Seria trágico, se não fosse engraçado!
Como leio tudo sobre o noticiário da manhã, e sigo lendo
durante o dia, acabo me dando conta que leio até o que não gostaria de ler. São
principalmente comentários de pessoas, algumas de uma responsabilidade que deveriam ter mas não
exercem. Cronistas que, muitas vezes, não se dão conta de que o que escreveram
ontem, não repetem hoje, muito pelo contrário.
Tenho muito cuidado em comentar textos alheios,
principalmente quando não concordo, pois sei que os meus devem ser criticados
por muita gente. Afinal, como se diz lá em São Gabriel, “o que seria do verde,
se todos gostassem do amarelo.” Mesmo assim, certas pessoas, sei lá por quais
motivos, acabam beirando o ridículo quando defendem alguma coisa e, logo
depois, juram que não defenderam.
Hoje me chamou a atenção uma chamada, na capa do jornal
Correio do Povo, para a coluna do Juremir Machado, pessoa pela qual sempre tive
admiração, mas que me decepcionou ao tentar provar que não é nem defende o PT,
mas só defende e mostra que é petista. É um direito dele que, por algum motivo,
não quer assumir, pelo menos publicamente.
Diz a chamada: “PT e PMDB foram parceiros no saque à
Petrobras”. E isso escrito como se alguém não soubesse. Políticos ligados aos
dois partidos estão envolvidos até as raízes do cabelo no chamado petrolão.
Fui ler a crônica para ver se havia alguma coisa dizendo
que PT e PMDB também foram parceiros nas duas eleições de Dilma. Petistas e peemedebistas estiveram juntos,
ocuparam palanques, dividiram chapa, nas eleições de 2010 e 2014. Os votos do
PMDB, aliás, foram fundamentais para a eleição de Dilma. E os petistas, até
mesmo os que classificam de golpe o pedido de impeachment da presidente,
votaram em Michel Temer. Graças aos votos dos militantes do PT, mesmo que eles
jurem de joelhos que não, foram responsáveis pela eleição de Temer para a vice-presidência.
Mas o golpe condenado pelos petistas deixa de ser golpe
quando, como faz o cronista, pedem eleições gerais, ou seja, não admitem que Temer
permaneça no poder caso o impeachment de Dilma seja aprovado. E olhem que não
estou defendendo Temer, muito pelo contrário. Estou, isto sim, querendo
reafirmar que o impeachment está previsto na Constituição, foi respaldado pelo Supremo, mas que não vejo condições da presidente afastada voltar ao Planalto. Ela
já provou que não tem as mínimas qualidades para governar o Brasil.
Mas pregar eleições gerais agora, aí sim parece ser um
claro e definitivo golpe na democracia brasileira. Se dentro de dois anos
teremos eleições para presidente, pretender que elas sejam antecipadas cheira
muito mal.
Aquilo que o cronista do Correio do Povo quer, pode ser
facilmente aplicável nas eleições de 2018, ou seja, todos os citados na
Operação Lava Jato, não poderão concorrer. Isso, hoje, impediria que muitos
daqueles que roubaram, que praticaram atos condenáveis, que se aliaram para saquear
a Petrobras, por exemplo, concorressem.
Nem Temer, nem Dilma, nem Aécio, nem Lula e tantos outros, poderiam ser candidatos. Dependendo
da nova apuração da PF, nem Marina Silva.
Só esquece o cronista, que PT e PMDB que, segundo a
chamada de capa do jornal, foram parceiros no saque à Petrobras, podem acabar,
mais uma vez, parceiros para chegar ao Planalto. Aí sim, seria trágico, se não
fosse engraçado!
Tenham todos um Bom Dia!