quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Opinião

Protesto político e interesseiro

Machado Filho

Foto: Correio do Povo
A coisa está muito complicada diante do patrulhamento dos esquerdopatas que, além de defenderem tudo o que vem do governo federal, acham que todos os que se posicionam contra, são coxinhas e reacionários de direita. Não que algum destes adjetivos me preocupe, sei que sou o que sou e não é nenhum cabeça feita que vai me calar.

Agora mesmo estou lendo sobre a manifestação do Bloco de Lutas contra o aumento das passagens de ônibus. Adianto que sou contra TODO E QUALQUER AUMENTO que acabe maltratando o bolso do brasileiro. E o aumento de tarifa de ônibus impacta diretamente no bolso dos operários.

Manifestação no Paço Municipal, condenando o aumento, deve ser uma coisa normal desde que os integrantes do grupo manifestante não parta para a baixaria das depredações e quebra-quebra.

O que me deixa um pouco contrariado, é ler que políticos, altamente interessados em manobrar com os manifestantes, fazem parte das manifestações, desvirtuando a razão de ser do movimento. Se é uma ação da população, o que está fazendo lá o deputado Pedro Ruas, do PSOL, que se especializou em combater o aumento de tarifas em Porto Alegre? Quando vereador, Ruas justificava seus atos por ser um representante da população da Capital. Vereador existe, também, para isso.

Ontem, assisti a uma entrevista com o deputado do PSOL, reclamando do governador uma atitude mais firme contra os devedores do Estado. É o papel do deputado. Mas, como vereador, jamais escutei Pedro Ruas reclamar de Tarso Genro, pai da presidente do PSOL, a cobrança aos devedores do Estado. Se é deputado para uma ação, que seja para todas. Atuar como vereador ou como deputado ao sabor de seus interesses políticos, não é correto.

Quanto aos manifestantes, não vi, até hoje, dia 5 de fevereiro, qualquer manifestação do Bloco de Lutas contra o aumento dos impostos, contra o aumento dos combustíveis, contra o aumento da energia elétrica, contra a inflação. Tão preocupados com o aumento das tarifas de transporte coletivo, deveriam realizar manifestações em frente aos postos de gasolina, ao Sindipetro, nos supermercados, na frente do Palácio do Planalto.

Quando um grupo que se diz representante dos interesses dos trabalhadores cala diante dos desmandos de seus aliados, por ideologia ou por interesse menor, escancara o real motivo de suas manifestações. O Bloco de Lutas só sai às ruas para protestar contra os que não estão alinhados politicamente com eles. Na verdade, seus integrantes não passam de massa de manobra e representantes de interesses políticos de seus comandantes.

Refinaria de Pasadena

Renato Duque pediu US$300 mil para a SBM

O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco afirmou em sua delação premiada que o ex-diretor de Serviço Renato Duque – acusado de arrecadar propina para o PT no esquema de corrupção na estatal petrolífera desbaratado pela Operação Lava Jato – pediu ao representante da multinacional SBM Julio Faerman a quantia de US$ 300 mil a título de “reforço de campanha durante as eleições de 2010”.

“Provavelmente atendendo pedido de João Vaccari Neto, o que foi contabilizado  à época como pagamento destinado ao Partido dos Trabalhadores”, afirmou Barusco, sobre os pagamentos de propina da SBM, empresa envolvida no mais emblemático escândalo da Petrobrás – a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Braço direito do ex-diretor de Serviços – nome indicado pelo PT na Petrobrás -, Barusco afirmou que recebeu entre 1998 e 2010 US$ 22 milhões em propina por conta de contratos entre a Petrobrás e a SBM. O delator detalhou as contas por onde esse dinheiro passou, sendo guardado na Suíça.

O delator apontou que a SBM pagou propina em contrato de plataforma do pré-sal. “No ano de 2007 foi firmado contrato entr a SBM e a Petrobrás para fornecimento de um FPSO chamado P-57, cujo valor do contrato foi de R$ 1,25 bilhão, período em que já ocupava o cargo de gerente-executivo de Engenharia, tendo recebido 1% sobre o valor do contrato a titulo de propina, paga por Julio Faerman período 2007 até outubro de 2010.”

Estadão/conteúdo

Crônica

Lá vem ela. Gostosa. Toda prosa. Fiu! Fiu!

César Cabral*

Há quem diga que o Brasil não é um país, mas sim uma piada. Não creio; se for é de muito mau gosto, do tipo Charlie Hebdo. Não é, também, o país mais corrupto do mundo já que uma dúzia deles pela África, America do Sul e pelo oriente ganham de goleada já nos dez primeiros minutos de competição.

O Brasil também não é um país violento mesmo que nesse quesito nossa posição mundial seja considerável; há mais mortes no trânsito em uma semana por aqui do que em um ano em Nova York. Aqui se matam mais mulheres do que em países sabidamente antimulheres que as exterminam a pedradas ou as mutilam costurando suas vaginas.

Eu moro na segunda cidade mais violenta do mundo. No Rio de Janeiro balas perdidas acertam quem não tinha nada a ver com os tiroteios entre traficantes. Polícia bate nos protestantes porque goza e mata porque é despreparada, desequilibrada.

Na política nada há nada mais patético, rasteiro e, dizem, democrático, pois qualquer brasileiro pode votar e ser votado; vai de Sarney a Tiririca passando por um presidente dessa república analfabeto eleito e reeleito. E só Tupã sabe o que compõe assembleias legislativas e mais de cinco mil camaras municipais. Famoso ou apenas notório, seja lá por que for, tem vitória garantida em qualquer eleição.

É o caso do vereador Aonde é; um entregador de pizza que ganhou essa identificação por perambular por um bairro da periferia, em busca de um endereço perguntando: aonde é? Eleito, com esse nome, “Aondeé” na urna eletrônica, em três meses comprou sete apartamentos com parte do salário dos assessores de seu gabinete. Foi preso, solto e está de volta a câmara municipal e terá que dar explicações a “comissão de ética”. Mas já declarou: “fui vítima de uma armação”.

Somos chamados de “macaquitos” pelos argentinos não porque somos negros, mas por que imitamos os norte-americanos em tudo até onde formos capazes. Operações militares eles batizam com expressões de grande efeito como Tempestade no Deserto; parece titulo de filme feito em Hollywood. Aqui nossas operações policiais têm nomes espalhafatosos como Operação Lei Seca, Operação Satiagraha, Operação Lava-Jato. Assim mesmo, com hífen e tudo.

Esse Brasil meio galhofeiro infestado de bandidos, larápios, vigaristas e povo ignorante (lato senso como adjetivo e substantivo de dois gêneros) não é, certamente, o pior dos mundos; muito menos o melhor. Nem uma coisa nem outra. È impagável, ridículo, cômico de nascença, carnavalesco.

E chegou o carnaval! E chegou durante e enquanto a patifaria come solta, pois o negócio é sambar. Com alegria, com graça. Na escola de samba União da Ilha, do coração de Graça Foster há 18 anos, e onde ela já desfilou outras vezes, esse ano o enredo será uma graça: “Beleza Pura?”. Segundo o jornal O Globo, o presidente da escola diz que as portas estão abertas para tão ilustre e bela figura que “poderá escolher entre, pelo menos, cinco fantasias para representar o enredo “Beleza Pura?”. A escola, que pretende tratar sobre o tema da beleza de maneira bem-humorada, irá compor o desfile com disfarces de “Frangos de Academia” - em uma referência às pessoas que têm obsessão por malhar -, “Rei do pop e do Retoque”- representando o cantor Michael Jackson -, “Zé Bonitinho, o perigote das mulheres”, “A corte da moda” e “O Herói e a Proteína”.

Se Graça Foster sambar, na avenida, cantará faceira o refrão “Lá vem ela, toda prosa, gostosa, fiu, fiu! A beleza tá no seu interior. Nos olhos de quem vê. No verdadeiro amor”. Na última vez que Graça Foster desfilou na União da Ilha foi na ala Xangô “orixá relacionado à justiça, que nas religiões afro é visto como aquele que castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores”. A União da Ilha tem entre seus patrocinadores a Petrobras de quem recebe um milhão de reais.

Quem me contou essa história foi Vulpino Argento, o Demente, suplente de senador não eleito que leu a notícia no jornal O Globo que não permite que suas matérias sejam publicadas, transmitidas por broadcast, etc, sem autorização. O que é justo. Mas ler e comentar, no boca a boca, acho que pode. Não sei se esse enredo da União da Ilha, “Beleza Pura?”, é mesmo uma pergunta, uma gozação com a Graça Foster ou se é mesmo coisa de Brasil pátria educadora e seus brasilinos.

*Jornalista e escritor

Bom Dia!

Muito desiludido!

O cara vai ficando velho, assim como eu, e sempre que faz um comentário ou escreve o que pensa, corre o risco de ser considerado saudosista ou ultrapassado. Não me incluo em nenhum dos casos, mas admito que tem quem pense que sou.

Hoje acordei pensando no meu tempo de juventude, quando comecei a formar minha ideologia política e a tratar, com mais seriedade,  das questões que nos acompanham para o resto da vida.

Naquele tempo, quando escutava meu pai contar de sua participação na Revolução de 30, ao lado de Getúlio Vargas, ficava admirado com a quantidade de políticos importantes e sérios. Já nem falo nos fantásticos oradores que se destacavam nas tribunas de todo o Brasil.

A política era uma coisa séria, os políticos tinham ideais que defendiam com veemência e recebiam os votos de eleitores que escolhiam seus eleitos pela capacidade, pela honra, pela garantia de que seriam bem representados.

Não lembro, em nenhum momento, de ter escutado meu pai falar em corrupção. Ladrão, político ou não, era mandado para a cadeia. Os políticos, em alguns casos, eram criticados por casos com vedetes do teatro rebolado. Esclareço que não estou afirmando que não existissem desonestos na política. Acho até que eles ocupavam seus espaços, nos parlamentos e nos governos, mas eram poucos.

Nem preciso falar do que acontece hoje nessa nossa pátria amada e idolatrada. Não há um só segmento governamental e/ou político que não esteja envolvido em algum tipo de denúncia. A corrupção e a roubalheira tomaram conta dos espaços que antes eram ocupados por gente séria. Ocupar um cargo no governo, salvo raras e honrosas exceções, significa formar um belo patrimônio ou juntar uma polpuda quantia para garantir uma aposentadoria tranquila.

A política séria, repleta de idealismo, acabou. Seu espaço foi ocupado pela política do conchavo, dos acordos, da submissão aos cargos, da troca de favores. Basta abrir um jornal, ligar o rádio ou a televisão, para ser sufocado por um noticiário que só fala em roubo e corrupção. Não se escuta um discurso sério, um pronunciamento que se possa guardar como documento por seu conteúdo e importância.

Meu pai se fosse vivo, certamente estaria pensando em uma nova revolução. O problema seria encontrar quem liderasse o movimento.

Eu, sinceramente, mesmo sem perder a esperança, não acredito em solução próxima para a crise que tomou conta do Brasil. Lamento, mas estou muito desiludido.

Tenham todos um Bom Dia!