Já me desculpei,
aqui mesmo, por não estar conseguindo dedicar o tempo que gostaria para manter
este encontro diário com todos os meus amigos e leitores. Estou num período de
readaptação nas atividades que desempenho e quase sem possibilidades de manter atualizado
este blog. Mesmos assim, no começo desta manhã de sexta-feira, dois dias antes
das eleições, quero deixar aqui, para reflexão de todos, um editorial do jornal
O Estado de São Paulo, que mostra muito bem o que está sendo feito com as instituições
governamentais, descaradamente utilizadas para garantir a reeleição da petista
Dilma Rousseff. E eles ainda tentam desmentir, na maior cara de pau e
desfaçatez que eu já vi. Leiam e concluam.
Tenham todos um
Bom Dia!
Aparelhamento
sem pudor
O ESTADO DE
S.PAULO
03 Outubro 2014
Os Correios já foram uma das estatais
mais admiradas, pela qualidade e capilaridade dos seus serviços. Era um símbolo
inequívoco da unidade do País, aproximando a sua população, do Oiapoque ao
Chuí. Mas o aparelhamento promovido pelo PT na última década desfez esse
símbolo e a cada dia reescreve a história da estatal, transformando-a num mero
cabo eleitoral. O episódio mais recente dessa triste história é um vídeo obtido
com exclusividade pelo Estado, no qual o deputado estadual mineiro Durval Ângelo (PT) expressa
satisfação e orgulho pelos bons serviços prestados pelos Correios à campanha
petista em Minas Gerais, pelo apoio tanto à candidata à reeleição Dilma
Rousseff como ao candidato a governador Fernando Pimentel.
O conhecido aparelhamento da
administração pública promovido pelo PT recebeu nova prova - histórica -, agora
em vídeo. Uma prova que não pode ser negada nem contestada. O vídeo em questão
é similar aos vídeos - infelizmente, bastante conhecidos dos brasileiros - que
flagram um corrupto recebendo, por exemplo, uma mala de dinheiro. No caso dos
Correios, é a prova incontestável do uso de uma empresa estatal - que deveria
servir ao público - em benefício de um partido.
Na reunião gravada, tudo é dito
abertamente, sem qualquer escrúpulo, sem qualquer pudor. Diz o deputado
petista: "Se hoje nós temos a capilaridade da campanha do (Fernando)
Pimentel e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos
Correios".
Para que não pairasse dúvida do grau
de importância da reunião, o próprio presidente dos Correios, Wagner Pinheiro,
está lá presente, como testemunha do aparelhamento. Da mesma forma que um
presidente de uma empresa privada ouve dos seus gerentes os bons resultados
operacionais da empresa, Wagner Pinheiro ouve de Durval Ângelo os bons
resultados da ação dos Correios em prol das campanhas de Dilma e de Fernando
Pimentel no Estado de Minas Gerais. "Se hoje nós estamos com 40% em Minas
Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios", diz Durval, acintosamente.
Diante da revelação feita pelo Estado, o
presidente dos Correios emitiu uma nota na qual afirma que "os Correios
não estão contribuindo com a campanha de qualquer candidato". Justifica-se
dizendo que "a reunião não ocorreu durante o expediente e a empresa não
custeou despesas relacionadas a ela". É como dizer que um deputado não
recebeu propina como deputado porque não era no seu horário de trabalho.
No vídeo, o deputado pede a Pinheiro
que faça a direção nacional do PT saber dos bons serviços prestados pela
estatal. "Queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também
faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma a
grande contribuição que os Correios estão fazendo". O vídeo explicita
assim não apenas o aparelhamento, mas como é feita a coordenação do
aparelhamento e como o PT não brinca no poder. Instala-se e cobra resultados -
e os camaradas têm grande zelo em mostrar os resultados obtidos. Que não fique
nas sombras o empenho deles no aparelhamento.
Durval não podia ser mais explícito:
"No dia da reunião que tivemos no hotel (da qual participou Pimentel), o
Helvécio Magalhães (coordenador da campanha do petista) falou: vou me reunir
com a equipe ainda esta semana e liberar a infraestrutura. E se hoje nós temos
a capilaridade da campanha do Pimentel e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é
graças a essa equipe dos Correios". Diante da repercussão do caso, Durval
explicou que "liberar a infraestrutura" era uma referência a
funcionários petistas dos Correios que pediam férias para fazer campanha. O
vídeo mostra o contrário: o uso da máquina pública, e não do tempo livre
privado, para fazer campanha.
O que se vê no vídeo é uma espécie de
sentimento do dever cumprido. Mas o parlamentar petista alerta: aquilo ainda
não era uma prestação de contas completa. Esta virá após a eleição de Dilma e
Pimentel, na qual - pelas suas palavras - a estatal está fortemente empenhada.
É o aparelhamento sem pudor e sem escrúpulos.