portanto, do início da operação. Ele é resultado das observações de um grupo de trabalho formado por integrantes do Supremo Tribunal Federal, do Legislativo e do Executivo. Na ocasião, a iniciativa foi vista como parte de um novo “pacto republicano” para tornar a Justiça mais ágil, acessível e condizente com a proteção aos direitos fundamentais, conforme previsto na Constituição.

É uma péssima defesa da Lava Jato sustentar que ela necessita de certa margem de tolerância com o abuso de autoridade. Quem assim atua desconhece o principal mérito da operação: mostrar e fazer valer que a lei é para todos, também para quem – por sua riqueza, seu poder ou sua popularidade – se achava imune à ordem legal.

É, portanto, muito oportuna uma lei que reforce a necessária submissão de todas as autoridades à lei, com a previsão de consequências concretas no caso de violação dos limites legais.

Um ordenamento jurídico equilibrado é condição, e não empecilho, para combater a corrupção.

*Publicado no Portal Estadão em 22/10/2016