Editorial

Marta e o PT

O Estado de São Paulo

13.01.2015

O Palácio do Planalto e o PT acharam prudente dar um tempo antes de se manifestarem oficialmente, mas se decidirem vir a público para definir uma posição a respeito da entrevista concedida a Eliane Catanhêde e publicada no domingo pelo Estado em que Marta Suplicy diz o que pensa sobre ambos, dificilmente terão algo novo a dizer, uma vez que a senadora paulista, não obstante a importância política de seu depoimento, também não revelou nenhuma grande novidade. As críticas que fez ao PT são, em síntese, exatamente as mesmas que têm sido colocadas pelo contingente cada vez maior de ex-petistas desiludidos: obcecado pelo poder, o PT traiu suas origens.

Assim, a entrevista da ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra da Cultura, menos por suas revelações, mas pela relevância política de quem as faz, traz uma contribuição importante para o debate no momento em que o futuro do governo Dilma Rousseff e de seu partido ganha destaque na agenda política.

Marta Suplicy é categórica em seu diagnóstico: “Ou o PT muda, ou acaba”. O sintoma mais evidente da deterioração do projeto político original do partido, para a senadora, são os “desmandos” que têm cometido o governo e os responsáveis pelo comando da legenda: “Cada vez que abro um jornal, fico mais estarrecida com os desmandos do que no dia anterior. É esse o partido que ajudei a criar e fundar? Hoje, é um partido que sinto que não tenho mais nada a ver com suas estruturas. É um partido cada vez mais isolado, que luta pela manutenção no poder”.

A ex-prefeita, que foi uma das principais articuladoras do movimento “Volta, Lula”, que propunha a candidatura do ex-presidente à sucessão de Dilma já em 2014, confirma na entrevista que, embora Lula estivesse muito insatisfeito com o desempenho e o comportamento de sua criatura – “Estou conversando com ela, mas não adianta, ela não ouve” – e por isso tivesse realmente cogitado substituí-la como candidato, jamais admitiu publicamente essa hipótese e acabou chegando à conclusão de que não deveria entrar na disputa: “Ele é um grande estadista, mas não quis enfrentar Dilma. Pode ser da personalidade dele não ir para um enfrentamento direto, ou porque achou que geraria uma tal disputa que os dois iriam perder”. Percebe-se a preocupação de Marta de poupar Lula, embora não consiga disfarçar a frustração por ter sido preterida por ele, em benefício, respectivamente, de Fernando Haddad e de Alexandre Padilha, nas escolhas para os candidatos do PT a prefeito da capital e a governador, em 2012 e 2014.

Apesar das acusações de Marta ao governo Dilma em geral e em particular ao novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, e ao presidente do PT, Rui Falcão, é provável que o Palácio do Planalto prefira não se manifestar. Num primeiro momento as lideranças do PT adiaram uma possível declaração oficial sob a alegação de que precisavam, antes, “consultar Lula”.

Militantes do PT, no entanto, adiantaram-se na tentativa de desqualificar a ex-ministra e suas opiniões, apelando ao argumento de que ela estaria agindo movida por “mágoa” ou por cálculo, neste caso porque estaria disposta a deixar o PT para concorrer à sucessão de Fernando Haddad no ano que vem. 

Declaração do deputado federal Vicente Cândido (SP), além de contrariar os fatos, dá o tom com que os petistas pretendem tratar a questão: “Eu lamento. A Marta teve todas as portas abertas no PT e sempre galgou os cargos que almejou”.

Por sua vez, o vice-presidente petista Alberto Cantalice, aquele que divulgou no site do partido uma “lista negra” de jornalistas que acusou de “maldizer os pobres”, queixou-se do óbvio: “É uma entrevista muito ruim para o partido. Essas vaidades, colocando interesses pessoais acima do partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito maus olhos”.

Outro vice-presidente do PT, José Guimarães, preferiu fazer um ataque direto à senadora de seu partido, recorrendo ao expediente lulista de lançar acusações ao vento: “Ninguém do PT tem o direito de ser instrumento de manipulação de quem quer que seja”. O PT, de fato, precisa mudar. E muito.

Mais um aumento

Fim do aporte ao setor elétrico

Durante café da manhã com jornalistas, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, anunciou que a previsão de aporte de R$ 9 bilhões ao setor elétrico, será revista.

A medida implica em dizer que o consumidor de energia deverá bancar o valor com um aumento maior na conta de luz. A previsão é de que a ausência do repasse gere um aumento de 9% nas contas.

Com a decisão do governo, as contas de luz dos brasileiros podem sofrer em 2015 aumentos ainda superiores aos registrados no ano passado – alguns acima dos 30%.

Opinião

Que vergonha!

Machado Filho*

A desfaçatez, a falta de vergonha, e o desmando, definitivamente tomaram conta do Brasil. Já não há mais preocupação em, pelo menos, tentar disfarçar a pouca vergonha e forma descarada com  que o governo trata das coisas.

Hoje comentei que o “benefício” dos aposentados que ganham mais do que um salário mínimo foi reajustado em 6,23%. Uma verdadeira esmola que o governo, ditatorialmente como sempre, jogou para quem trabalhou uma vida inteira para que o Brasil progredisse. O salário máximo permitido para um aposentado, é de R$ 4.600 em números redondos.

Pois agora leio que a presidente Dilma, a mesma que ofereceu este miserável aumento para os idosos, autorizou um reajuste de 14,6%, mais do que o dobro do aumento aos aposentados, aos ministros do STF e para a Procuradoria Geral da República. Os magistrados, que ganhavam R$ 29.462,25 passam a receber,mensalmente, R$ 33.763,00, fora os penduricalhos que, em alguns casos, dobram este valor.

Claro que a senhora e o senhor sabem que quem paga tudo isso, somos nós, contribuintes, sem que o governo se importe em saber se temos ou não condições de arcar com tantos impostos que, ao final das contas, servem para manter as mordomias vitalícias de quem ganha mais de R$ 30 mil  todos os meses.

Juro que não sou contra o que ganham os ministros do STF e o pessoal da PGR. O que não aturo, é esta disparidade vergonhosa e insana imposta por um governo que se diz dos e para os trabalhadores. Enquanto garante votos com um programa eleitoreiro como o Bolsa Família, trata de adoçar a vida dos ministros do STF que, ao final, decidirão questões importantes de interesse do governo.

Até quando aturaremos a bandalheira oficial? Até quando vamos ficar calados diante da corrupção, da roubalheira, do toma lá, dá cá, que só beneficia os aliados do Planalto. Em nome de quem este governo corrupto age para destruir e roubar estatais, privilegiando quem lhe interessa e espezinhando quem não lhe rende alguma coisa.

Que vergonha!!!!! 

*Jornalista

Bom Dia!

Aposentaram o aumento para os aposentados

Dificilmente alguém conseguirá explicar os motivos que levam o governo federal a determinar um aumento abaixo dos índices de inflação aos aposentados. Pois assim, sem qualquer explicação, mesmo que os índices oficiais da inflação tenham alcançado 6,41% em 2014, o reajuste para aposentado que ganha mais do que um salário mínimo por mês, será de 6,23%. O teto do benefício, para quem trabalhou e contribuiu uma vida inteira, passa para R$ 4.663,75 mensais.

Como o salário mínimo foi reajustado em 8,8%, a perda para os aposentados, em percentuais, foi de 2,57%. Faça os cálculos:

Quem ganhava dois salários mínimos (R$ 1448,00) em 2014, com o reajuste de 8,8% passaria a receber R$ 1576,00. Só que o reajuste foi de 6,23%, elevando o salário do aposentado para R$ 1538,00, ou seja, uma perda mensal de R$ 38,00. Quem ganhava dois salários mínimos em 2014, já não ganha mais em 2015. Logo, logo este aposentado passará a ganhar um salário mínimo por mês. E o governo chama o pagamento dos aposentados de “benefício”.

Enquanto isso, os clubes de futebol, no Brasil, devem R$ bilhões para o INSS e o governo não toma nenhuma providência. Pagam salários milionários para seus jogadores e não pagam a Previdência. Mas se o trabalhador ficar desempregado e deixar de contribuir para o INSS,sofrerá todos os rigores da Lei. Bem, estamos no Brasil, não é?

Pensei em comentar sobre vários assuntos neste começo de manhã, mas a questão dos aposentados me irrita tanto, que vou ficar por aqui. Não se pode tratar com seriedade uma decisão governamental que prejudica a quem mais faz pelo país. O governo, definitivamente, aposentou o aumento dos aposentados.

Tenham todos um Bom Dia!