sábado, 21 de junho de 2014

Coreia do Sul X Argélia

Copa não é só festa de futebol!

Claudio Dienstmann*


O antigo craque Paulo Roberto Falcão disse que “torcedor de Copa do Mundo não é torcedor de futebol, é torcedor de Copa”. O jornalista Ibsen Pinheiro acrescentou que “nós que gostamos permanentemente de futebol sofremos uma verdadeira invasão durante a Copa, porque no período todo mundo se interessa por futebol”. A situação para o jogo Coreia do Sul x Argélia, neste domingo 22 de junho no Beira-Rio, confirma exatamente isso: muito mais do que futebol, Copa do Mundo é um grande acontecimento universal.
Ninguém nesses dois países claramente jamais imaginou grandes coisas na Copa, incluindo as dezenas de milhares de seus torcedores que atravessaram o mundo para acompanhar os dois times em 2014. Apesar das escassas possibilidades em campo, porém, todos os ingressos para o jogo Coreia x Argélia foram vendidos. É que mais do que apenas viver a sua paixão por futebol, coreanos e argelinos e todos os demais visitantes vieram se divertir, desfrutar, fazer amizades, ver  pessoas e lugares, conhecer costumes e culinária, curtir em paz, se pintar, gritar, rir, namorar, participar, compartilhar, tomar cerveja. Ibsen e Falcão estão cobertos de razão, Copa não é apenas uma bola de futebol rolando: de que outro jeito explicar os 67 mil espectadores com maioria da Colômbia e Costa do Marfim no jogo entre as suas equipes em Brasília quinta-feira dia 19, holandeses e australianos confraternizando pacificamente em Porto Alegre quarta 18, por exemplo?
Nem mesmo é necessário comprar um ingresso e ir a um estádio para desfrutar a festa da Copa.  O jornalista Wolfgang Niersbach, que depois foi chefe de imprensa e diretor de mídia e que hoje é presidente da Federação Alemã, levou essa descoberta para a prática na Copa de 2006. Ao ver a invasão da Alemanha (que pretendia mesmo e conseguiu  mostrar uma cara mais risonha), especialmente por sua vizinhança sem ingressos, foi Niersbach quem pensou as Fanfests, espalhando telões por todas as 12 cidade-sedes, e que reuniram cinco vezes mais pessoas em espaços públicos do que as milhões delas dentro dos estádios. A ideia foi tão boa que a Fifa correu atrás.
Mais importante do que entender de futebol é gostar de futebol, das suas consequências humanas e afetivas. Tem a história daquela senhora que foi pela primeira vez a um jogo só para acompanhar o marido-torcedor, ela só sabia que era um Gre-Nal, e a horas tantas afinal fez a pergunta definitiva, “Meu bem, contra quem mesmo é esse Gre-Nal de hoje?”.
Em Copa, nem precisa saber de futebol, pode ser simplesmente como a senhora que não sabia contra quem era o Gre-Nal e foi só acompanhar o marido. E jogos à parte, como Coreia do Sul x Argélia neste domingo no Beira-Rio, ainda vai ficar depois também o legado do campeonato – como por exemplo as milhares de câmeras de segurança que começaram a povoar Porto Alegre, para dar só um exemplo.

*Jornalista e Pesquisador

Eleições 2014

PTB e Solidariedade,  apoiarão Aécio

O presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Benito Gama, confirmou no início da tarde deste sábado (21) o apoio do partido à candidatura do senador Aécio Neves(PSDB-MG) à Presidência da República. Gama já havia comunicado a posição do partido ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, na sexta-feira (20).
O anúncio do presidente do PTB foi feito após reunião no Hotel Ibis, situado no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. A posição do partido será tornada oficial durante a convenção nacional do PTB, marcada para o dia 27 de junho.
"Quisemos avisar com antecedência porque seria muita indelicadeza deixar para avisar a presidente no dia da conveção. Preferi fazer isso agora e apoiar a maioria do meu partido", disse Gama.
A decisão é uma baixa para a campanha da presidente Dilma Rousseff, que contava com o tempo de TV do partido na propaganda eleitoral. Segundo o primeiro-secretário do PTB, Norberto Martins, o partido deve ter entre de 1 minuto e 5 segundos a 1 minuto e 10 segundos.

Solidariedade

O partido Solidariedade (SDD) oficializou neste sábado (21) o apoio da sigla à candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. O tucano, que foi aclamado candidato pelo PSDB no dia 14, prestigiou a convenção nacional do aliado oposicionista, em São Paulo.
Durante o evento partidário, os integrantes do Solidariedade aprovaram a indicação do nome do presidente da Força Sindical, Miguel Torres, para a vaga de vice na chapa encabeçada por Aécio. A indicação serve apenas como sugestão para a cúpula do PSDB, que ainda não definiu quem irá compor a chapa presidencial ao lado do senador mineiro.
Ao chegar à convenção do Solidariedade, Aécio reiterou que só irá fazer o anúncio do seu vice em 30 de junho e que o nome que será anunciar deve ser "complementar" a sua candidatura.

"O que há é um excesso de nomes qualificados. Nosso problema é um problema bom. É como o problema do Felipão, tem muita gente boa no banco para entrar e muita gente boa em campo", brincou o candidato do PSDB.

Pega na mentira!

Maioria de Aécio

Taline Oppitz*

Manifestações dos presidentes nacionais do PP, Ciro Nogueira, e do PT, Rui Falcão, de que quatro dos seis deputados federais gaúchos do PP apoiariam Dilma Rousseff na eleição causaram constrangimentos e cobranças das bases dos parlamentares. Jerônimo Goergen, Luiz Carlos Heinze, Renato Molling, Afonso Hamm e Vilson Covatti afirmaram à coluna que farão campanha pelo tucano Aécio Neves. José Otávio Germano não foi localizado.

Covatti, cujo apoio a Dilma era dado como certo, alegou que apenas participou do almoço do PP no Planalto, para o qual todos os deputados haviam sido convidados, e que fará campanha para Aécio para seguir a orientação de Ana Amélia e do partido no Estado.

*No Correio do Povo

Editorial

Por um Brasil de todos

O ESTADO DE S.PAULO*

Campanha eleitoral - e não se trata de outra coisa - é assim mesmo, quando os poderosos de turno resolvem se beneficiar das fragilidades das instituições democráticas: vale o que parece, não o que é; importa a versão, danem-se os fatos. E nessa aventura marota, na qual mergulhou de cabeça para evitar um desastre para o PT em outubro, Luiz Inácio Lula da Silva é insuperável. Por isso, não se pode negar razão ao senador Aécio Neves, agora candidato oficial dos tucanos à Presidência, quando declarou, na segunda-feira à noite em São Paulo: "Não vamos cair nessa armadilha do debate que apequena a política, do nós contra eles, da disputa de classes".
A pregação da luta de classes, mote desde sempre das campanhas eleitorais do PT, desvirtua um dos fundamentos da sociedade democrática, o de que para se conquistar o bem comum é preciso somar e não dividir. Desde suas origens políticas na luta sindical, Lula notabilizou-se por "partir para cima" de seus "inimigos", atacá-los sem trégua, eliminá-los sob qualquer pretexto. Houve apenas uma ocasião em que mudou de tática: por recomendação de seus marqueteiros, para consolidar a tendência de vitória nas eleições de 2002 passou a encenar o "Lulinha paz e amor". Tal como faria pouco depois, ao renegar, na famosa Carta aos Brasileiros, a pregação estatizante com que até então combatia a política econômica do governo FHC, Lula abandonou temporariamente - só temporariamente - sua vocação visceral para "guerra e ódio".
A mesmíssima prática marqueteira de manipular os fatos para impor a versão que mais lhe convém Lula adota agora na tentativa de transformar em limonada o intragável limão da manifestação anti-Dilma ocorrida na Arena Corinthians. Ninguém provido de um mínimo de sensatez, educação e civismo aprova o modo grosseiro, com o uso de expressões chulas, com que a presidente foi ofendida pela multidão.
Feita a ressalva necessária, é preciso também repelir com veemência a canhestra tentativa lulopetista de apresentar o episódio do Itaquerão como prova de que Dilma é "vítima das elites". Absolutamente, não. Registre-se que o ministro Gilberto Carvalho, homem de Lula dentro do Palácio do Planalto, saiu-se na última quarta-feira com a aparentemente surpreendente versão de que o episódio do Itaquerão não deve ser debitado a uma iniciativa da "elite branca" presente no evento, mas é o resultado da "pancadaria diária" de que o governo e o PT são vítimas nos meios de comunicação. Trata-se de uma variante tática do jogo lulopetista, que merece comentário à parte.
O fato é que a contundente manifestação no estádio corintiano foi o resultado do mesmíssimo sentimento de insatisfação difusa que desde junho do ano passado tem levado diariamente às ruas brasileiros que, frustrados por mais de uma década de um ufanismo mirabolante e vazio, começam a se dar conta de que caíram num enorme conto do Lula. E mesmo que se admita, apenas para argumentar, que a manifestação anti-Dilma no Itaquerão tenha sido obra exclusiva da "zelite", esta pode ser condenada por se ter comportado em relação à chefe do governo do PT exatamente da mesma forma como o PT e seu governo se comportam em relação a ela, a "elite"? Colhe-se o que se planta.
De qualquer modo, é profundamente lamentável que, faltando ainda quase quatro meses para o pleito de outubro, a campanha eleitoral esteja enveredando pelo descaminho da retórica belicosa com que Lula e o PT pretendem, em desespero, aprofundar entre os brasileiros a divisão alimentada pelo ódio. E por essa perspectiva desanimadora é também responsável a oposição, que entra no jogo do lulopetismo em vez de se concentrar numa campanha propositiva, que desmistifique, com objetividade e clareza, a empulhação populista de Lula e sua sucessora, aponte caminhos viáveis para garantir as inegáveis conquistas sociais e econômicas dos últimos 20 anos e defina uma rota segura para devolver ao Brasil a certeza de que estará rumando em direção à prosperidade econômica e à justiça social.
É preciso tirar o ódio do caminho e estimular a cidadania, valorizar a unidade na diversidade e lutar, com genuíno espírito democrático, por um Brasil de todos.

*Editoral de 21.06.14

Brizola

Dez anos sem Leonel Brizola

André Machado*

Quando Brizola morreu, eu acompanhava a minha mãe no Hospital Moinhos de Vento. Dona Léa fazia uma complicada cirurgia na coluna e ficaria quase uma semana na CTI. Enquanto uma multidão corria ao Palácio Piratini para despedir-se do homem no qual um dia acreditei mudaria este país, eu e meus irmãos permanecíamos ao lado da mãe, traumatizados pelos longos dias de CTI do meu pai poucos anos antes. Foi em 2001 que vi Leonel Brizola pela última vez. E foram duas vezes: no velório do meu pai e em Minas Gerais, quando o abordei para agradecê-lo pelo carinho com a minha família.

Brizola deixou um legado. Sua neta, Juliana, luta para mantê-lo vivo dentro do PDT. O partido fundado pelo grande líder modificou-se. Os ideais de Brizola não pertencem mais a uma sigla. Como ocorre com todo o grande líder, pertencem ao povo; ao povo brasileiro. Brizola sempre defendeu uma nação altiva, não submissa aos interesses estrangeiros, sempre lutou pela democracia e pela defesa da institucionalidade. 

Meu reencontro com Brizola foi neste ano, no seu túmulo, na cidade de São Borja. Sinto-me cada dia mais perto do seu pensamento. 
O PDT sempre fez parte da história da minha família e - mesmo no PCdoB - seguirá fazendo parte da minha. Infelizmente, Juliana e os brizolistas estão perdendo a briga interna para uma política oportunista. Hoje, o grande nome do partido é um homem que sempre rejeitou a política e notabilizou-se por atacar as administrações trabalhistas.
Muitos me cobram pelo fato de eu não haver escolhido o PDT. É justamente para poder seguir sendo brizolista.
*Jornalista


Eleições 2014

PT oficializa candidatura de Dilma

O Partido dos Trabalhadores (PT) vai realizar neste sábado (21) sua convenção nacional para confirmar a presidente Dilma Rousseff na disputa pela reeleição e oficializar a aliança com o PMDB, que terá Michel Temer como candidato a vice-presidente na chapa.
Dilma estará acompanhada do seu antecessor e padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles deverão discursar na abertura da convenção, que servirá apenas para referendar a candidatura da presidente, já que o nome de Dilma já havia sido aclamado previamente pelos dirigentes da legenda.
O evento, organizado pelo PT e pela equipe da pré-campanha de Dilma, é coordenado pelo marqueteiro João Santana. Na ocasião, será conhecido o slogan da candidata que será veiculado durante sua campanha.
Além de Dilma e Lula, vão discursar o presidente do PT, Rui Falcão, e o pré-candidato à vice-presidente, Michel Temer. A reedição da chapa entre Dilma e Temer foi aprovada durante convenção do PMDB no último dia 10, numa votação em que 59,13% dos dirigentes votaram a favor e 40,87% contra a aliança com o PT.
A abertura da Convenção Nacional do PT será às 10h, com presença prevista da presidente às 11h. Presidentes de partidos aliados, como Valdir Raupp (PMDB) e Gilberto Kassab (PSD) também participarão, além de ministros, parlamentares e militantes petistas.

PTB está mais próximo de Aécio

O PTB, que há pouco tempo voltou a integrar o governo Dilma Rousseff, pode estar com um pé já fora do governo e do palanque da reeleição. A movimentação começou nos últimos dias por conta de dificuldades de espaço para candidatos do partido ao Senado. O partido, que terá direito a 1 minuto e 15 segundos no programa eleitoral, já abriu conversas com o candidato do PSDB, Aécio Neves.
O PTB pode decidir ainda neste sábado (21) sobre o assunto, mas a convenção nacional do partido, que oficializará sua posição nas eleições, está marcada para o próximo sábado (28).
"As portas estão abertas", respondeu Aécio ao telefone para um dirigente do PTB.
Os petebistas reclamam que estão sendo "sufocados" pelo PT, que traçou como estratégia nesta campanha o objetivo de eleger a maior bancada no Senado e, com isso, está sacrificando aliados de primeira hora. Pelo menos dois casos estão sendo citados pelos petebistas: o de Brasília e o de Roraima.

Em Brasília, o PTB quer lançar a candidatura de Gim Argelo à reeleição, mas o PT já oficializou a candidatura do deputado Geraldo Magela (PT). O PTB alega que Gim apoiou Dilma Rousseff desde o primeiro momento e, recentemente, foi abandonado pelo governo no momento em que queria ser indicado para uma vaga no Tribunal de Contas da União. Em Roraima, o senador Mozarildo Cavalcanti não obteve espaço na chapa da candidata ao governo pelo PT, Ângela Portela.

Segundo um dirigente do PTB, a preferência da maior parte da bancada do partido é seguir com Aécio Neves. Por isso, o partido está preparado para deixar cargos no governo federal.

Caso confirmada, a decisão do PTB de deixar o palanque da reeleição é uma péssima notícia para Dilma: primeiro, porque o tempo de TV do partido iria para um adversário; e, segundo, porque pode estimular outros partidos da base aliada que hoje se sentem desprestigiados pelo PT a seguir o mesmo caminho. (Cristiana Lôbo)