quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Opinião

Qual é a sua, Renan?

Eliane Cantanhêde

A presidente Dilma Rousseff tenta uma nova arrancada às vésperas das manifestações de domingo e recorre a todos os combustíveis à sua mão, de Lula a governadores, de ministros a movimentos sociais, de reuniões em palácios a palanques a céu aberto. Nada comparável, porém, ao providencial empurrão do presidente do Senado, Renan Calheiros.

Foi ele, Renan, quem levou ao governo um pacote de 27 projetos que os aliados classificam de salvadores da pátria, mas que pretendem mesmo é salvar o mandato de Dilma. Dois terços das medidas já tramitam no Congresso, mas o fato de o presidente do Senado estender a mão para a cambaleante Dilma é um fato político relevante. E essa mão estendida é deveras curiosa.

Antes de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, chutar de vez o pau da barraca, ele e Renan disputavam quem provocava mais o Planalto, quem poderia lhe causar mais problemas e até quem dirigia os maiores desaforos a Dilma. Nesse campeonato, pau a pau, Renan ora dizia que o governo Dilma era “adolescente”, ora que “envelheceu”, ora que vivia “uma paralisia”. 

E ninguém esquece quando ele jogou de volta para o Planalto, estridentemente, a medida provisória da desoneração da folha de pagamento das empresas, essencial ao ajuste fiscal. Dilma foi obrigada a trocar a MP por um projeto de lei, que depende de votação antes de entrar em vigor, e, mesmo assim, o projeto andou. Despachado para duas comissões do Senado, nem relatores ele tem até agora.

Pois é, como é a vida... Ou melhor, como é a política... Renan devolveu um projeto-chave, de certa forma engavetou o projeto substituto e, agora, paga com 27 outros que agradam ao Planalto. Pagou a dívida com juros e correção monetária compatíveis com os juros de Dilma e com a crise na economia.

Por isso, entre tantas interrogações em Brasília, a mais nova e mais maliciosa faz sentido: afinal, o que está por trás dessa guinada de Renan Calheiros? Há mil e uma hipóteses, fofocas e interpretações, mas só dois lugares têm a verdadeira resposta: o Palácio do Planalto e a presidência do Senado.

Para as boas almas, Renan deu a guinada pró-Dilma porque, como bom patriota, faz tudo pelo bem da Pátria e felicidade geral da Nação. Para almas nem tão boas assim, Dilma e Renan teriam negociado um velho e bom toma lá dá cá, mas, desta vez, não simplesmente a troca de favores, verbas e cargos.

O que alimenta essas suposições? É que, de um lado, Renan Calheiros está citado na Lava Jato e, de outro, Dilma cambaleia com as pedaladas fiscais. Renan tem foro privilegiado e seu destino está nas mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, ora vejam, acaba de ser indicado por Dilma para um novo mandato. E Dilma está com as contas do primeiro mandato penduradas no Tribunal de Contas da União, onde, ora vejam, Renan tem pelo menos três bons companheiros (ou votos?).

De quebra, o filho do senador, Renan Filho, é governador de Alagoas. Se o Rio Grande do Sul chegou ontem ao ponto de anunciar o calote na União e os demais Estados estão em petição de miséria, imaginem como não estará Alagoas, pobre coitada. Uma mãozinha federal não é nada mal. Uma mão lava a outra, não é mesmo?

O movimento de Renan virou o principal fato político desses tempos já tão recheados de grandes fatos políticos. Ele, que tinha insinuado sua guinada para Dilma no jantar entre tucanos e pemedebistas, semana passada, consegue três resultados: faz um contraponto com Eduardo Cunha, um na linha de frente da oposição e outro na do governo; radicaliza a divisão entre Câmara, no ataque, e Senado, na defesa; embola o meio de campo no PMDB, onde cintila a saída constitucional mais legítima em caso de afastamento de Dilma: o vice Michel Temer. Além disso, Renan aborta a aproximação do PMDB com o PSDB. Pelo menos por ora.

Aos que se preparam para as manifestações de domingo, só resta uma pulga atrás da orelha: aí tem

Publicado no jornal O Estado de São Paulo - 12/08/2015

Rapidinhas


Temer busca acordo com Eduardo Cunha para agenda contra a crise
O vice-presidente Michel Temer informou nesta quarta-feira (12) que buscará um entendimento com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para aprovação da agenda apresentada pelo PMDB do Senado Federal para enfrentar a crise econômica.
O peemedebista afirmou que a Agenda Brasil, oferecida ao governo pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), é "adequada" e que pretende fazer uma reunião conjunta com Senado e Câmara "para que todos estejam juntos nessa tarefa".

‘Lembram de 1964?’, pergunta presidente do Clube Militar
Presidente do Clube Militar, o general da reserva Gilberto Pimentel publicou nota no site da entidade pedindo "juízo" aos governantes. Com críticas ao programa do PT, exibido na quinta-feira (6), pelo que considerou ironias e "veladas ameaças", ele pergunta: "Lembram de 1964? E aí? Aceitaríamos o caos ou outro Poder constituído convocaria a força legal que dispomos?".
Para Pimentel, a intervenção das Forças Armadas deveria ocorrer no caso de o ex-presidente Lula convocar o "exército do Stédile".

Dilma ganha tempo e julgamento das contas de 2014 deve ser adiado
A presidente Dilma Rousseff deve ganhar mais tempo no Tribunal de Contas da União (TCU) para se explicar sobre as contas de 2014, o que levará ao adiamento do julgamento da prestação contábil do governo no tribunal. O ministro Augusto Nardes, relator das contas da presidente, prepara um comunicado na sessão em plenário nesta quarta-feira sobre decisão de acatar pedido do Senado para que Dilma ganhe mais prazo para se explicar sobre dois pontos novos referentes às demonstrações de gastos em 2014. Nardes ainda não definiu qual será o prazo dado.

Bloqueio das contas do RS ainda não tem solução, diz governador
Ao deixar hoje (12) o ministério da Fazenda, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, disse que ainda não tem uma solução para o bloqueio das contas do estado pela União.
O governo federal determinou o bloqueio das contas em razão do não pagamento, pelo estado, da parcela da dívida com a União referente ao mês de julho. Enfrentando dificuldades financeiras, o governo do Rio Grande do Sul decidiu pagar os salários atrasados dos servidores. Em compensação, suspendeu as obrigações com a União. Sartori disse que a atitude adotada pelo Rio Grande do Sul não constitui confronto com o governo federal. Evitou também apontar culpados pela dívida do estado. “Ninguém passou calote nenhum: apenas não cumprimos uma parte [do acordo com a União]”, disse.

José Dirceu incluiu clandestinidade na conta da aposentadoria
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assinou na semana passada portaria que autoriza o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a contar o tempo que viveu na clandestinidade — entre outubro de 1968 a dezembro de 1979 — para efeitos de aposentadoria. A portaria, junto com outras 68 que envolvem ex-perseguidos políticos, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 4 de agosto, um dia após a prisão do petista pela Polícia Federal, investigado pela Operação Lava Jato.

Barbie usa Instagram para enganar homens; 
golpes chegam a R$ 300 mil
Policiais goianos prenderam uma modelo fotográfica, conhecida como Barbie, acusada de aplicar golpes por meio do Instagram. Segundo as investigações, ela aplicou golpes em moradores do Distrito Federal, de Goiás, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Bruna Cristine Menezes de Castro, 25 anos, foi presa, nesta terça-feira (11/8), em Goiânia. Ela usava perfis nas redes sociais de venda de produtos importados usando conta-corrente de outras pessoas para depósito e não entregava as mercadorias. Titular da Delegacia Estadual de Defesa do Consumidor (Decon), o delegado Eduardo Prado estima que apenas em Goiânia ela tenha causado um prejuízo estimado em R$ 300 mil às vítimas.

Marcha das Margaridas

Movimento é patrocinado pela Caixa e BNDES

A Marcha das Margaridas, que reúne cerca de 30 mil pessoas em Brasília na manhã desta quarta-feira (12), segundo estimativa da Polícia Militar, chegou à Esplanada dos Ministérios e ao Congresso aos gritos de "Fora, Cunha!".

Organizada pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), a marcha é composta principalmente de mulheres agricultoras de vários Estados do país. Há também estudantes universitárias, sindicalistas e grupos feministas. O público vindo de outros Estados ficou alojado no estádio Mané Garrincha, de onde partiu no início da manhã.

Por volta das 10h, o ato começou a circundar o Congresso, com a orientação de "virar as costas" para o Parlamento, sob palavras de ordem contra a regulamentação e a ampliação das terceirizações –projeto recentemente aprovado pelos deputados–, críticas à redução da maioridade penal e às discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

"Marcha, mulher, marcha / molha os pés mas não faz a unha / viemos de todo o Brasil / pedir a cabeça do Cunha", cantava uma manifestante do alto do carro de som. Presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou guerra ao governo e vem impondo à presidente várias derrotas na Casa.

Na rua, faixas contra a violência doméstica, de "Não ao racismo" e de "Golpe não". O ato, que recebeu patrocínio de R$ 855 mil de empresas estatais como a Caixa e o BNDES, serviu como uma espécie de desagravo em favor da presidente.

12/08/2015


Vendas no varejo caem 2,2% no 1º semestre, 
maior recuo desde 2003 (Estadão)
Em junho, o comércio registrou variação de -0,4% ante maio, a quinta taxa negativa consecutiva

Aliados de Cunha preparam reação à aliança de 
Renan com o governo Dilma (Folha de S. Paulo)
Aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) definiram, em almoço com o presidente da Câmara nesta terça, uma estratégia para bombardear a aproximação de Renan Calheiros (PMDB-AL) com o governo Dilma Rousseff.

Piratini lamenta ‘severas restrições à 
governabilidade’ (Correio do Povo)
Governo Sartori divulgou nota e salientou perda completa da gerência de recursos

Secretaria da Fazenda afirma que bloqueio das 
contas deve durar 5 ou 6 dias (clicRBS)
O secretário explicou que a conta bloqueada pela União recebe dinheiro de diferentes fontes de receita

MH370: parentes de vítimas discordam que 
destroços achados em ilha são do voo Portal (IG)
Grupo Voice 370 reiterou as suspeitas sobre como o governo malaio tratou o desaparecimento e pediu uma análise imparcial

Lula toma café com Temer e peemedebistas em Brasília (Portal G1)
Ex-presidente da República cumpre agenda na capital desde terça-feira. Sarney e os senadores Jucá e Eunício estão entre os convidados

Em jantar com cúpula do Judiciário, Dilma pede 
"harmonia" entre poderes (Portal Terra)
O encontro aconteceu em meio às investigações de políticos na Operação Lava Jato no Supremo e no Superior Tribunal de Justiça e ao andamento da investigação eleitoral da campanha eleitoral da petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Dinheiro liga doleiro da Lava jato a obra no prédio de Lula (O Globo)
GFD, de Youssef, deu R$ 3,7 milhões à Planner, que pagou R$ 3,2 milhões à OAS na construção

Votação do ajuste fiscal é adiada, e ‘pacto’ de Dilma 
com Renan não passa no 1.º teste (Gazeta do Povo)
“Agenda positiva” do presidente do Senado não é consensual nem no PT. Já a Câmara segue na briga com o governo e dá andamento à pauta-bomba

Agnelo volta a atuar como médico em hospital do DF, 
diz secretaria de Saúde (Correio Braziliense)
O ex-governador apresentou atestado de 10 dias. Ele deveria ter voltado a atuar como médico na última segunda-feira (3/8)

Novo Fies corta 32% do subsídio a alunos (Estado de Minas)
De acordo com o governo, o programa agora tem bases fiscais sustentáveis e mais foco nos estudantes que, de fato, precisam dos recursos

Bom Dia!

E agora, José?

Já aviso que estou apenas lembrando o poema de Carlos Drumond de Andrade. É que alguns apressadinhos podem fazer alguma analogia com o nome do governador Sartori. Se bem que nada me impede de citá-lo num momento tão difícil para o Rio Grande do Sul.

Ontem (11) depois que o governador mandou pagar o funcionalismo, pedalando a dívida com a União, o governo federal mandou bloquear as contas estaduais e só liberar quando for alcançado o valor de R$ 280 milhões. Os R$ 60 milhões que sobraram do pagamento dos salários, já foram confiscados.

Hoje (12) o governador está em Brasília tentando ajustar as coisas com o ministro da Fazenda e com o STF. Ele quer, tão somente, seguir governando e, no mínimo, conseguir pagar os salários do funcionalismo, uma despesa que consome quase toda a receita.

Ontem, antes da notícia do bloqueio do dinheiro estadual, li que várias categorias, incluindo a Federação dos Servidores, Cpers, Ugeirm e BM, anunciavam que não tinha adiantado o governador complementar o pagamento dos salários e que seguiriam com a chamada “operação padrão”, isto é, fazendo corpo mole no atendimento das necessidades do contribuinte. Anunciaram todos eles, que estavam prontos para a Assembleia do dia 18 quando poderiam decidir pelo começo de uma greve geral no Estado.

Não li nem ouvi mais nada das tais ditas lideranças depois que o confisco foi anunciado pelo governo federal. Daí fiquei pensando se ainda pretendem seguir com sua intenção de greve, apesar de saberem que poderá não haver dinheiro nem para o pagamento de uma parcela dos salários. E não poderão alegar que é culpa do governador. Em seis meses de governo, Sartori não poderia ter solucionado um problema que vem se avolumando faz muitos anos, e que cresceu muito nos últimos quatro, quando o governo era ocupado por um companheiro de partido da presidente Dilma. As dívidas com o pagamento de empréstimos feitos pelo antecessor de José Ivo aumentaram consideravelmente.

Provavelmente não aceitem, mas quero deixar aqui uma sugestão aos que lideram os movimentos de funcionários públicos, se não estou enganado, a única categoria que tem direito a seis meses de licença prêmio no Brasil, para que antecipem seu movimento e participem, no dia 16, da campanha contra o governo federal, no Parcão. É lá que se lutará contra quem está destruindo o Brasil, quem está envolvido totalmente no maior esquema de corrupção da história, quem mandou bloquear as contas do Estado e que, recentemente, perdoou quase US$ 900 milhões de dívidas de países africanos, o que significa dizer que tem dinheiro sobrando nos cofres federais.

Se insistirem com a greve ou com o movimento contra o RS, como está sendo feito, correm o risco de chegar ao final do mês sem salário novamente. Afinal, o dinheiro que for arrecadado pelo governo estadual, será bloqueado para pagamento da dívida com o governo federal. Daí acredito que não poderão, como estão fazendo, culpar o governador Sartori.

Tenham todos um Bom Dia!


Música: O mar serenou
Intérprete: Clara Nunes
Obs: Clara Nunes estaria completando, hoje, 73 anos de idade. A música que selecionei, é uma homenagem especial a minha sobrinha e cantora, Gisele Rodrigues.