Vida de aposentado
Luzia Kirjner*
Por que as pessoas temem tanto a palavra “aposentadoria”?
Para muitos, talvez signifique velhice, excesso de disponibilidade,
inutilidade, vazio ou outras situações estigmatizadas. Mas, na realidade, a
aposentadoria não risca ninguém do mapa, da vida pública, social, familiar, intelectual,
artística, assistencial, e de outras várias atividades que estão por aí, ao nosso alcance.
Aposentar é como virar a página de um livro; a diferença é
que, ao invés de virar a página de uma história que alguém escreveu, o aposentado
vai virar a página de sua própria história, escrever novas rotinas, praticar
novos hábitos e experiências.
O trabalho enobrece o ser, colocando-o de maneira lógica no
tempo e no espaço. Dignifica, ocupa, exige comportamentos padronizados, exige
muitas ações, estimula lembranças, desperta desafios. Mas um dia chega a hora
de virar a página, dar espaço para os mais jovens, mudar a rotina – por que não?
Tanta vida nos espera aqui fora..., realizar projetos que
ficaram para trás..., aquele instrumento musical que você tocava e deixou de
lado..., aquela viagem que você não fez, porque queria estar sempre perto dos
filhos, e outras coisas que passaram. Será que existe coisa mais prazerosa do
que estar numa praia tranquila, lendo um livro interessante, ouvindo o barulho
das ondas, e sem pensar na folha de ponto?
Quem sabe encher-se de coragem e cantar num coral?
Praticar esportes, frequentar academias, caminhar no parque,
observar de perto os netos crescendo, e atualizar-se nas novas tecnologias,
para dialogar com eles, sem perder a oportunidade de lhes chamar a atenção para
a natureza, o canto dos pássaros e a lua plena, nascendo como bola de fogo nos
lagos, rios e scolher filmes que lhe
interessem..., revisitar outros que lhe deixaram lembranças..., ir ao cinema
num horário tranqüilo, sem a concorrência da clientela usual. Ir acompanhado,
para discutir depois as emoções vividas no telão; afinal, diretores, atores e
técnicos trabalharam para levar emoção, suspense, riso, susto e muita adrenalina
até você, não é verdade?
Outra maravilhosa opção é dançar; levar ou deixar-se levar,
deslizando com passos firmes e compassados, ao som de uma música gostosa e
pontuada. O corpo ama expressar-se, e há tantos espaços para tal!
A escolha é sua, porque agora, mais do que nunca, você pode
escrever, da maneira mais leve possível, as páginas de sua própria vida. Ousar escrever
relatos de sua vida é lindo e reconfortante, e aí, com certeza, alguém encontrará
alguma coisa de interessante e surpreendente, quando for “curiar” os seus
alfarrábios.
Mas, se você é o tal do workaholic, e só se sente feliz trabalhando,
as instituições assistenciais estão aí, à sua espera, além das associações de
classe, especialmente a nossa, todas elas ávidas por receber um ser criativo, experiente,
dinâmico e trabalhador.
No dia 24 de janeiro,
comemoramos mais um Dia do Aposentado, e sentimo-nos felizes por termos cumprido
com dedicação a nossa missão em benefício do cidadão brasileiro.
Aproveitamos para cumprimentar os novos colegas que se
aposentaram recentemente, e oferecer nossos serviços, nossa sede e um feliz relacionamento
com seus antigos colegas.
* Diretora de Secretaria da ASA-CD