quarta-feira, 18 de junho de 2014

Editorial do Estadão

Desespero, ódio e baixaria
O ESTADO DE S.PAULO

No desespero diante da sólida evidência de que a incompetência de Dilma Rousseff está colocando seriamente em risco o projeto de poder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva apela para seu recurso retórico predileto: fazer-se de vítima, acusar "eles" - seus adversários políticos - daquilo que o PT pratica, transformando-os em inimigos do povo e sobre eles jogando a responsabilidade por tudo de ruim e de errado que acontece no País. Lula decidiu de vez "partir para cima" e deixou claro que até outubro estará se atolando no ambiente em que se sente mais confortável: a baixaria.
Uma das mais admiráveis figuras do século 20, Nelson Mandela, reconciliou a África do Sul - que saía do abominável regime do apartheid - consigo mesma promovendo pacificamente o entendimento entre a minoria branca opressora e a ampla maioria negra oprimida. Lula continua fazendo exatamente o contrário: dividiu os brasileiros entre "nós" e "eles", arrogando-se a tutela sobre os desvalidos, que tem procurado seduzir, transformando-os não em cidadãos, mas em consumidores. Um truque que, como se vê hoje nas ruas, está saindo pela culatra.
Pois é exatamente o homem que subiu na vida com um punhal entre os dentes, disseminando a divisão em vez da consciência da cidadania como arma de luta contra as injustiças sociais, que agora, acuado pelo desmascaramento da enorme farsa que tem protagonizado, tem a desfaçatez de prognosticar que "a esperança vai vencer o ódio".
Apesar de alegadamente motivada pela declaração de Aécio Neves, na convenção do PSDB que lançou oficialmente sua candidatura à Presidência da República, de que "um tsunami" vai varrer o PT do poder, foram dois os sinais de alerta que levaram Lula a abrir a caixa de ferramentas: nova queda de sua pupila Dilma nas pesquisas e as vaias e agressões verbais em coro de que ela foi vítima na quinta-feira durante o jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo.
Quanto às pesquisas, não há muito mais a dizer do que aquilo que elas revelam: uma tendência constante de queda do prestígio e das intenções de voto na candidata do lulopetismo à reeleição. A debandada dos membros mais "pragmáticos" da "base aliada" reforça essa evidência.
As vaias e xingamentos no Itaquerão, por sua vez, refletem o que têm afirmado, abertamente, muitos líderes oposicionistas e, intramuros, lideranças do próprio PT: Dilma e, mais do que ela, o lulopetismo estão colhendo o que semearam. Nem por isso manifestações como aquelas podem ser endossadas. A grosseria não é coisa de gente civilizada. Um chefe de Estado merece respeito, no mínimo, pelo que representa.
Mas não há de ser quem sempre, deliberada e calculadamente, se esmerou em atacar e ofender adversários que agora vai assumir posição de superioridade moral para condenar quem manifesta, no calor da multidão, um sentimento espontaneamente compartilhado.
E também não vale o argumento com que Lula procurou desqualificar os manifestantes do Itaquerão, a eles se referindo como "gente bonita", ou seja, a famigerada elite. Afinal, a Copa do Mundo no Brasil, essa vitrine que está expondo o País aos olhos do mundo com efeitos duvidosos, foi apresentada à Nação sete anos atrás como uma fantástica conquista pessoal de Lula, uma dádiva generosa ao povo brasileiro. Foi para a "gente bonita" que Lula trouxe esse espetáculo - do qual agora mantém a boa distância e não porque não possa pagar os caríssimos ingressos que, como ele sempre soube, são cobrados pela Fifa.
A candidata Dilma, por sua vez, recolheu-se. Alegou uma gripe para não comparecer, ao lado do chefe, à convenção do PT que lançou, no domingo, a candidatura petista ao governo de São Paulo. Mas o recato acabou aí. Gravou um vídeo em que se refere indiretamente ao episódio do Itaquerão e dá uma magnífico exemplo do tom mistificador que passará a imprimir à campanha eleitoral: "(O Brasil) é um país em que mulheres, negros, jovens e crianças, a maioria mais pobre, passaram a ter direitos que sempre foram negados. É isso que vaiam e xingam. É isso que não suportam".
Os líderes do lulopetismo só estarão a salvo de vaias e constrangimentos se escolherem as multidões que estão sob seu próprio controle.


Bom dia!

Logo ali adiante!

Foto: Carlos Siegler
Aprendi com minha mãe que, quando a gente não pode desfrutar de algo que gostaria muito, é sinal que alguma coisa melhor está esperando por nós, logo ali adiante.
Trabalho na SECOPA desde 2012 e, nem preciso dizer, aguardei ansiosamente pela chegada da Copa do Mundo 2014. Foram dias intensos, principalmente agora, de muito trabalho, muitas reuniões, dificuldades e extrema expectativa. Acho que, de tudo, o mais difícil foi lidar com os caranguejos que passaram, e alguns ainda passam, tentando puxar as coisas para baixo. Não tiveram êxito.  A Copa está aí e, com ela, milhares de turistas e torcedores ocupando e lotando as ruas de Porto Alegre. A imagem da Borges de Medeiros tomada de torcedores vestindo a cor laranja da Holanda, percorrendo o Caminho do Gol, um evento que foi imaginado e trabalhado pela equipe da Prefeitura, até o Beira-Rio, já mostra que tudo valeu a pena.
Ontem vi imagens da Cidade Baixa com ruas tomadas completamente por torcedores que queriam somente curtir os momentos que a Copa está proporcionando. Fiquei pensando que Porto Alegre já ganhou demais com tudo isso. Fora o legado que a Copa deixará, com obras que seguem andando e ficarão para todo o futuro da Capital, não tenho dúvidas em comemorar a Copa.
Mas voltando ao começo, logo quando eu mais gostaria de estar presente, uma crise de asma me tirou, pelo menos momentaneamente, da cobertura fantástica que a equipe de profissionais da Prefeitura, particularmente o pessoal da SECOPA, está realizando, sob o comando do Flávio Dutra e do João Bosco. Estou em casa, refém deste clima maluco que nos transforma em sobreviventes, mas com o coração inteiro na Fan Fest, no Caminho do Gol, no Beira-Rio, no Centro Aberto de Midia, em todos os lugares em que eu gostaria de estar presente e para os quais espero voltar brevemente.

Sei que minha mãe tinha razão quando mandava esperar por algo melhor, logo ali adiante, mas acho que seria melhor estar trabalhando na cobertura da Copa, junto com meus companheiros, mesmo que algo muito bom esteja me esperando, logo ali na frente!