Lamentavelmente, em 15 dias do novo governo Dilma Rousseff
(PT), descobrimos que praticamente todas as suas promessas de campanha não eram
verdadeiras. Bastou que a presidente assumisse para começar a fazer tudo o que
disse que não faria.
Ao ler o editorial de hoje do jornal O Estado de São
Paulo, pensei que é muito melhor que todos leiam e tomem conhecimento do quanto
existe de mentira naquilo que a presidente repete em seus discursos.
Tenham todos um Bom Dia!
Devagar, quase parando
O
ESTADO DE S.PAULO
16 Janeiro 2015
Uma das
inverdades mais repetidas pela presidente Dilma Rousseff, o mito de um Brasil
em crescimento num mundo em recessão, continua sendo desmentida por números oficiais.
A estagnação da economia foi mais uma vez confirmada pelo Índice de Atividade
Econômica do Banco Central (IBC-Br), usado por especialistas do setor privado
como prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Esse índice cresceu 0,04% de
outubro para novembro, quase nada, e ficou 0,49% abaixo do nível de um ano
antes, na série depurada de efeitos sazonais. Encolheu 0,12% no ano e diminuiu
0,01% nos 12 meses até novembro. Com esse quadro se reforça, de novo, a
estimativa de crescimento econômico muito próximo de zero em 2014. Os dados
conhecidos, ainda incompletos, confirmam a avaliação de um fecho desastroso
para o primeiro mandato da presidente reeleita - um final de ópera dramática
para uma comédia de erros.
O enfraquecimento da
indústria e o corte de empregos industriais tornam o cenário especialmente
sombrio. No mundo avançado, o fenômeno rotulado como desindustrialização é
explicável principalmente por dois fatores: 1) a transferência de fábricas para
economias onde a mão de obra é mais barata e as políticas ambientais, menos
severas; e 2) a expansão de um setor de serviços moderno, produtivo e em boa
parte vinculado ao desenvolvimento de novas tecnologias. Embora diferentes, os
dois fenômenos afetam de maneira semelhante a composição estatística do PIB nos
países desenvolvidos. O caso brasileiro é outro.
No Brasil, a palavra
desindustrialização designa, principalmente, o enfraquecimento da atividade
fabril. A indústria foi, durante muitas décadas, o foco principal de
modernização da economia - pela diversificação da oferta de produtos, pela
mudança tecnológica e por seus efeitos na dinâmica social e na conformação
institucional do País. Os maiores ganhos de produtividade, nos últimos 30 anos,
ocorreram na agropecuária, mas esse avanço consistiu, essencialmente, na
absorção de padrões industriais pelas atividades do campo.
A agropecuária se
mantém produtiva e com bom desempenho pelos padrões internacionais, mas a
indústria, principalmente a de transformação, perdeu competitividade, exceto em
alguns segmentos, como o aeronáutico. A perda de poder de competição reflete
essencialmente as deficiências e erros da política econômica e as limitações
impostas pelo ambiente de negócios. Mais de meio milhão de estudantes com nota
zero na prova de redação, no último Exame Nacional do Ensino Médio, são parte
do cenário.
Números oficiais
mostram também a peculiar desindustrialização brasileira. A produção industrial
diminuiu 0,4% de outubro para novembro e ficou 5,8% abaixo do valor de novembro
de 2013. Além disso, encolheu 3,2% tanto em 12 meses quanto no acumulado de
janeiro a novembro. Nos três anos anteriores o desempenho do setor já havia
sido muito ruim.
O déficit comercial
de US$ 3,93 bilhões no ano, o primeiro depois da série de superávits iniciada
em 2001, resultou do fracasso da indústria no comércio internacional. Em 2014,
o superávit do agronegócio foi insuficiente para compensar o mau desempenho da
maior parte do setor industrial.
Um dos efeitos do
enfraquecimento da indústria foi o corte de pessoal, com deterioração da
qualidade média do emprego. A maior parte das vagas abertas nos últimos anos
foi associada a ocupações de baixa tecnologia e escassa produtividade.
A divulgação do
IBC-Br de novembro coincidiu com a publicação, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), de mais uma pesquisa de emprego industrial. Em
novembro, o contingente empregado na indústria foi 0,4% menor que em outubro e
4,7% inferior ao de um ano antes. No setor, o número de assalariados diminuiu
3,1% no ano e 3% em 12 meses.
A presidente talvez
continue alardeando a criação de postos de trabalho. Uma informação mais
completa acrescentaria: postos abaixo de medíocres, com baixa produtividade e
salários muito modestos. Será essa a economia de seus sonhos?