Tirem as máscaras, digam o que querem de fato
Adeli Sell*
São
livres as manifestações no Brasil, pois vivemos numa democracia. Mas não
queiram que concordemos com o anonimato. Quem são estes mascarados que não
querem mostrar suas faces? Que usam mochilas com materiais duvidosos? Que levam
paus, bastões e jogam pedra em brigadianos? Que depredam locais de todos os
tipos, desde a barbearia da Ladeira, passando pelo Banco do Brasil e outros
prédios públicos?
O que querem? Quais são suas
demandas? São contra a repressão? Eu também sou contra a repressão de
gente que se manifesta livremente, de cara limpa, que não joga bomba molotov na
cara dos outros.
Quem ler a História recente de
Porto Alegre vai ver que houve imensas mobilizações durante a ditadura militar,
com muita repressão. Gente de cara limpa foi presa, torturada e morta. Outros
apanharam e foram para a cadeia. Vivem ainda hoje as sequelas de um passado sem
liberdade e sem democracia.
Mas as manifestações tinham
como mote demandas claras: Liberdades Democráticas, Abaixo à Ditadura, Fora o
FMI, Anistia, Contra a Carestia, etc. Passeatas fechavam apenas metade da pista
para evitar que a rua fosse obstruída. Gritávamos palavras de ordem para quem
passava nos ônibus, mas não depredávamos, muito menos ateávamos fogo em
coletivos com passageiros.
Hoje se tranca rua, impedindo a
circulação de pessoas que reivindicam as mesmas demandas. Isto nunca foi, não
é, e nunca será atitude democrática. Os mascarados não nos representam. Não
realizam uma manifestação pacífica, justa e democrática, fruto do direito
fundamental da livre expressão. Suas manifestações esbarram em atos de
vandalismo que põem em risco a ordem pública. Atos que depredam o patrimônio
público e privado, colocam em xeque a ação das autoridades, causam danos ao
transporte público e à segurança das pessoas.
É claro que não se pode coibir
a manifestação pública da população. Mas a leniência para com os atos de
depredação, vandalismo e prática de crimes de dano ao patrimônio público e
privado não pode ser justificada. Tais atos devem ser coibidos com rigor
suficiente pelo Poder Público.
Agora, esses grupos resolveram
também piratear imagens de pessoas conhecidas, postar suas fotos com cara
tapada, como se aderissem aos Black Bloc, aos Anonymous e outros tantos que
querem representar, mas não representam ninguém além deles.
Nós que lutamos contra o
totalitarismo, pelas liberdades democráticas, que ajudamos a conquistar a
democracia não vamos calar.
Vamos continuar lutando pelo
bem-estar de todo o povo brasileiro, contra a corrupção de todos os tipos, seja
aquela praticada por cidadão comum ou políticos e magistrados. Neste ângulo
devem sempre caminhar o Brasil e o seu povo sob pena de se efetivar um
retrocesso democrático, fator este altamente negativo para toda a democracia
até aqui alcançada.
* Escritor e consultor