segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Comentário

Como Dilma faz para derrotar Marina*

Ricardo Noblat

Quem disse: “A Petrobras nunca foi, não é e nunca será uma empresa bandida”. Ou: “Pode-se fazer auditoria por 50 anos que não se vai achar nada de ilegal na Petrobras”.
Ou ainda: “A compra da refinaria de Pasadena foi um bom negócio”. E por fim: “Não existe homem-bomba”.
Quem disse foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, preso como uma das cabeças da roubalheira na empresa.
Sim, senhor, foi ele mesmo, nomeado por Lula em 2006 para a diretoria da Petrobras a pedido do Partido Popular (PP).
Dez anos antes, quando ainda se chamava Partido Liberal, o PP cobrou R$ 6 milhões do PT para indicar o vice na chapa de Lula – o empresário mineiro José Alencar.
Lula e Alencar testemunharam o fechamento do negócio em um apartamento de Brasília.
Sabe o que levou Paulo Roberto a se transformar em um homem-bomba, delatando quem roubou ou ajudou a roubar a Petrobras? O medo de ver suas filhas e genros presos como “testas de ferro”.
Um agente da Polícia Federal informou certo dia a Paulo Roberto que fora assinada uma ordem de prisão contra uma de suas filhas. Ele então desandou a falar. Não parou mais.
Há 15 dias, na sabatina do jornal O Globo com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, ela repetiu várias vezes que era a principal interessada na apuração de denúncias de corrupção dentro ou fora da Petrobras.
Quanto a Paulo Roberto, garantiu que ele jamais fora homem de sua confiança. Não tinha com ele, sequer, a mais remota afinidade. Tanto que o demitiu em 2012.
Àquela altura da sabatina, eu ainda não sabia que o homem sem afinidade com Dilma havia sido um dos 400 convidados por ela para o casamento de sua filha em Porto Alegre, no final de 2008.
Na ocasião, Dilma recepcionou Lula, 10 ministros de Estado e 11 governadores. Trajava um vestido azul-petróleo. Lula confraternizou com Paulo Roberto, a quem chamava de “Paulinho”.
Quer ver uma fotografia de Paulo Roberto no casamento? Quer mesmo? Esqueça. Os vestígios da passagem dele por lá foram apagados.
Aproveitei a sabatina para perguntar a Dilma: “Se a senhora tanto se empenha em investigar a corrupção por que não deu ordens expressas ao seu pessoal da CPI da Petrobras para proceder assim?”
Dilma deu uma larga volta para ao fim e ao cabo não responder minha pergunta. Insisti: “A CPI só fez enrolar até agora. Nada investigou. E os aliados da senhora são maioria na CPI. O que me diz a respeito?”
Dilma deu outra larga volta para não responder. “Desculpe, mas a senhora não respondeu”, teimei. Ela aproveitou a pergunta de outro colega e mudou de assunto.
No dia 19 de agosto passado, seis dias depois do desastre aéreo que matou Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente da República, Dilma foi cercada por um grupo de jornalistas durante viagem a Rondônia.
Um deles perguntou sobre Marina Silva, a vice de Eduardo e substituta dele como candidata a presidente. Dilma franziu o cenho. E respondeu com má vontade.
- Meu querido, eu quero dizer para você: vou fazer a minha campanha. Tenho muito que mostrar. Não posso ficar preocupada com qualquer pessoa.
Na véspera, pesquisa Datafolha conferira a Dilma 36% de intenções de voto contra 21% de Marina. No dia 29 daquele mês, as duas apareceram empatadas no Datafolha com 34% a 34%.
Desde então, Dilma se ocupa em fabricar mentiras diárias contra Marina. Precisa que a rejeição dela aumente para que possa tentar derrotá-la no segundo turno.

*Publicado no jornal O Globo, edição do dia 22.9.14

Eleições 2014

Dilma entra em atrito com jornalistas

Foto: Globo
Depois de citar dados imprecisos, candidata do PT é contestada pela jornalista Miriam Leitão no Bom Dia Brasil sobre dados da economia mundial

Em entrevista que foi ao ar na manhã desta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff (PT) candidata à reeleição, voltou a entrar em atrito com jornalistas da Globo. Em 18 de agosto, Dilma teve momentos tensos com Patricia Poeta e William Bonner no Jornal Nacional. Dilma, inclusive, cancelou sua participação no Jornal das Dez, no mesmo dia e no Jornal da Globo, semanas depois.

Na entrevista que foi levada ao ar hoje, gravada no domingo de manhã no Palácio da Alvorada, Dilma citou dados imprecisos sobre a economia, sendo contestada pela jornalista Miriam Leitão. Dilma disse que os Estados Unidos vivem às voltas com o perigo da deflação, enquanto a jornalista corrigiu afirmando que a meta inflacionária americana é de 2% ao ano.

Ambas voltaram a divergir quando o assunto foi a taxa de desemprego. A presidente alegou que o Programa Nacional  por Amostra de Domicílio (Pnad) não mede desemprego. Mas o Pnad calculou que a taxa de desemprego no Brasil atingiu 7,3% no primeiro trimestre deste ano.

Dilma, mais uma vez, deixou bem clara sua impaciência ao ser interrompida durante a entrevista. Ela pediu “tempo para responder” e também para “completar o pensamento”.

Cafezinho


Resumo de informações que são destaque nos portais e agências de notícias nesta segunda-feira, dia 22

Marina promete não disputar novo mandato se for eleita
Marina Silva, candidata do PSB à presidência da República, afirmou hoje, 22, que, caso seja eleita, quer cumprir o mandato de quatro anos e dar o lugar para outro. A participar de uma sabatina com integrantes da Associação Nacional de Educação Católica, em Brasília, Marina criticou o processo de recondução aos cargos do Executivo que, segundo ela, “é um atraso para o país”
“Estou antecipando que só terei quatro anos de mandato porque vamos apresentar o projeto de reforma política aumentando o mandato de quatro para cinco anos”, disse Marina Silva (Agência Brasil)


Justiça nega compartilhamento de delação de Paulo Roberto Costa
A CPI mista que investiga a Petrobras, a Controladoria-Geral da União e a própria estatal, manifestaram interesse de ter acesso à delação que vem sendo realizada por Costa.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato, disse que “o momento atual não permite o compartilhamento, sem prejuízo de que isso ocorra no futuro”. Ele informou que o acordo (delação premiada)  ainda precisa ser levado ao juiz para ser homologado, o que não ocorreu. (Agência Estado)


Projeção para crescimento da economia segue em queda
Há 17 semanas seguidas a projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia em 2014, está em queda. De acordo com pesquisa do Banco Central (BC), a estimativa caiu de 0,33% para 0,30% de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Para 2015, a projeção caiu de 1,04% para 1,01%. A inflação, para 2014, foi ajustada de 6,29% para 6,30%. (JB)


Estado Islâmico pede que membros matem cidadãos de países contrários
Abu Moahamed al-Adnani, porta-voz do estado Islâmico, incentivou o assassinato de americanos, franceses, canadenses e australianos. Em mensagem divulgada em vários idiomas, a milícia Estado Islâmico fez um apelo na Internet para que seus seguidores matem os cidadãos dos países que integram a coalizão liderada pelos Estados Unidos para combatê-la. (UOL)


Depois de quase 20 anos, índios isolados fazem contato com tribo no AM
Um casal e quatro crianças do povo indígena Korubo fez contato com a tribo Kanamari no Rio Itaquai, na Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, no Amazonas. Após o contato, os índios Kanamari levaram o grupo para a aldeia Massapé e informaram a Funai. No dia 10 deste mês, a Fundação deslocou um helicóptero com intérpretes indígenas ao local. Segundo a Funai, no mesmo dia os indígenas receberam atendimento médico preventivo na aldeia. (G1)

Sem-teto

Dilma defende uso do Alvorada em campanha

A presidente Dilma reagiu aos comentários do presidente do TSE, José Dias Toffoli, que considera ‘vantagem indevida’ o uso do Palácio Alvorada em evento de campanha, afirmando que “todos os meus antecessores usaram o Palácio”. Dilma disse que não tem outra casa a não ser o Alvorada e que não quer ser “uma sem-teto”. Durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, Dilma disse que ‘não fica bem eu ficar sem-teto”. Ela prometeu um posicionamento oficial do Tribunal Superior Eleitoral para ver o que fará.

A pergunta que se faz necessária é o que sobra para os demais candidatos que não podem dispor do Palácio para suas campanhas? Todos eles e seus partidos devem arcar com despesa de aluguel de um local para usar como sede de suas campanhas. Concordo que a presidente não pode ficar “sem-teto”, mas poderia muito bem alugar uma sala para atender seus compromissos eleitorais. Teria um teto pago por ela ou pelo PT e não pelos brasileiros.
Quanto ao fato de seus antecessores terem usado o Alvorada para campanhas políticas, seria muito bom que a presidente desse o exemplo e acabasse com a prática.

OPINIÃO

Editorial do jornal O Estado de São Paulo publicado na edição desta segunda-feira, dia 22 de setembro.

A evidência de um fracasso

O ESTADO DE S.PAULO
22 Setembro 2014


Quando apresentou Dilma Rousseff como candidata a sua sucessão nas eleições de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva vendeu aos eleitores a imagem de uma gerente eficientíssima, a quinta-essência da competência administrativa, a verdadeira "mãe do PAC", o Programa de Aceleração do Crescimento, pacote de realizações nunca antes imaginadas na história deste País. Como base daquela campanha eleitoral, Dilma apresentou um programa criado para chamar de seu, o PAC 2. Quatro anos depois, apenas 15,8% das realizações prometidas em 2010 foram concluídas, 38,6% continuam em execução e 45,6% - quase a metade - permanecem no papel. Conclusão inescapável: o governo não funciona, é ineficiente, incapaz de cumprir satisfatoriamente até seus programas prioritários.

Esse fenômeno, definido como crise de Estado pelo professor José Arthur Giannotti em entrevista publicada pelo Estado no domingo (14/9), "acontece quando você decide em cima e a decisão não chega embaixo. E o Estado, dessa forma, não funciona. Já temos uma crise de decisão. Ela continua se Dilma ou Marina vencerem".
Na opinião do professor emérito de Filosofia da USP, essa crise tenderá a se agravar no caso da reeleição de Dilma porque "o PT e particularmente o Lula vão interferir muito mais no governo", assim como, na hipótese da eleição de Marina, esta terá de superar o desafio de "encontrar uma nova funcionalidade" para substituir esta "base aliada enorme que destruiu o Estado para ser construída e criou 39 ministérios", dos quais "nem a Dilma lembra mais quais são os ministros".

Esse é o resultado do completo aparelhamento da máquina governamental promovido pelo lulopetismo - por ironia, a pretexto de garantir a "governabilidade" - com o único propósito de criar condições para sua perpetuação no poder.

De fato, o que se pode esperar, em termos de eficiência, de um governo cujos cargos técnicos, em todos os níveis, são preenchidos para atender aos interesses políticos dos partidos que integram a "base aliada" em vez de levar prioritariamente em consideração a qualificação profissional e a idoneidade moral dos nomeados?

Obras do governo não são tocadas por funcionários públicos, mas por empreiteiras que, obviamente, procuram maximizar lucros. A responsabilidade dos funcionários do governo é agir com base nos mais rigorosos critérios de preservação do interesse público em todas as fases do processo de preparação e execução de um projeto, desde o edital e a preparação dos necessários contratos até a fiscalização das obras.

Ora, não se pode esperar que apaniguados políticos, cujo maior, se não único, mérito é usar uma estrela vermelha na lapela, sejam capazes de questionar competentemente aspectos técnicos ou orçamentários de projetos apresentados por empreiteiras mais do que experientes em negociar com o poder público. E seria ingenuidade imaginar, diante das evidências diariamente expostas na mídia, que os mais elevados padrões éticos sempre predominem nessas negociações.

Não foi por outro motivo que, durante seu governo, Lula se queixava sempre da atuação do Tribunal de Contas da União, que considerava extremamente rigorosa na fiscalização dos contratos para a realização de obras públicas.

Não foram Lula e o PT que inventaram a corrupção. Na verdade, o combate a ela sempre foi uma de suas principais bandeiras antes de chegarem ao Palácio do Planalto. A corrupção é produto do patrimonialismo historicamente predominante nas instituições governamentais desde os tempos coloniais. O lulopetismo tem apenas dedicado seus 12 anos no poder a aprimorar em benefício próprio os métodos da corrupção, como o demonstram, com uma estarrecedora clareza, o processo do mensalão e, agora, o escândalo da transformação da Petrobrás em fonte de recursos a serviço dos interesses políticos de PT e aliados.

E o mais trágico - o fenômeno diagnosticado pelo professor Giannotti do qual Dilma já deve estar se dando conta - é que esse verdadeiro poder invisível entranhado na máquina governamental tende a adquirir vontade própria. Ou seja: a decisão que se toma embaixo não é sempre, necessariamente, a que vem de cima.

Manchetes

Nos jornais de hoje




Destaques de jornais brasileiros nesta segunda-feira, dia 22 de setembro





- Governo admite punições para técnicos do IBGE
Presidente do instituto poderá ser demitida. Ministra diz que período eleitoral tornou o caso mais sério (Correio do Povo)

- Economia brasileira deve crescer só 0,30% este ano

Esta é a 17ª semana consecutiva em que o mercado revisa a projeção de crescimento para baixo no Relatório Focus (Estadão)

 

- Pressão de Fux por nomeação de filha, faz OAB alterar processo 

Marianna concorre a uma das vagas que cabem à OAB no chamado quinto constitucional -pela Constituição, um quinto das vagas dos tribunais deve ser preenchido por advogados, indicados pela OAB (Folha de São Paulo)

 

- MP e Polícia Federal investigarão bancos

Querem apurar as responsabilidades dos bancos com a movimentação ilegal de dinheiro de Youssef (O Sul)

 

- Dilma: ‘Costa tinha credenciais para o cargo’ na Petrobras

A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, assumiu ter responsabilidade pela escolha de toda a diretoria da Petrobras na época em que era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras (O Globo)

 

- RU da UFRGS reabre sem feijão e com arroz comprado pronto

Funcionamento a partir desta segunda-feira será sem o uso de caldeirões, que ainda não têm atestado de segurança (Zero Hora)


- Combate à corrupção não é prioridade de candidatos ao governo do PR 
Uma das bandeiras dos protestos que sacudiram o país em junho do ano passado foi o combate à corrupção. Mesmo assim, os principais candidatos ao Pa­­lácio Iguaçu ignoram o tema (Gazeta do Povo/PR)

- Mais de 130 mil curdos sírios fogem para a Turquia
De acordo com o vice-premier turco, o número pode aumentar caso prossiga a ofensiva dos extremistas (Correio Braziliense)

- Primavera começa nesta segunda e já mostra suas cores em BH
A variedade de cores da estação mais florida do ano já encanta as ruas da cidade, seja nos mercados ou nas áreas verdes.(Estado de Minas)

Eleições 2014

Justiça retira propaganda de Tarso na TV


Comerciais irregulares veiculados pela campanha do petista Tarso Genro, foram retirados do ar por determinação da Justiça Eleitoral. O primeiro problema aconteceu com a invasão de propaganda do governo do segundo colocado nas pesquisas, no tempo de televisão dos concorrentes a deputados estaduais e federais. A Justiça determinou que três comerciais deixem de ser apresentados e, em caso de repetição, mais inserções devem ser proibidas.

Tarso Genro (PT) sofreu uma segunda derrota quando a Justiça Eleitoral mandou retirar do ar um comercial em que o petista ataca a senadora Ana Amélia Lemos (PP), primeira colocada nas pesquisas, por ter trabalhado como assessora do Senado e jornalista em 1986. Por considerar que há irregularidade no comercial, foi determinado que o mesmo não seja mais veiculado pela campanha do PT.

Bom Dia!

O lado sujo da campanha! (2)


Começo meu comentário de hoje, falando sobre uma decisão da Justiça Eleitoral que mandou retirar do ar propaganda irregular do candidato petista Tarso Genro. Uma por invadir tempo de concorrentes a deputados estaduais e federais. Outra, por atacar a candidata Ana Amélia Lemos que trabalhou como assessora do Senado e como jornalista em 1986. Já vou publicar a notícia por inteiro.
Antes, quero lembrar de meus comentários de final de semana em que critiquei a maneira suja e rasteira como certos partidos, candidatos e militantes, estão atuando na campanha eleitoral.
Aprendi, desde minha juventude, que fazer política é batalhar por seu candidato, por seus ideais, por defender uma ideologia. Sempre votei em candidatos nos quais acreditei, por  apresentarem melhores propostas, por não acreditar no que os demais pregavam e prometiam. Devo ter me enganado algumas vezes, mas tenho a consciência tranqüila de que votei por decisão própria.
Hoje, lamentavelmente, o que tenho assistido é um verdadeiro mar de lama, de denúncias falsas, de hipocrisia, de gente que julguei séria e honesta, utilizando principalmente as redes sociais, para derramar um monte de lixo tentando, de qualquer forma e a qualquer custo, denegrir a imagem de seus opositores. Muito menos preocupados em defender seus candidatos, preferem criticar quem ameaça seus projetos eleitorais.
De hoje até o dia 5 de outubro, quando deveremos eleger o presidente, governador, senador e deputados federais e estaduais, teremos muita coisa acontecendo. E o que mais me entristece é saber que, cada vez mais, os desesperados estarão inundando nossos dias via televisão, jornal, rádio e Internet, de material sujo, de denúncias rasteiras de falsidade e outras barbaridades maiores. Lamentavelmente, temos mais alguns dias para conviver com o lado sujo da campanha.

Tenham todos um Bom Dia!