domingo, 5 de junho de 2016

BOA NOITE!

George Harrison foi um músico, cantor, compositor inglês que atingiu a fama ao fazer parte, como guitarrista, dos Beatles.

Com o fim do grupo, George partiu para uma carreira solo de muito sucesso em todo o mundo.

A música que vamos ouvir – My Sweet Lord – foi cantada e gravada por interpretes do mundo inteiro. 

Fiquem com George Harrison



Inadimplência no Brasil

É pior do que mostram indicadores


Só São Paulo responde por 30% de toda a inadimplência nacional e por 60% a 70% da região Sudeste, segundo dados da Serasa Experian. Sem os números de devedores atrasados no Estado, os resultados da inadimplência ficam comprometidos.

Por conta disso, parte dos birôs de crédito deixou de divulgar esses dados. É o caso, por exemplo, da própria Serasa Experian. A SPC Brasil mantém a divulgação, mas exclui a Região Sudeste.

A economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti, atesta que o número dos inadimplentes no País hoje é seguramente maior que os 59 milhões de pessoas que ficaram com seus CPFs sujos, segundo levantamento da própria SPC Brasil.
Ela explica que do levantamento, já com dados de abril, não constam os devedores inadimplentes da região Sudeste.

"O mercado de crédito tem trabalhado no escuro. Não consegue ter uma visão clara do total de inadimplentes", observou o diretor da PH3A, empresa especializada em recuperação de crédito, Marcelo Monteiro. Segundo ele, com a taxa crescente de desemprego há muita gente com dívidas já atrasadas que os birôs de crédito não conseguiram ainda incluir nas listas de devedores inadimplentes.

Estudo da Serasa estima em 60 milhões o número de inadimplentes no País, totalizando dívidas em atraso no montante de R$ 256 bilhões. É a maior marca já registrada desde que a Serasa iniciou a medição, em 2012.

À época, 50,2 milhões de pessoas enfrentavam dificuldades para manter em dia suas contas. De janeiro a março, mais de dois milhões de devedores entraram na lista por falta de pagamento.

Segundo o economista-chefe da Serasa, Luiz Rabi, os birôs de crédito costumam incluir os clientes nas listas de inadimplentes depois de 60 dias de atraso nos pagamentos

O período que os serviços de proteção ao crédito consideram para afirmar que um devedor passou a inadimplente varia e também pode contribuir para desviar as taxas da situação real. A média de inadimplência das operações de crédito do sistema financeiro divulgada pelo Banco Central (BC), por exemplo, é para atrasos superiores a 90 dias.

Atingiu em abril 3,7%, considerando o índice no crédito livre (5,7%) e direcionado (1,7%). A média de inadimplência apurada pela SPC Brasil no mesmo mês foi de 5,8%.
Fonte: Revista EXAME

BOM DIA!

Turbulência, raios e trovões*

Eliane Cantanhêde


A Aeronáutica vive o milagre da multiplicação de jatos e jatinhos e tornou-se um exemplo da barafunda e mais um ótimo motivo para o Senado resolver logo o impeachment. Se é para Dilma Rousseff voltar, que volte logo. Se é para Michel Temer assumir de fato e de direito, que seja logo também. O que não pode é esticar essa indefinição, essa insegurança, essa bola dividida.

A presidente afastada não pode sair voando em avião militar para fazer comício sobre um golpe que não há, mas tem direito a avião para sua casa em Porto Alegre. O interino pode ir a São Paulo e para onde bem entender, já que está “em exercício” e cumpre agenda oficial. Além dos dois, a FAB carrega dois fardos da Câmara, o presidente interino Waldir Maranhão e o afastado Eduardo Cunha. Só para a São Luís de, e do, Maranhão, são 2 horas e meia na ida e na volta todo fim de semana.

Sem falar que o advogado-geral da União, Fábio Osório, exigiu um avião para ir a um evento em Curitiba e, como não tinha, ligou às 15h diretamente para o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, dizendo que precisava decolar às 16h. Não havia Legacy disponível no GTE (Grupo de Transporte Especial, que serve a autoridades) e Rossato teve de recorrer a um Learjet do 6.º ETA (Esquadrão de Transporte Aéreo), que tem menos status, mas era mais do que suficiente.

Parecem detalhes, mas mostram o quanto o País está de pernas para o ar, enquanto as turmas de Dilma e de Temer berram na Comissão do impeachment em torno de prazos e da inclusão ou não de novas provas e gravações no processo. O fator tempo é fundamental, o outro dá um bom (e irônico) debate.

Os neogovernistas querem antecipar o desfecho em 20 dias: em vez de 15 dias para defesa e acusação, bastariam cinco para cada, como prevê o Código do Processo Penal. Mas o PT, o PC do B e o PDT não têm pressa nenhuma. O porquê de cada lado: os aliados de Temer dizem que é melhor para o Brasil ter um só presidente no início da Olimpíada e que a incerteza sobre quem manda empaca as medidas econômicas e a recuperação de confiança no País. Já os aliados de Dilma sabem que, se a votação for já, ela perde. Logo, preferem ganhar tempo e torcer para que a Lava Jato corroa a cúpula do PMDB e, por tabela, as condições de Temer.

Detalhe: é melhor para o atual Planalto que o presidente do Senado durante a fase final do impeachment seja Renan Calheiros, mesmo que Ricardo Lewandowski presida as sessões. Se, por essas vicissitudes da vida, Renan vier a seguir os passos de Eduardo Cunha, virar réu e ser afastado, quem assume é o vice, Jorge Viana. Renan vive às turras com Temer, mas é do PMDB. Viana não é dilmista, mas é do PT.

Quanto à insistência da defesa de Dilma de incluir no processo a gravação em que Romero Jucá diz ao delator Sérgio Machado que é melhor trocar o governo, fazer um acordão e “estancar a sangria” da Lava Jato: pode ser um tiro no pé. 
Se puder incluir essa, poderá incluir também outras gravações e provas, como o áudio de Dilma articulando a posse de Lula na Casa Civil para fugir do juiz Sérgio Moro, a delação do ex-líder do governo Delcídio Amaral dizendo que Dilma manobrou para livrar empreiteiros da Lava Jato, a da Odebrecht falando que Dilma exigia caixa 2 e os e-mails citando contas pessoais dela. E as delações dizendo que ela sabia de todas as tratativas do desastre bilionário de Pasadena?

O fato é que o País está paralisado e o primeiro passo é o Senado julgar definitivamente se fica Temer ou volta Dilma. Não apenas porque a FAB é uma só e o combustível de aviação anda pela hora da morte, mas porque é preciso ter direção e segurança. Um mínimo de previsibilidade é fundamental em meio a tanta turbulência, nuvens carregadas e uma Lava Jato jorrando raios e trovões apavorantes.

*Publicado no Estadão.com em 05/06/2016