quarta-feira, 20 de abril de 2016

Opinião

Guerra ao Estado de Direito*

Posar de pobre e indefesa vítima de enorme injustiça – uma decisão soberana da ampla maioria da Câmara dos Deputados, que obedeceu ao rito determinado pelo Supremo Tribunal Federal – é um recurso demagógico que, à falta de melhor argumento, Dilma Rousseff usa para se defender da iminente ameaça de impeachment. Proclamar que não cometeu crimes, apostando no princípio de que uma mentira reiterada pode acabar assumindo foros de verdade, é uma prática condenável do ponto de vista moral, mas consagrada pela falta de escrúpulos dos maus políticos. O que é absolutamente intolerável e inadmissível é que a presidente da República acuse o Legislativo de, no exercício de suas prerrogativas constitucionais, praticar um golpe contra as instituições democráticas. Assim procedendo, a cidadã Dilma Rousseff está deliberada e irresponsavelmente incitando a sublevação das entidades e organizações ditas populares controladas pelo PT e suas linhas auxiliares. Dilma Rousseff, ela sim, declarou guerra ao Estado de Direito.

A Dilma Rousseff que se apresentou em palácio na segunda-feira para comentar a aceitação do processo de impeachment pela Câmara foi uma personagem até então desconhecida do grande público: uma presidente afável, humilde, moderadamente indignada e vergada sob o peso de uma enorme injustiça, que quase conseguia evitar o tratamento irônico que sempre dedicou aos jornalistas que a acompanham por dever de ofício. Havia saído de cena a Dilma agressiva, intolerante e desafiadora que poucas horas antes gravara uma irada mensagem contra os “golpistas” que ousavam contestar seu mandato – um pronunciamento tão claramente inadequado e contraproducente do ponto de vista político que acabou tendo suspensa sua veiculação em rede nacional de TV, também para evitar um panelaço.

A Dilma de segunda-feira, na interpretação de seu frágil papel de vítima dos inimigos da democracia, cruzou sem hesitação a linha que separa o direito à defesa de convicções pessoais do dever constitucional do presidente da República de respeitar e defender fundamentos institucionais do regime democrático.

Em vez de se defender objetivamente dos crimes de responsabilidade de que é acusada – e praticou –, ela se dedicou a questionar a autoridade moral do presidente da Câmara, cuja falta o desqualificaria para conduzir o processo. E, sem se conter, exaltou a própria honestidade, como se ser honesto fosse mérito e não obrigação elementar de qualquer autoridade pública. Eduardo Cunha e Dilma Rousseff estão sendo acusados de crimes distintos. E, enquanto não forem declarados culpados, as suas investiduras devem ser respeitadas e acatadas. É assim que as coisas funcionam numa democracia.

Dilma perseverou também na linha de defesa usada pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que, logo após a votação na Câmara, convocou a imprensa para repetir os argumentos de que a presidente não cometeu os crimes de natureza fiscal que lhe são imputados. Essa acusação está amplamente fundamentada na peça acusatória dos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal e embasou o relatório apresentado ao plenário da Câmara pelo deputado Jovair Arantes. Já o defensor da presidente deixou-se levar até os limites da ira, insistindo na absurda tese de que o processo de impeachment consubstanciaria uma conspiração contra o Estado de Direito. 

Essa tese maluca – e por isso mesmo perigosa – se transformou na grande bandeira política do PT, acenada muito mais em função de garantir a sobrevivência do lulopetismo a longo prazo do que propriamente de defender o mandato de Dilma. Até porque os petistas, a começar por Lula, já dão por perdida a luta contra o impeachment. O objetivo da tigrada agora é outro: trata-se de explorar ao máximo a possibilidade de Lula voltar ao poder em 2018 e isso depende de sua atuação como oposicionista nos dois anos e meio que tem pela frente. Se o custo desta aventura será mais recessão, mais inflação, mais desemprego e menos esperança, para eles pouco importa: será o zé povinho a pagar a conta.

*Publicado no Estadão.com em 20/04/2016

20/04/2016


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Bom Dia!

É uma brasa, mora!

Quem viveu os anos 60 certamente vai lembrar do famoso bordão que Roberto Carlos, no programa Jovem Guarda, repetia sempre que algum de seus convidados era anunciado para cantar mais um sucesso daqueles inesquecíveis anos.

O auditório do Teatro Record vibrava quando ele apontava o dedo e anunciava “o meu amigo Erasmo Carlos”, ou Wanderlea, Os Vips, Rosemari, Ed Wilson e tantos outros que embalaram as inesquecíveis tardes de um rock and roll puro, sem malícias, sem a contaminação que acabaram sofrendo seus maiores interpretes.

“Minha caranga é maquina quente”, cantava o Rei enquanto Wanderlea pedia “senhor juiz, pare agora” e Erasmo, o Tremendão, anunciava que “um dia gatinha manhosa eu prendo você”. Na plateia, jovens cabeludos, com roupas iguais a da turma da Jovem Guarda, cantavam e dançavam ao som das músicas que embalaram muitos bailinhos de garagem, muitas reuniões dançantes e que foram responsáveis por paixões que acabaram em casamento.

Lembrei de tudo isso quando me dei conta que ontem, dia 19 de abril, o Rei Roberto Carlos completou 75 anos com um grande show no estádio da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, sua terra Natal. Lá, diante de uma plateia imensa, afirmou com o mesmo sorriso malicioso que alegrava o programa Jovem Guarda que estava completando 57 e não 75 anos.

Roberto é um fenômeno desde os tempos de TV Record. Irreverente, ao cantar “quero que vá tudo pro inferno”, malicioso ao contar que “estou amando loucamente, a namoradinha de um amigo meu”  moderno e romântico quando precisou ser, ou quando sentiu que o rock já não combinava mais com sua idade e declarou que “só você amada amante, faz da vida um instante, ser melhor para nós dois”.

Aliás, a fase romântica de Roberto Carlos transformou o roqueiro em interprete favorito do Brasil, principalmente das mulheres que lotam até hoje seus shows, encantadas com seu carisma, sua voz e cheias de esperança de receber uma rosa vermelha jogada pelo ídolo setentão.

Roberto Carlos é daquelas pessoas que parecem eternas. Ninguém consegue imaginar que um dia RC deixará milhões de fãs imensamente tristes com sua partida. Quem curte Roberto desde os anos 60, não imagina que ele possa ser igual a todos e abandonar uma vida que sempre adorou viver.

Em junho, também vou completar 75 anos e, mesmo sem ter multidões me adorando, quero seguir vivendo e, quem sabe como o Rei, gritar para todos que a vida “é uma brasa, mora”!

Tenham todos um Bom Dia!