A volta dos caranguejos!
Quem já viu sabe como é deprimente um balaio de
caranguejos. Quando algum deles tenta sair do balaio, os demais puxam tentando
impedir que o companheiro salte. Quanto maior o balaio, maior o número de
caranguejos e maior o número dos que tentam impedir a liberdade dos outros.
Como já escrevi aqui mesmo, a questão do Cais Mauá faria
com que fossemos obrigados a conviver, novamente, com os caranguejos de sempre,
ou seja, aqueles que não aceitam nenhum tipo de mudança na cidade, a não ser a
que eles querem.
Mas o pior é que os argumentos são sempre os mesmos.
Impacto ambiental é o primeiro que surge. Depois aparecem os impactos
urbanístico e econômico. Se não colarem, como normalmente não colam, partem
para a “ocupação” do espaço, armando barracas, montando piquetes, faixas,
cartazes e, quando nada conseguem, acabam até apelando para pessoas que tiram a
roupa protestar.
Na sexta-feira, dia 29, durante a audiência pública para
apresentação do Estudo de Impacto Ambiental, uma claque antecipadamente
preparada e afinada, vaiou aos que defendiam o projeto e bateram palmas para os
que criticavam.
Tem um grupo, chamado de Cais Mauá de Todos, que já
anunciou medidas judiciais para barrar a proposta. Criticam a construção de
torres comerciais e de um shopping, mas salientam que não são contra a
revitalização do Cais Mauá, mas contra o modelo que, segundo eles, “induz a
população a aceitar o projeto como está”, nas palavras do sociólogo João
Violino, porta-voz do grupo.
São inflexíveis, mesmo diante das informações de que o
complexo injetará R$ 927 milhões por ano na economia gaúcha, que durante a
construção do empreendimento, poderá gerar mais de 19 mil postos de trabalho,
sendo que destes, 87% serão para trabalhadores com nível educacional básico ou
médio. Finalmente, quando em funcionamento, o complexo do Cais Mauá poderá
gerar mais de R$ 216 milhões em tributos a cada ano.
Mesmo assim, não existe argumento para os caranguejos
que, provavelmente, querem que tudo fique como está ou, quem sabe, que sejam
criados barracões para os sem teto, espaço para feiras-livres, área de
recreação para crianças carentes, churrasqueiras para a população aproveitar
nos finais de semana e barracas para a venda de cachorro quente, algodão doce,
refrigerante e churrasquinho.
Não me entendam mal, por favor. Não sou contra os sem
teto, nem contra as crianças carentes e muito menos contra os vendedores de
guloseimas. Acho que todos merecem seus espaços, desde que não interfiram na
criação de novos e modernos ambientes na cidade.
Uma luta de mais de 10 anos, quando se aproxima de um
final feliz, não pode ser tratada simplesmente com a fúria, muitas vezes
ideológica, dos que teimam em ser caranguejos no balaio. A revitalização do
Cais Mauá é algo que a população espera e deseja e que, durante anos, foi
torpedeada por figuras bem conhecidas da política e de organizações que
patrulham permanentemente aquilo que não é de seu interesse. Ou é, não sei.
O pior de tudo, é que tão logo o Cais Mauá seja revitalizado,
os caranguejos serão os primeiros a desfrutar dos benefícios que chegarão com a
modernização do local. Alguém esqueceu, por exemplo, da Edvaldo Pereira Paiva,
que foi revitalizada e ampliada apesar dos protestos da mesma caranguejada que
hoje se volta para o Cais? Será que algum deles deixou de utilizar a avenida depois
de pronta?
Finalmente, um alerta: cuidado, os caranguejos estão de
volta!