domingo, 4 de setembro de 2016

CRÔNICA

O TOQUE


Paulo Motta

Não, não me refiro ao toque de recolher e nem a algum filme do Godard. Falo sobre o exame de toque, aquele, sabem? 

Aos 50 anos resolvi que era a hora de me submeter ao famigerado exame de toque, prevenção do câncer da próstata. Tenho histórico familiar, por isso mais cuidado ainda. 

Minha bisavó Etelvina, morreu de câncer na próstata, naqueles tempos algumas mulheres nasciam com próstata e bigode.

Procura daqui, escolhe dali, finalmente achei uma urologista feminina,mulher, uma dama. 

No dia agendado lá estava eu, na sala de espera do consultório, escutando Paul Mauriat e folheando uma Fatos & Fotos amarelada pelo tempo.

Confesso que estava nervoso como anão em comício, mas tentando fingir naturalidade, apesar de ser o centro das atenções por estar roendo as unhas do velhote que sentava ao meu lado.
 
Minha vez, coração batendo mais forte como se fosse o primeiro encontro com a namoradinha adolescente, com a terrível diferença que a minha primeira namorada nem me beijou, imagina uma coisa mais ousada.

Sentei-me e a médica conversou calmamente, perguntou-me sobre amenidades, se eu gostava de ornitorrincos, qual a minha bebida predileta e se eu bebia.
 Quando eu respondi que sim, que bebia, ela perguntou-me desde quando, e respondi: desde que acordo.

Ela achou uma gracinha a minha resposta e eu resolvi não dizer que estava falando sério.

Minha atenção prendia-se nos dedos da doutora médica, que iria me invadir com um daqueles dez dedos finos e pontiagudos, em seguidinha.
 
Vesti o avental de bunda de fora e deitei-me de lado para a incômoda invasão.
 Mas não foi tão horripilante, não. Me vesti, cumprimentei a senhora médica e saí exultante, feliz, convicto! Quase gritei quando cheguei na rua: Fiz e não gostei, ouviram seus bostas! 

Achei uma coisa muito ruim, só faço de novo por obrigação! E me fui contar a boa nova a todos. Liguei pro meu filho, o Lobo, que o exame estava consumado e eu não tinha nada na próstata além da própria próstata! E que nem passava pela minha cabecinha oca pedir uma segunda ou terceira opinião médica!

E não me venham com essa história de que hoje é possível fazer esse exame por outro método que não é verdade. O mais seguro é o do dedão. Só cuidem pra não pegar um médico com dedos de parafuso de patrola, observem bem, certo?

Boa semana pra todos, e não esqueçam: álcool gel em casa de bêbado é patê!

BOA NOITE!

Os Cariocas,  conjunto vocal criado por Ismael Neto em 1942, cujo repertório foi a música popular brasileira (MP) sempre se destacou por um vocal invejável e músicos de primeira linha.

Em 1962, participaram do show "O encontro", na boate carioca Au Bon Gourmet, ao lado de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, os músicos Milton Banana (bateria) e Otávio Bailly (baixo). As músicas mais simbólicas da Bossa Nova foram apresentadas, entre elas: Samba do avião, Samba de uma nota só, Corcovado, Garota de Ipanema e outras.

A última formação do grupo teve Severino Filho (pai da atriz Lúcia Veríssimo), Eloi Vicente, Neil Carlos Teixeira e Fabio Luna

De Tom Jobim, com Os Cariocas, Samba do avião



FUTEBOL

18ª e 19ª RODADAS

Sábado - 03/09
16h 
Fluminense 3 X 2 Figueirense - Edson Passos

Domingo - 04/09
16h
Botafogo 2 X 1 Grêmio - Luso Brasileiro

Renato Duque

Encontro com Lula e Vaccari


Renato Duque (na foto, à esquerda) contou em sua delação — que, a propósito, vai muito bem, obrigado — que teve um encontro com Lula no hangar da TAM, em São Paulo, após as primeiras fases da Lava-Jato.

Da conversa, participou também João Vaccari (na foto, à direita), o tesoureiro do PT.

Lula estava preocupado sobre a possibilidade de existir algum risco de aparecer uma conta de Duque no exterior.
Na ocasião, Duque tranquilizou Lula. Mas a conta, resultado de propinas, acabou sendo encontrada pelos investigadores.
Fonte: O Globo

Presidente Temer

'Depredação é delito, não é manifestação'

Foto: G1/Reprodução
O presidente da República, Michel Temer, voltou a falar neste domingo, em sua viagem à China, sobre atos de vandalismo registrados na onda de manifestações que tem se espalhado nos últimos dias por cidades brasileiras para protestar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e contra o governo do peemedebista. Em uma entrevista coletiva, Temer afirmou que, na opinião dele, "depredação é delito, não é manifestação".

Na véspera, em outra entrevista, o peemedebista tentou minimizar as manifestações contra sua gestão, atribuindo os protestos a "grupos pequenos e a depredadores". Na ocasião, ele também disse que os atos dos últimos dias não foram "democráticos".

Neste domingo, o novo chefe do Executivo federal afirmou que, para ele, o movimento de junho de 2013, no qual milhões de brasileiros saíram às ruas do país para reivindicar, entre outros pontos, a melhoria dos serviços públicos, "naufragou" em razão dos "depredadores".

"Ontem (3) eu disse que uma coisa é a manifestação democrática, que é importantíssima. [...] O movimento de junho de 2013 naufragou por causa dos depredadores. Quando começaram a depredar, o movimento ficou paralisado", destacou Temer aos jornalistas na China, onde está nos últimos três dias para participar de encontro de cúpula dos países do G20.

"O povo brasileiro não é afeito à depredação, e nem a ordem jurídica permite a depredação. A depredação é delito, não é manifestação", complementou.
Os protestos contra Temer que eram pontuais nos últimos meses, se intensificaram desde que o Senado decidiu afastar definitivamente Dilma Rousseff da Presidência da República. Na última sexta-feira (2), manifestantes contrários a Temer voltaram a sair às ruas para pedir a saída do peemedebista do Palácio do Planalto e a realização de novas eleições presidenciais.

Em São Paulo, o protesto teve depredação de concessionárias e de pontos de ônibus e bloqueio de vias, como a Marginal Pinheiros. O ato começou pacífico no Largo da Batata, na Zona Oeste de São Paulo, mas ficou violento depois de policiais militares impedirem os manifestantes de seguirem até a Praça Benedito Calixto.

No Rio de Janeiro, um protesto percorreu ruas do centro e teve a presença de mascarados. Em meio à manifestação, houve uma confusão, na qual ativistas atiraram garrafas contra os PMs, que revidaram com spray de pimenta.

Porto Alegre também registrou protesto pela saída de Temer da Presidência na sexta-feira. Um grupo pôs fogo em contêineres de lixo e, pelo menos, quatro agências bancárias foram apedrejadas. Também houve confrontos entre integrantes do ato e policias militares, que usaram bombas de gás lacrimogênio contra os manifestantes.

No centro de Florianópolis, o protesto também começou pacífico, mas houve tumulto e confronto de manifestantes com a polícia. Participaram 7 mil pessoas, segundo os organizadores.

Em Salvador, os manifestantes pediram novas eleições. Foram 5 mil pessoas, segundo os organizadores, e 3 mil, de acordo com a polícia. 

Em Goiânia, 2 mil pessoas foram às ruas, segundo os organizadores, e 60, de acordo com a polícia.
Fonte: G1 - Fotos: G1/AP/ClicRBS

Nobel da Paz

Papa Francisco canoniza Madre Teresa

Foto: AP/Reprodução
Mais de 100.000 pessoas acompanharam a canonização da freira, 
vencedora do Nobel da Paz e uma das mulheres mais influentes 
do século XX, no Vaticano

O Papa Francisco canonizou neste domingo a Madre Teresa de Calcutá, em uma missa para mais de 100.000 pessoas na praça de São Pedro, no Vaticano. “Nós declaramos a beata Teresa de Calcutá santa, decretando que deve ser venerada como tal por toda a igreja”, disse o Papa, em uma cerimônia, provocando o aplauso de toda a congregação.

Nascida em uma família albanesa, na Macedônia, Madre Teresa fundou as Missionárias da Caridade em 1950, com 12 seguidores em Calcutá, Índia. Atualmente, a ordem percorre hospitais, asilos, abrigos e outros serviços em mais de 139 países.

Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979. Em 1997, 18 meses após a sua morte, o Papa João Paulo II iniciou o processo de canonização, sendo beatificada em 2003. A canonização de Madre Teresa ocorre um dia antes do 19º aniversário de sua morte, 5 de setembro, e entrará no calendário da Igreja Católica.

Foto: AP/Reprodução
Madre Teresa foi uma das mulheres mais influentes dos 2.000 anos de história da igreja, aclamada por seu trabalho com os mais pobres do mundo nas favelas de Calcutá. Embora criticada durante a vida e após a morte, a santa é reverenciada pelos católicos como um modelo de compaixão que levou alívio aos doentes e moribundos, abrindo filiais de suas Missionárias da Caridade (M.C.) em todo o mundo.

Milagre Um dos milagres que concedeu a canonização a Madre Teresa aconteceu em 2008 em solo brasileiro. Marcilio Haddad Andrino foi internado às pressas em um hospital de Santos por causa de uma severa infecção viral no cérebro, mas foi curado após sua esposa, Fernanda, ser aconselhada a rezar para a beata. Foram necessários sete anos entre o encaminhamento do processo, alguns atestados médicos dizendo não haver explicação científica para o ocorrido e a comprovação do milagre pelo Vaticano.

Andrino, que tem 43 anos e mora no Rio de Janeiro, disse nesta sexta-feira durante entrevista coletiva no Vaticano que se sente muito grato, mas que pensa que qualquer pessoa poderia ter sido igualmente beneficiada pela intervenção. “Se não tivesse acontecido comigo, talvez fosse com outra pessoa amanhã. Ela não diferenciava. Não me sinto especial”, disse Andrino.
Fonte: veja.com

BOM DIA!

O colapso da vontade*

Ao contrário do que alardeiam os petistas, o impeachment da presidente Dilma Rousseff não foi um golpe contra a democracia, mas sim a interrupção do processo de degradação da democracia, liderado pelo partido que se dizia campeão da ética na política e que prometia o paraíso da retidão moral contra “tudo isso que está aí”. Foram mais de dez anos em que o País foi submetido a uma espécie de lavagem cerebral, por meio da qual se procurou desmoralizar toda forma de crítica ao projeto lulopetista, qualificando desde sempre seus opositores como “inimigos do povo” e, ultimamente, como “golpistas”.

Ao mesmo tempo, o PT, sob a liderança inconteste de Lula, passou todos esses anos empenhado em desmoralizar o Congresso, oferecendo a partidos e políticos participação no grande plano de assalto ao Estado arquitetado por aqueles que, tanto na cúpula petista como nos altos escalões do governo, tinham completo conhecimento do que ocorria. Tudo isso visava em primeiro lugar não ao enriquecimento pessoal da tigrada, embora uns e outros tenham se lambuzado com o melado que jorrava de estatais, mas sim à destruição do preceito básico de qualquer democracia: a alternância no poder. A corrupção, um mal que assola o Brasil desde o tempo das naus cabralinas, tornou-se pela primeira vez uma política de Estado e uma estratégia política.

Na mentalidade autoritária petista, a democracia é e sempre foi um estorvo, pois pressupõe que maiorias eventuais não podem tudo e devem se subordinar ao que prevê a Constituição, passando regularmente por testes de legitimidade. Logo, para se manter no poder para sempre, como pretendia, o PT tratou de proceder à demolição da própria política, inviabilizando qualquer forma de debate e dividindo a sociedade em “nós” e “eles”.

Com isso, as vitórias eleitorais, a partir da chegada do chefão Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, foram tratadas pelos governantes petistas como prova de que estavam acima de quaisquer limites administrativos, políticos, éticos e legais – portanto, dispensados de confirmar sua legitimidade. Desde sua fundação, o PT sempre entendeu que não deveria se submeter a nenhum limite de natureza institucional porque se considerava portador da verdade histórica. Com Lula na Presidência, o PT interpretou os votos que recebeu como uma espécie de realização de sua superioridade moral – e o partido apresentou-se como o único capaz de entender e satisfazer os desejos populares.

Foi assim que Lula se apresentou ao País e ao mundo como o demiurgo capaz de elevar o Brasil à condição de potência mundial e, de lambuja, transformar os pobres brasileiros em felizes consumidores de eletrodomésticos, carros e passeios de avião. Munido de grande carisma e de notória caradura, Lula prometeu um sem-número de obras grandiosas e projetos miraculosos. Entregou, em vez disso, apenas slogans, discursos e bravatas.

Mas o País, como que hipnotizado pelo gabola de Garanhuns, deixou-se enlevar por aquele palavrório vazio e, aparentemente destituído da capacidade crítica, não apenas reelegeu Lula, como abriu as portas da Presidência da República para a mais inepta administradora pública de que a história brasileira tem registro. Dilma Rousseff, no entanto, não pode ser vista como uma aberração. Ela não existiria politicamente se não fosse Lula, tampouco teria governado do modo desastroso como governou se não fosse petista. Pois os petistas, como demonstrou fartamente a agora destituída presidente, acreditam, graças às suas delirantes fantasias, que dinheiro público surge e se multiplica unicamente em razão da vontade do governante. Quem quer que ouse questionar essa visão irresponsável é considerado “invejoso” e “preconceituoso”, como Lula anunciou certa vez em 2007, ocasião em que disse que “é fácil ajudar os pobres”.

O impeachment de Dilma e a desmoralização do PT funcionam, portanto, como uma chance de ouro para o restabelecimento da racionalidade política e administrativa no País. Mais importante do que isso, o ocaso da era lulopetista restitui aos brasileiros a própria democracia – imperfeita, incompleta e carente de reformas, mas certamente preferível aos sonhos autoritários de Lula, de Dilma e da tigrada.

*Publicado no Portal estadão.com em 04/09/2016