sexta-feira, 20 de junho de 2014

Eleições no RS

Pesquisa Correio/Methodus


O Grupo Record (Correio do Povo/ Rádio Guaíba/TV Record) deverá divulgar no final de semana, o resultado de uma pesquisa de intenções de votos feita pelo Instituto Methodus. A mostra  revela amplo crescimento da candidata Ana Amélia Lemos, queda de Tarso Genro e o surgimento de números favoráveis ao candidato José Ivo Sartori.

Confira os números principais da pesquisa:

Ana Amélia PP) – 43%
Tarso Genro (PT) – 29%
José Ivo Sartori -  (PMDB) – 7%

Blog do Josias

Lula enxerga a elite branca no reflexo do espelho

Josias de Souza*
A política convive com uma regra antiga: personalize o seu adversário. O mal, quando tratado como mera abstração, é impalpável. Mas dê-lhe uma cara com um par de chifres e você terá um inimigo nítido. Durante muitos anos, Lula foi vítima dessa técnica. O rótulo de ‘esquerdista radical’ custou-lhe três eleições presidenciais. Para prevalecer em 2002, teve aparar a barba, vestir Armani e beijar a cruz. Renegou numa carta aos brasileiros tudo o que sempre defendera.
Desde então, Lula passou de alvo do feitiço a feiticeiro. Hoje, utiliza o mesmo método contra seus rivais. Pós-graduado nas artes da mistificação, ele estava atrás de um nome para o fantasma da mudança, que ameaça a reeleição de Dilma Rousseff. Dias atrás, encontrou. Chamou-o de “elites”. Pronto! Qualquer criança de cinco anos sabe que o problema do Brasil são as elites. O governo é maravilhoso, o povo é extraordinário. Corruptas e gananciosas, as elites é que não valem nada. Urge derrotá-las.
O PT realiza neste sábado (21), em Brasília, a convenção que aclamará Dilma como candidata ideal para assegurar aos brasileiros mais quatro anos de felicidade. O ponto alto da cerimônia será um novo encontro de Lula com o microfone. Desse contato resultará o terceiro pronunciamento do grande líder desde que a “elite branca” do Itaquerão mandou Dilma “tomar no cu”. Será mais uma oportunidade para esconjurar o inimigo.
O demônio exime o exorcista do exame de todo o mal. A começar pelo mais doloroso: o auto-exame. A coisa vinha funcionando bem. Em 2006 e 2010, bastou transferir para o neoliberalismo da elite tucana a culpa pelas ações, omissões e crimes do poder petista. Enquando o país se divertia com as reações atabalhoadas do PSDB, o marqueteiro João Santana cuidava da propaganda redentora. As pesquisas informam que o desafio de 2014 talvez seja maior.
O governo de Dilma nunca foi tão mal avaliado. Segundo o último Ibope, divulgado nesta quinta-feira (19), a taxa de aprovação do governo da madame caiu de 36% para 31% entre março e junho. Na outra ponta, subiu de 27% para 33% o percentual dos que consideram a administração federal ruim ou péssimo. Em novembro de 2013, os brasileiros que avaliavam a atual gestão como ótima ou boa somavam 43%. Quer dizer: a popularidade do governo despencou 12 pontos em sete meses.
Tomada pelo potencial eleitoral, Dilma ainda é uma candidata de 39%. Não é preciso ser um gênio para intuir que os dois índices —avaliação do governo e intenção de votos— tendem a cruzar em algum momento do processo eleitoral. Mergulhando-se no mar de números colecionados pelo Ibope, percebe-se que o mago João Santana terá de molhar a camisa para impedir que o percentual de votos caia, encontrando-se com a popularidade do governo no ponto mais baixo da curva.
O Ibope recolheu a opinião dos eleitores sobre o desempenho do governo em oito áreas específicas. Em todas elas, sem exceção, a taxa de desaprovação é maior que o índice de aprovação. Na Educação, 67% desaprovam a ação governamental e 30% aprovam. Na Saúde, 78% desaprovam e apenas 19% aprovam. Na segurança, a desaprovação é de 75% e a aprovação de 21%. No meio ambiente, 52% de desaprovação, contra 37% de aprovação.
Na política de combate à fome e à pobreza, principal logomarca do petismo, a desaprovação é de 53% e a aprovação de 41%. No combate ao desemprego: 57% de desaprovaçao e 37% de aprovação. No essencial, que é a economia, os índices tóxicos se repetem. O combate à inflação é reprovado por 71% dos entrevistados e aprovado por apenas 21%. Na política de juros, a desaprovação é de 70% e a aprovação de 21%. Na área dos impostos, a desaprovação vai à casa dos 77% e a aprovação é de escassos 15%.
O Ibope informa que o mau humor do brasileiro içou a taxa de rejeição a Dilma Rousseff para as alturas. Hoje, declaram que não votariam nela “de jeito nenhum” 43% dos eleitores. Verificou-se que é menor a rejeição aos antagonistas Aécio Neves (32%) e Eduardo Campos (33%). Nesse contexto, o velho hábito de Lula de apontar o dedo indicador para as “classes dominantes”, elegendo-as como demônio para o qual transferir as culpas do PT, talvez já não seja a melhor arma eleitoral. É possível que não sirva nem mesmo para desconversar.
Lula ainda não se deu conta —ou talvez já tenha notado e apenas finge que não vê—, mas o fenômeno mais eloquente da atual quadra sucessória é o surgimento de nichos de contestação à margem do PT e de toda a engrenagem sócio-sindical que se move sob o comando do partido. As ruas voltaram para casa. Mas o sentimento de mudança explodiu em junho de 2013 continua ardendo no asfalto.
Tudo leva a crer que o ministro Gilberto Carvalho, o Gilbertinho, tem razão quando diz que os nomes feios que a presidente evoca não brotam apenas dos lábios da “elite branca”. Se as pesquisas carregam alguma novidade é a seguinte: o Brasil está virando uma espécie de Itaquerão hipertrofiado. A tese de que o problema são as elites já fez longa carreira no país do PT. Mas pode estar com os dias contados.
Só os petistas ainda não notaram que a elite agora são eles. Os 800 mil industriais que, segundo o então presidente da Fiesp Mário Amato, fugiriam do país se Lula fosse eleito em 1989, foram domesticados pelo “bolsa-empresário”, pelas isenções tributárias e pelo prêmio à sonegação embutido no Refis eterno. O empresariado reclama de Dilma porque já não se satisfaz com tudo. Exige algo mais.
A integração do indivíduo num grupo é, quase sempre, um processo de aviltamento. Por vezes, o sujeito tem que se violentar para entrar no todo. Mas Lula não parece desconfortável com sua nova condição. Ele hoje dá palestras milionárias, é protegido por seguranças, move-se em carro oficial e só voa de jatinho. Deve dar boas gargalhadas ao verificar, na hora de escovar os dentes e pentear os cabelos toda manhã, que a elite branca agora mora no espelho do banheiro da cobertura de São Bernardo.
*Jornalista

No Blog do David

A tal da elite branca
David Coimbra*

Agora inventaram essa história de elite branca. Por favor. Uma das poucas vantagens que o Brasil realmente tem em relação a TODOS os outros países do mundo é a miscigenação. No Brasil, as etnias de fato se misturam, e o fazem com naturalidade.
Nos Estados Unidos existem tantas variedades étnicas quanto no Brasil, mas a miscigenação por aqui é mais custosa, as raças ainda se protegem homiziando-se em guetos, casando-se entre si. No Brasil, todos, japoneses, negros, alemães, anões, cafuzos, mamelucos, índios, brancos, azuis, todos são brasileiros.
É óbvio que existe racismo no Brasil — existe em toda parte do mundo. Mas a discriminação maior no Brasil é a social. Nos Estados Unidos havia racismo até nas leis. Não há mais. Eles fizeram ações afirmativas, puniram com rigor manifestações racistas e deram oportunidades iguais a todos. Hoje, negros ocupam cargos importantes, inclusive o mais importante. No Brasil falta precisamente isso _ oportunidades iguais. Não é seccionando a sociedade que se vai alcançar a igualdade. Ao contrário. Há que se unir. Se todos tiverem oportunidades iguais, questões raciais também serão atenuadas.
Donde a perversidade dessa conversa de elite branca. Tenho lido muito isso. Balela de quem quer parecer paladino na luta contra as desigualdades. Descrevem a tristeza dos que ficam do lado de fora do jogo do Brasil, assistindo às lágrimas a passagem dos privilegiados que têm ingresso. Uma jequice. Na Copa da Alemanha foi assim. Na do Japão também. Na Olimpíada de Londres, da mesma forma. Não há novidade. Um bilhão de pessoas querem assistir a um jogo desses, alguém vai ter que ver pela TV.
O ingresso do futebol é muito caro para o pobre. Oh! O ingresso para ver o Chico Buarque não é barato, nem o do show da Madonna, nem a entrada do cinema. Pelé não ganhava um milhão por mês. Fred ganha. Assim, ver Fred é mais caro do que era ver Pelé.
A elite branca xingou a presidente. Quem garante que pobres e pretos não o fariam? Essa elite branca é “branca” de fato? Existem “brancos” de fato no Brasil? Será que existe mesmo essa divisão, pobres e pretos a favor do governo, elite branca contra? Esse é um governo só para pretos e pobres? Como é que se faz para conseguir um governo para todos?
A falta de educação não tem cor nem classe social. Aconteceu em Itaquera, acontece em todo lugar. A falta de educação grassa no Brasil, basta ler o que brasileiros escrevem em comentários de blog e redes sociais a respeito das pessoas com quem não concordam.
Aliás, isso de presidentA. Será que os petistas inteligentes e ilustrados não vêem que isso é uma babaquice? Isso não valoriza a mulher coisa nenhuma, isso a ridiculariza. Quem é o taipa que fala presidentA sem achar estranho?
A propósito, havia no Brasil uma propaganda do TSE, não sei se está passando ainda. É para incentivar as mulheres a concorrer a cargos públicos. A mulher da propaganda pergunta: “Até quando vamos deixar que ELES falem por nós?” Mas como? Um homem não pode representar mulheres no parlamento? Temos que votar por gênero, homem vota em homem, mulher vota em mulher? É assim?
Elite branca, presidentA e outros que tais são apostas na divisão, na ruptura social. Não levam a nada. Ou, antes: não levam a nada de bom.
*Publicado no Blog do David, em 20.06.14