segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Artigo

Estamos emporcalhando nossa cidade
Adeli Sell*

A palavra "emporcalhar" vai gerar protestos, eu sei. Mas é isto que estamos fazendo com nossa capital. Quem se criou no campo, tratando porcos, sabe do que eu falo. Querem algo mais nojento do que chorume regando o asfalto, lambuzando nossos calçados com os quais entramos em nossas casas?
Querem algo mais asqueroso do que aquela montoeira de lixo espalhada ao lado dos contêineres? Caminhem pelo Centro Histórico. Na Riachuelo com a Marechal Floriano é impossível passar sem tapar o nariz, desviar o caminho e caminhar pelo meio da rua, porque toda a esquina está tomada de lixo. E não é só ali.
Milhares e milhares de porto-alegrenses absorvem diariamente pelas narinas o cheiro podre que exala dos contêineres implantados na nossa cidade. Em qualquer lugar moderno e civilizado tem contêineres para o lixo orgânico e outro para o lixo reciclável. Em Porto Alegre, não é assim.
Acreditava que esse cenário pudesse mudar com o anúncio de nova licitação proposta pela prefeitura, prevendo dobrar a quantidade de contêineres na cidade, passando dos atuais 1,2 mil, para 2,4 mil equipamentos. Será mantida, entretanto, a coleta única e exclusiva de resíduos orgânicos nestas unidades, o que todos sabem só ocorre na teoria.
Não é preciso ir longe para conhecer outra realidade bem diferente. Caxias do Sul, na serra gaúcha, dispõe de conteinerização diferenciada. Um para os resíduos orgânicos e outro para os recicláveis. E lá existe a lavagem dos contêineres de três em três dias. Por que não incorporar o que próximas fazem melhor do que nós?
Os mais velhos devem recordar com saudades dos anos 90, quando implantamos a coleta seletiva em Porto Alegre, beneficiando primeiramente o bairro Bom Fim. O programa foi progressivamente ampliado até agosto de 1996, quando todos os bairros passaram a ser atendidos. E como está agora?
Nem é preciso falar, porque todos veem que é uma zorra total. Faça-se justiça que o novo Diretor começou sua gestão fazendo algumas incursões corretas para debelar focos de lixo pela cidade.  Mas parece que nosso diretor está perdendo a batalha para o "emporcalhamento" da cidade, pelas razões que coloquei, somados aos erros administrativos e técnicos e por esta cultura de condescendência com os carrinheiros e carroceiros.
Também não dá para desdenhar o comportamento da população que teima em jogar lixo na rua. Por onde quer que se ande, montoeiras de latinha e papel, sem falar nas bitucas de cigarro que estão por todos os lados. Sem esquecer os chicletes que teimam em grudar nos nossos sapatos.  Tudo o que é inservível é descartado ali mesmo, sem se importar com a cidade, a limpeza, a estética, a saúde. Sim, saúde, porque isto não pode fazer bem a ninguém.
Pode parecer fruto de uma mente conservadora, mas o cuidado com a cidade exige uma disputa de espaço em que necessariamente deve ganhar o interesse da maioria: limpeza, iluminação, manutenção e acessibilidade. Mesmo a mais culta das criaturas poderá sucumbir ao meio e se permitir um papelzinho no chão quando num cenário de depredação. De que importa? É só uma bituca. Ou, infelizmente, eu não trouxe o saquinho. De maior ou menor gravidade, os crimes são cometidos diariamente, e isto só tem contribuído para uma concepção coletiva de impunidade e irrelevância com aquilo que é coletivo.
Sujeira gera sujeira, depredação gera mais depredação. O lixo largado nas ruas vai parar nos esgotos pluviais, gerando inundações a cada chuvarada. Como ensinar uma criança a não jogar lixo no chão, se o seu entorno está coberto de lixo alheio, tolerado e quase institucionalizado? O vandalismo e a sujeira são parceiros inseparáveis, bem como a percepção de insegurança da comunidade.
Cestos destruídos, lixo espalhados, monumentos roubados, cocô de cachorro nas calçadas, o encanto da cidade se perde, junto com o humor de quem não consegue andar sem sobressaltos pelas ruas. Mas Porto Alegre pode melhorar. Depende só de nós.

*Escritor e consultor


Modificações no trânsito

Avenidas Pará e Bahia formarão binário
A partir desta terça-feira, 24, as avenidas Pará e Bahia, localizadas no bairro São Geraldo, terão alterações nos sentidos de tráfego, passando a se tornar um binário, vias paralelas com sentidos únicos de circulação e opostos. Elaborada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) após pedidos de moradores, a mudança ocorre para ampliar a segurança viária, reduzir acidentes e qualificar a fluidez do trânsito da região.
A avenida Pará terá sentido único na direção da rua Olinda para a Cairu. Já a Bahia terá sentido oposto, direção Cairu-Olinda. A sinalização foi intensificada ao longo das vias, assim como o asfalto, que foi revitalizado pela Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov).
 As duas vias fazem cruzamento com a São Pedro, que apresenta intenso fluxo de circulação. Além das alterações, foi implantado um semáforo, que também entrará em funcionamento terça-feira, no cruzamento da Pará com a São Pedro, com o objetivo de contribuir para a organização do tráfego.

 Devido à nova configuração do trânsito, será possível aumentar as áreas de estacionamento nas proximidades da avenida São Pedro, ampliando o número de vagas para moradores e visitantes da região, reconhecida pela variedade de comércios.

Artigo

A partir de hoje, publico um artigo do César Cabral, dividido em três partes, onde ele analisa a necessidade do Diploma e/ou Registro para a “profição” de jornalista. O César é um gaúcho que mora em Fortaleza e que tem o dom de escrever o que gostamos de ler. Querem uma prova? Leiam a primeira parte do seu artigo


Não são apenas o Diploma e o Registro, como única condição para o exercício dessa profição, que faz um jornalista competente.

César Cabral*

Os comentários que recebo nas quase 25 mil leituras que já tem minha página na internet, -
se o mesmo se desse com pelo menos um dos meus livros certamente seria um “best-seller” - são, em geral elogiosos, muitos são gentis e, verdadeiramente, estimulantes e fazem lá mesmo seus comentários. Porém aqueles leitores que não gostam, ou não concordam com o que penso por escrito, usam meu e-mail. Assim não ficam expostos e podem escrever o que mais lhes dá na cabeça. Alguns chegam a ser ofensivos; uns por discordarem outros por que não entendem o que está escrito. Mas há também os que colocam em dúvida minhas afirmações.
De qualquer maneira dou atenção a todos
Um desses comentários se refere ao fato de que critico sistematicamente “os jornalistas de
hoje”, todos diplomados e registrados. O leitor afirma que em qualquer profissão existem
bons e maus profissionais tanto hoje como antigamente; e faz um longo relato. O texto é bem escrito, mas não vai além disso, porém enfatiza que “sou contra escolas de jornalismo e contra a exigência de diploma para o exercício da profissão”. Como não sei a idade e a profissão dele, pois não disse, posso me atrever a supor o que bem entender; inclusive que seja até mesmo um jovem jornalista ou professor de escola de jornalismo defendendo sua classe; que é como os jornalistas de hoje denominam as categorias profissionais. Mas esse leitor defende também a propaganda, que ele afirma ser totalmente diferente de publicidade, com um trecho colado e arrastado do Wikipédia. Descobri facilmente. E, finalmente, meu leitor afirma que meus textos são muito longos. Bem escrevo textos do tamanho que entendo seja suficiente para dizer o que penso sem as normas e exigências dos textos jornalísticos e os publico - artigos e crônicas - no Recanto das Letras, enquanto escrevo livros – daí minhas ausências, às vezes prolongadas, desta página – e não tenho Facebook nem Twitter onde se escreve bilhetinhos.
Não sou contra quem os tem! Apenas não sei lidar com redes socais; não sei fazer isso. Mas já me limitei (ou fui limitado) a escrever em laudas de jornal, uma folha “tamanho ofício” com 30 linhas já impressas e numeradas, onde cabiam no máximo 70 caracteres; inclui-se aí qualquer sinal gráfico e até mesmo os espaços entre eles e as palavras. E também já fui obrigado a escrever notícias com no máximo 20 palavras para os noticiários da emissora de rádio que trabalhava em Porto Alegre e nas tais laudas para o jornal do grupo jornalístico, na época quase centenário. E fiz o mesmo em outros jornais. Mas isso é coisa de um passado muito distante. Além disso, como redator publicitário que também já fui, por um tempo, tive que “vender” dezenas de produtos de lojas de varejo em apenas 30 segundos, em rádio e televisão e em páginas duplas de jornais que os “clientes” achavam que espaço não era equilíbrio estético, mas, sim desperdício. Portanto, caro leitor, sei o que é limite de tempo e espaço. Hoje, aqui nesse recanto das letras, me ponho aos quatro ventos e a meu gosto. E para evitar aquela palavra que não pronuncio, hoje sou apenas ex.

Não sou contra os que têm diploma de curso universitário! Nem posso!

Não sou contra a exigência de diploma de curso universitário para quem deseja exercer
qualquer atividade que necessite obrigatoriamente dessa graduação. Isso porque ser
contra ou a favor, simplesmente, não é o centro da questão. Acredito que com ou sem
diploma, competentes e incompetentes espalham-se em todas as profissões, assim como
honestos, éticos, capazes, escrupulosos e seus antônimos. O que tenho afirmado é que
o diploma de jornalista como única condição para o exercício dessa profissão não dá competência ao jornalista e nem dá ao indivíduo a garantia de um bom jornalismo. Ao
contrário de outras profissões, que sem o devido diploma nos colocam em risco de vida e
expostos a todo o tipo de perigo. Fui jornalista do fim dos anos 50 do século passado (!) até
quando fui expurgado do jornal e da rádio, do mesmo grupo, em que trabalhava, por questões políticas e outras divergências; eu e muitos outros. Sem curso e sem diploma aprendi por gosto e prazer a ser jornalista, embora nessa época uma faculdade dos meios de comunicação dava seus primeiros passos. Sem emprego fui ser redator publicitário; e gostei. Mas voltei ao jornalismo e nele me aposentei depois de 46 anos de muito trabalho sem diploma nenhum, pois sou de uma geração do tempo em que todos os jornalistas, sem exceção, sabiam escrever.
Da cobertura da política municipal de Porto Alegre e quando da renuncia de Jânio Quadros
a Presidência da República, e a resistência de Leonel Brizola, a época Governador do Rio
Grande do Sul, a ilegalidade que pretendiam cometer contra a posse do vice-presidente, João Goulart, o Jango, até a deposição dele e tudo o mais que aconteceu naqueles tempos, fui testemunha; estava lá, recém começando. Era apenas um jovem iniciante; não era uma estrela brilhante e por isso não consto da história dos jornalistas que atuaram naqueles episódios. De volta ao jornalismo, andei por algumas redações de assessorias e gabinetes de imprensa de governos estaduais e municipais. Na Tribuna do Ceará, de Fortaleza, onde encerrei meus anos de jornalista, onde, quando quero e a qualquer dia do ano, vou me refestelar nesse mar de água morninha, certa vez, assim que lá cheguei um gurizinho recém-alçado a editor, com um esfuziante diploma, num esguicho legal, resolveu acrescentar antes de meu nome na coluna que eu escrevia a “ressalva”: "coordenação de Cesar Cabral". Ora, eu não tinha diploma nem registro! Ciro Saraiva, Diretor de Redação, mandou tirar a sindico ardilosa observação em respeito a mim, a minha história e, na época, aos meus mais de 40 anos de profissão.
* Jornalista e escritor


- Segunda parte, amanhã (24).

Manchetes

Nos jornais de hoje




Destaques de jornais brasileiros nesta segunda-feira, dia 23 de setembro





Até agosto, aeroporto parou por 108 horas
Promessa é de que esse tenha sido o último inverno sem equipamento que melhora condições para pousos e decolagens sob mau tempo no Salgado Filho. (Zero Hora)

Primavera começa com granizo, chuvas e destruição
Cidades do Norte gaúcho sofrem sérios danos. Cheias alagam regiões de Santa Catarina. (Correio do Povo)

Bafômetro reprova 115 motoristas em 858 abordagens no feriadão
Foram recolhidos 711 veículos e 175 carteiras de habilitação foram retidas. (O Sul)

Metade do crescimento deve vir do agronegócio
Campo puxará a expansão do PIB deste ano tendo a soja como carro-chefe. (Jornal do Comércio)

Arrecadação de agosto bate recorde para o mês: R$ 83 bilhões
No acumulado do ano, receita com impostos foi de R$ 722 bilhões, alta de 0,79% na comparação com 2012. (Estadão)

Novos casos de AIDS caem 33% desde 2011, diz ONU
Relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) mostra uma redução de 33% de novos infectados pela Aids em todo o mundo entre 2001 e 2012, incluindo crianças e adultos. (Folha de S.Paulo)

Mundo ainda tem 168 milhões de menores que trabalham, diz OIT
Número caiu 33% em relação a 2000, mas está longe de erradicar trabalho infantil até 2016. (O Globo)

Ex-procurador geral estaria envolvido em esquema de corrupção
De acordo com relatório da PF obtido pelo Correio, Manoel Felipe do Rego Brandão, servidor do Ministério da Fazenda, “atua como lobista, intermediando contatos entre os membros da organização criminosa e políticos”. (Correio Braziliense)

Presidente Dilma fará três discursos em Nova York
Não estão programados por enquanto encontros com chefes de Estado. (Gazeta do Povo/PR)

Parlamentares correm para aprovar mudanças nas eleições de 2014
Se quiserem mesmo dar uma resposta às manifestações que tomaram as ruas do país em junho, deputados e senadores terão somente duas semanas para aprovar mudanças na legislação. (Diário de Pernambuco)

Bom Dia!

A tragédia dos feriadões!
Mais uma vez, no final do domingo, uma estatística trágica é publicada em todos os sites de informações e divulgada pelas emissoras de rádio e televisão. Falo no levantamento de acidentes nas estradas e o número de pessoas mortas a cada feriado mais prolongado. Lamentavelmente, eles apenas ampliam os números trágicos de quase todo o final de semana. Só para falar no Rio Grande do Sul, foram 23 mortes registradas. Em alguns casos, famílias foram duramente atingidas com registros de pais e filhos mortos em um mesmo acidente.
Faz muito tempo que, com profunda tristeza, acompanho estes números que, quase sempre, aumentam a cada feriadão. É lamentável acompanhar as estatísticas e ver que, em muitos casos, a imprudência vem aliada com a péssima conservação de nossas estradas. Pessoas que dirigem agressivamente, motoristas embriagados, são como armas mortíferas trafegando em alta velocidade por estradas, em sua maioria, sem as mínimas condições de segurança. O resultado é a morte de pessoas inocentes, muitas vezes, vítimas da fatalidade que acompanha a irresponsabilidade.
Ta certo que muitos motoristas são culpados, mas não é errado afirmar que a maior culpa é das autoridades que alardeiam investimentos em conservação, ampliação e abertura de estradas. Basta andar pelo RS para ver que tudo não passa de uma propaganda enganosa, de uma ficção que faz com que as pessoas acreditem que podem pegar seus carros e trafegar tranquilamente por uma estrada cheia de buracos, com sinalização deficiente e superlotada, principalmente nos grandes feriados.
E o pior de tudo é estar convicto de que, pelo menos em curto espaço de tempo, não teremos solução alguma já que os governantes seguirão dizendo que estão investindo “como nunca” em estradas e estas seguirão matando, também como nunca. Uma tragédia que se repete a cada feriadão!

Pedindo a proteção de Deus, desejo a todos um Bom Dia!