sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Artigo

O Rio Grande que morre e a hora de revisitar Clarissa

André Machado*

Lendo a coluna Informe Econômico da Zero Hora de ontem (27/02), uma declaração me pôs a pensar sobre o futuro do Rio Grande do Sul. A nota que leva o título “Rio Grande morrendo?”, por si, já seria intrigante. Mas o que me soou como um soco no estômago foi a declaração do badalado economista Igor Morais, escolhido economista do ano pelo conselho profissional do setor.
Como acontece em muitos casos, fiquei com mais perguntas que respostas na cabeça.
“Estamos morrendo de uma forma devagar, as pessoas sofrem, mas têm medo de falar. Torço para que ocorra algo grave e, assim, a gente consiga se mexer”, é que diz Morais.
No começo, fiquei incomodado. Meio ofendido. Não sou diferente dos outros gaúchos, que batem no peito para comemorar as próprias façanhas. Mas a declaração de Morais sugere uma imobilidade cultural que, também como todo gaúcho, sei que existe de verdade. E já não é nova.
Nossos índices de desenvolvimento há tempos não são os mesmos. Perdemos lugar na fila dos melhores lugares para investir, há fábricas fechando, empregos indo embora. E parece que aqui os negócios são mais amarrados que no resto do Brasil. Nossa dívida pública se torna impagável, apanhamos na guerra fiscal e nossas cidades estão cada vez mais violentas.
De onde vem essa imobilidade, essa lerdeza ante uma espécie de precipício que parece se aproximar?
Talvez eu esteja errado. Eu e Morais. Talvez sejamos dois pessimistas. E se for assim, se o Rio Grande estiver mesmo definhando, quando foi, na história, que erramos o passo?
Onde foi parar aquele Rio Grande epopeico de O Tempo e o vento? O mesmo Erico Verissimo que se consagrou como referência no romance histórico ambientado no campo respondeu esta questão no lado B da sua obra. A sua fase urbana e moderna. Não com as vírgulas frias dos economistas. Subjetivamente, claro. Mas respondeu.
Vou recorrer à releitura da saga de Clarissa, trilogia símbolo desse Erico narrador dos conflitos urbanos. Tenho a impressão de já ter passado por boas respostas lá. Ou, pelo menos, perguntas muito interessantes sobre uma época em que a fortuna gaúcha trocou de mão.
Depois que eu revisitar Clarissa, comento por aqui e a gente pode chegar a algumas respostas.
Aproveite o dia.

*Jornalista

Manchetes

Nos jornais de hoje




Destaques de jornais brasileiros nesta sexta-feira, dia 28 de fevereiro




Barbosa critica ministros que absolveram Dirceu 
Livres de condenação, petistas poderão deixar a prisão a partir de agosto. (Correio do Povo)

Mensalão não teve quadrilha, aponta STF em nova decisão
Oito condenados pelo crime foram beneficiados pela mudança de critério com o voto de dois novos ministros. José Dirceu pode sair da cadeia até março de 2015. (Zero Hora)

Funcionários dos correios decidem manter greve no RS
Paralisação iniciou em janeiro. Nova assembléia ocorre quinta-feira. (O Sul)

Atividade agrícola puxa elevação de 2,3% do PIB
Com maior peso no cálculo, o setor de serviços foi destaque, afirma Mantega. (Jornal do Comércio)

Advogados do mensalão esperam Barbosa sair para pedir revisão
Os criminalistas vão esperar a aposentadoria de Joaquim Barbosa, que abrirá mais uma vaga na corte, para alegar erro judiciário. (Folha de São Paulo)

Absolvição de mensaleiros repercute no Congresso Nacional
"Ninguém opera um esquema desse tamanho de forma meramente eventual. As duas decisões são contraditórias", disse o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho. (Correio Braziliense)

Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos sofre inclinação
A estatal garantiu, por meio de sua assessoria de imprensa, que a unidade foi estabilizada e não corre o risco de afundar. (O Globo)

Governo autoriza aumento no preço dos remédios
Os preços de medicamentos poderão ser reajustados a partir de 31 de março, segundo autorização da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed). (Estado de Minas)

Em meio a suspeitas de regalia, juiz suspende trabalho de Delúbio

De acordo com magistrado, há relatos de que o ex-tesoureiro teria conseguido garantir um tratamento diferenciado na prisão, com alimentação e visitas especiais e até estacionamento privativo. (Estadão)


TSE aprova novas regras para eleições de outubro
Candidatos não podem usar serviços de telemarketing para pedir votos e será obrigatório que a propaganda eleitoral e os debates na TV sejam transmitidos com legenda em Libras. (Gazeta do Povo/PR)

Bom Dia!

Um dia triste para o STF e para o Brasil!
Uso este espaço, todos os dias, para manifestar minha opinião sobre o que leio, ouço ou vejo no dia-a-dia. São manifestações pessoais e que refletem o que penso. Assim, admito que alguns pensem diferentemente, o que não afeta minhas convicções.
Confesso que fui dormir e acordei profundamente envergonhado e com um sentimento de imensa tristeza. Afinal, sou daqueles que ama e se orgulha de ser brasileiro. Um orgulho que trago da infância quando via meu pai sair, bem cedo, trajando seu impecável uniforme militar. Meu pai passou por quase todos os postos no quartel. Entrou como soldado e morreu como coronel. Durante a vida, nos ensinou a ter orgulho do que somos, do que fazemos e, principalmente, do que pensamos. Foi com meu pai que aprendi a amar a verdade, a honra, a honestidade e a ter orgulho de ser brasileiro.
Orgulho que foi tristemente maculado com a posição assumida por um grupo de ministros, ontem, no STF. Fora os quatro que haviam condenado os mensaleiros, acredito que a maioria dos brasileiros se orgulhava dos outros que condenaram aqueles que praticaram a maior fraude de que se tem lembrança neste país. Os mensaleiros, como ficou provado, roubaram, desviaram dinheiro público pagaram para que parlamentares apoiassem decisões, nem sempre claras, do governo petista. Sim, foi no governo do PT, comandado por Lula, José Dirceu, José Genoino e outros, que se instalou a corrupção e a roubalheira oficial no Brasil. Tanto é verdade que em 2012, todos os mensaleiros foram condenados por maioria de votos do Supremo Tribunal Federal.
Ontem, entristecido, vi ministros, pessoas que até então mereciam meu respeito, usarem argumentos que nunca usaram para livrar da cadeia gente que, de algum modo, é igual a eles. Vi novos ministros, todos nomeados pelo governo do PT, livrando da cadeia seus companheiros, votando ao lado de ministros que, inclusive, fizeram parte da assessoria de alguns mensaleiros.
Muito mais do que vergonha passei a sentir medo do que vem por aí. A partir de ontem, está provado que o PT começou a tomar conta do Judiciário e a mudar as regras jurídicas no Brasil. Os ministros que saírem daqui pra frente, e muitos sairão, serão substituídos por gente amestrada e obediente às determinações do governo. E quando o governo domina a Justiça, tudo pode acontecer, inclusive a transformação da ditadura silenciosa que temos hoje, em ditadura clara e ruidosa.
Pelo menos para mim e para muitos brasileiros, ontem vivemos um dia triste para o STF e para o Brasil.

Fiquem com Deus e tenham todos um Bom Dia!