Ouvido no coletivo
Plagiando o jornalista Flavio Dutra e seu já famoso “ouvido
na mesa ao lado”, decidi escrever sobre o que escutei,hoje de manhã, no ônibus
que me trouxe ao Centro. Estava lendo o jornal quando comecei a ouvir a
conversa do cobrador com um passageiro.
- Não dá mais, meu amigo. A Dilma está perdida e só o
impeachment pra resolver. Agora até o PMDB está contra ela. Viu a propaganda na
TV? É muito aumento. Tudo sobe 200% e a inflação oficial é de 5%.
- É verdade. Não existe mais lei no Brasil. Viu aquele juiz que
‘tomou’ os carros e o iate do Eike Batista? O cara tava dando uma banda de
porsche, meu!
- Bah, cara. Só mudando tudo mesmo!
Dobrei o jornal, guardei na pasta e fiquei pensando na
conversa que acabara de escutar e que certamente muitos outros passageiros
escutaram. Se concordaram ou não, não sei.
Quando o povo, e aqueles dois eram representantes do povo, da
classe assalariada, trabalhadores, começa a reclamar, alguma coisa está
realmente muito errada. Se está ruim para eles, é sinal de que o governo não
está acertando o passo.
Aliás, a conversa do cobrador com o passageiro, reflete
muito bem o sentimento que vai tomando conta dos brasileiros. Quase ninguém
mais aguenta tanto aumento, tanta desculpa, tanta mentira e tanta corrupção.
Ouço, quase que constantemente, pessoas afirmando que alguma coisa precisa ser
feita e que pior do que está, é impossível.
Agora mesmo, confirmando o que escuto nas ruas e leio nas
redes sociais, a inflação atingiu índices que só aconteciam em 2003. Diz o IBGE
que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), ficou em 1,33% em
fevereiro, o que significa um índice acumulado, em dois meses, de 2,23%. Nos últimos
12 meses , o indicador acumula 7,36%, a maior taxa desde 2005. Ficando como está,
e acho difícil que mude, teremos uma inflação oficial bem acima dos 6,5% previstos pelo
governo.
Enquanto isso o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)
publicou no Diário Oficial de ontem, tabela com novos preços médios dos combustíveis
a serem aplicados em 15 estados e no Distrito Federal, a partir de março.
Joaquim Lewy, o ministro da Fazenda, disse que “são medidas para o governo
federal elevar a arrecadação”.Ou seja, o governo precisa de mais dinheiro e,
como sempre, ele sai do nosso bolso.
Tem razão o cobrador do ônibus: “Assim não dá. Só mudando
tudo mesmo”.
Tenham todos um Bom Dia!