quarta-feira, 19 de março de 2014

Estado de São Paulo

Oposição quer ouvir ex-diretor da 

Petrobrás sobre compra de refinaria


Reportagem do 'Estado' revelou que Dilma autorizou aquisição de unidade nos EUA, alvo de investigações, mas agora presidente afirma ter sido induzida a erro em razão de 'documentos falhos'


Nestor Cerveró
A oposição vai apresentar requerimento para convidar o ex-diretor internacional da Petrobrás Nestor Cerveró a prestar depoimento na Câmara dos Deputados sobre acusação da presidente Dilma Rousseff de que a diretoria internacional apresentou ao Conselho de Administração da companhia um resumo "falho" e com "omissões" acerca da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006. A acusação feita por Dilma foi publicada nesta quarta-feira, 19, em reportagem exclusiva do Estado.
Dilma era ministra da Casa Civil do governo Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás quando deu voto favorável ao negócio. A presidente justificou, em nota, que se baseou no resumo que agora ela classifica de "falho" e "omisso".

A presidente afirmou, ainda, que o conselho não teria aprovado pontos do negócio se tivesse todas as informações sobre as cláusulas do contrato. Cerveró era o diretor da área internacional da Petrobrás em 2006 e participou da reunião do Conselho de Administração quando fez uma explanação sobre Pasadena. Atualmente, ele é diretor financeiro da BR Distribuidora. O Estado apurou que Cerveró é apadrinhado do ex-ministro José Dirceu.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou que vai tentar furar o bloqueio governista com a ajuda do PMDB, em crise com o Planalto, para aprovar o convite nas comissões de Fiscalização e Controle e de Relações Exteriores. "A Petrobrás se transformou num grande aparelho do PT em negócios escusos que agora envolvem a presidente", afirmou o líder. "Se o governo não tomar cuidado, vem a CPI. Trata-se de mais uma prova do despreparo da presidente. Você não pode presidir um conselho de uma empresa dessas e depois dizer que foi enganada", complementou o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (PE).
A oposição também vai requisitar à Petrobrás cópia do resumo da área internacional que teria respaldado a votação do conselho a favor do negócio. A empresa mantém os documentos em sigilo e se recusa a comentar os fatos com a imprensa.
A refinaria de Pasadena foi comprada em duas etapas. Em 2006, já era considerada obsoleta quando o conselho presidido por Dilma avalizou a compra. Mais tarde, após uma disputa judicial, a Petrobrás se viu "obrigada" a comprar a outra metade da refinaria, o que custou ao final US$ 1,2 bilhão.
Matéria publicada no portal do jornal Estado de São Paulo em 19.03.14

Artigo

O comissariado destruidor

Elio Gaspari*

Quando a doutora Dilma assumiu a Presidência, uma ação da Petrobras valia R$ 29. Hoje ela vale R$ 12,60. Somando-se a perda de valor de mercado da Petrobras à da Eletrobras, chega-se a cerca de US$ 100 bilhões. Isso significa que a gestão da doutora comeu um ervanário equivalente à fortuna do homem mais rico do mundo (Bill Gates, com US$ 76 bilhões), mais a do homem mais rico do Brasil (Jorge Paulo Lemann, com US$ 19,7 bilhões). Noutra conta, a perda do valor de mercado das duas empresas de energia equivale à fortuna dos dez maiores bilionários brasileiros. 

Se o governo da doutora Dilma deve ser avaliado pela sua capacidade executiva, o comissariado petista contrapõe ao conceito de "destruição criadora" do capitalismo a novidade da destruição destruidora. No caso do preço dos combustíveis, de quebra, aleijou o mercado de produção de álcool.

Há empresas como a Polaroid, por exemplo, que vão à ruína porque vivem de uma tecnologia caduca. Outras cometem erros de concepção, como as aventuras amazônicas da Fordlândia e do Jari. É o jogo jogado. A perda de valor da Petrobras e da Eletrobras está fora dessas categorias. Acusar a doutora Graça Foster pelos maus números da Petrobras seria uma injustiça. A desgraça derivou de uma decisão de política econômica, mas responsabilizar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pelo que acontece nessa área seria caso de atribuição indevida.

O que agrava o episódio é que tanto a Petrobras como a Eletrobras atolaram por causa de uma decisão politicamente oportunista e economicamente leviana. Tratava-se de vender energia a preços baixos para acomodar o índice do custo de vida, segurando a popularidade do governo. O truque é velho. Mesmo quando deu resultados políticos imediatos, sempre acabou em desastres para a economia.

Vem aí a campanha eleitoral e o governo irá à luta buscando a reeleição de Dilma Rousseff com duas plataformas: a da qualidade de sua gerência e os avanços sociais que dela derivaram. Numa área em que os governos petistas produziram o êxito do Prouni, o ministro da Educação Fernando Haddad criou o novo Enem em 2009. Prometia a realização de dois exames por ano. Nada, mas continuou prometendo. Em 2012 a doutora Dilma anunciou: "No ano que vem [serão] duas edições". Nada. Apesar de ela ter dito isso, o ministro Aloizio Mercadante e seu sucessor, José Henrique Paim, descartaram a segunda prova, que daria à garotada uma segunda chance de disputar a vaga na universidade. (Nos Estados Unidos, o equivalente ao Enem oferece sete datas a cada ano.) O novo presidente do Inep, organismo encarregado de aplicar o exame, dá a seguinte explicação: "É impossível se fazer dois 'Enens' por ano com esse Enem. O crescimento [de inscritos] foi de tal ordem que a logística se impôs".

É um caso simples de gerência. Quem disse que ia fazer dois exames foi o governo. As dificuldades logísticas não explicam coisa nenhuma, porque elas já estavam aí em 2009 e, desde então, o Brasil não incorporou ao seu território a península da Crimeia. 

O que há no governo é mais do que má gerencia. É uma fé infinita na empulhação, ofendendo a inteligência alheia.

*Artigo publicado nos jornais Folha de São Paulo e O Globo

Bom Dia!

Estradas boas e sem cancelas!
Certamente todos lembram da promessa feita pelo candidato Tarso Genro durante a campanha para o governo do Estado. Tarso prometeu acabar com os pedágios e entregar estradas com qualidade para o Rio Grande do Sul. O atual governador aproveitou o fim das concessões privadas, esteve em algumas praças de pedágio abrindo cancelas e criou a EGR para administrar as praças comunitárias. Com o dinheiro arrecadado, Tarso pretendia  cumprir a outra parte da promessa, ou seja, melhorar a qualidade das estradas.
O governador não contava com a aprovação do projeto que estabelece tarifa única para quem passa pela mesma praça no mesmo dia. O projeto foi aprovado, o governador vetou e o veto foi derrubado na tarde de ontem por 29 votos a 18 na Assembleia Legislativa.  O faturamento político do governo fica, então, mortalmente prejudicado. O presidente da Assembléia vai promulgar o projeto e o governo do Estado vai recorrer à justiça alegando inconstitucionalidade.
Se for derrotado na justiça, o governador pode ver a EGR se transformar em empresa sem sentido. Tarso esperava que o fim dos pedágios privados rendesse muitos votos. A derrubada do veto e a péssima qualidade de algumas estradas, transformaram o sonho em pesadelo. Até a conservação das estradas administradas pelo Dnit, acaba caindo no colo do governo. O usuário cobra diretamente de quem prometeu e não está podendo cumprir. Além disso, o presidente da EGR já anunciou que, caso seja mantido o que determina o projeto aprovado, o preço das tarifas nos pedágios será aumentado. De alguma forma, vamos acabar, como sempre, pagando a conta.
A história, neste caso, acaba repetindo o que estamos cansados de saber; promessa de campanha, quase nunca é cumprida. Será que alguém vai cobrar de quem prometeu estradas boas e sem cancelas? Quem viver, verá!

Fiquem com Deus e tenham todos um Bom Dia!