Mensalão: MPF pede
inquérito para investigar Lula
A Procuradoria da
República no Distrito Federal (PRDF) instaurou nesta sexta-feira,
5, um inquérito para apurar suposto envolvimento do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no esquema do mensalão. O inquérito foi aberto para
investigar a acusação de que Lula negociou com Miguel Horta, então presidente
da Portugal Telecom, o repasse de recursos para o PT.
É o primeiro inquérito
aberto formalmente para investigar as acusações feitas pelo operador do mensalão, o empresário, Marcos Valério
em depoimento prestado em 24 de setembro do ano passado e revelado pelo Estado. A investigação tramitará na
Justiça Federal.
Até o momento, a
Procuradoria havia instaurado seis novos procedimentos preliminares para
analisar todas as acusações feitas por Valério no depoimento, como noticiou o
Estado nesta semana. Outros dois procedimentos já estavam abertos. Ao analisar
as acusações que envolveram a Portugal Telecom e o ex-presidente, os
procuradores decidiram abrir um inquérito para aprofundar as investigações.
De acordo com Valério,
Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel
Horta no Palácio Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom
em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões para o PT. O dinheiro, conforme
Valério, chegou ao Brasil por meio de contas bancárias de publicitários que
prestaram serviços para campanhas petistas.
As negociações com a
Portugal Telecom estariam por trás da viagem feita em 2005 a Portugal por
Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino, e o ex-secretário do PTB Emerson
Palmieri. Segundo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, Dirceu havia
incumbido Valério de ir a Portugal para negociar a doação de recursos da
Portugal Telecom para o PT e o PTB. Essa missão e os depoimentos de Jefferson e
Palmieri foram usados à exaustão ao longo do julgamento do mensalão para
comprovar o envolvimento de José Dirceu no esquema criminoso.
O dinheiro, segundo as
acusações de Valério, foi usado para pagar a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e
Luciano, além do publicitário Nizan Guanaes. As operações teriam ocorrido em
2005. Além de terem sido garotos-propaganda de Lula na campanha presidencial de
2002, os músicos trabalharam em campanhas petistas em 2004. Nesse mesmo ano,
Nizan comandou a campanha derrotada de Jorge Bittar (PT) à prefeitura do Rio -
dois anos antes, tinha sido o marqueteiro de José Serra na derrota pela disputa
ao Planalto. Os publicitários e a dupla sertaneja negaram ter recebido qualquer
pagamento de forma ilegal.(Agência Estado)