Neste momento, inicia seu voto o ministro Marco Aurélio Mello.
O ministro começa dizendo que José Dirceu é o único réu que ainda
não tem a maioria dos votos formada.
Marco Aurélio inicia seu voto "pelo mais simples". Ele
absolve Anderson Adauto do crime de corrupção ativa.
Marco Aurélio passa a analisar a conduta de Geiza Dias,
ex-funcionária de Marcos Valério que foi absolvida pelo restante da Corte. "Quem
concorre para prática do crime, incide nas penas com relação a ele previstas,
na extensão da culpabilidade", diz ele.
"Teria Geiza contribuído para a prática criminosa? Não era
uma empregada de menor escolaridade da agência de Valério, ao contrário: era
ela ombreando com Simone, responsável pelo financeiro", afirma. Marco
Aurélio condena Geiza Dias, divergindo dos demais ministros.
Ele passa agora a falar sobre Delúbio Soares. Segundo o ministro,
se Delúbio tivesse todo o poder que lhe é atribuído aqui, "não seria
apenas tesoureiro do partido".
"Apontar Delúbio, e parece que ele aceita, como bode
expiatório, como se tivesse autonomia suficiente para levantar milhões, ele
próprio definindo os destinatários sem conhecimento da cúpula do PT?",
questiona.
Marco Aurélio começa a analisar "o que foi apurado na
apresentação deste processo-crime", começando com José Genoino.
"No Brasil há essa prática: de nada se saber, pelo menos
notada nos últimos anos", diz o ministro ao lembrar os depoimentos
constantes nos autos.
Ele continua citando os testemunhos e diz: "As reuniões,
pasmem, ocorriam no Palácio do Planalto, nunca ocorreram na sede dos
partidos".
"Não há como imaginar partidos altruístas, que se socorram
mutuamente, ainda mais com essas cifras elevadas - considerando nós,
mortais", diz Marco Aurélio. "Genoino era o interlocutor político,
era o presidente do partido que esteve envolvido nesta tramoia", afirma o
ministro.
Marco Aurélio cita trechos do depoimento de Genoino:
"’Delúbio dizia que Marcos Valério era seu amigo e também amigo do PT’.
Aqui também fosse o caso de perquerirmos o custo dessa amizade", diz.
"Se Genoino tivesse tratado apenas e com pureza d’alma de
alianças políticas, não teria sido denunciado como foi pelo MP", diz o
ministro. "Ele não sabia de nada que ocorria para, em passe de mágica, o
governo ter o apoio que logrou ter no Congresso", diz Marco Aurélio.
O ministro cita depoimento de Jefferson e diz: "Dizer, a
esta altura, que não se tem elementos para chegar-se a condenação de José
Genoino é um passo demasiadamente largo".
O ministro relembra a venda do apartamento da ex-mulher de José
Dirceu Maria Angela Saragoça. "As declarações demonstram que Dirceu
valeu-se da estrutura do grupo para resolver problemas particulares". "José
Dirceu realmente teve uma participação acentuada nesse escabroso
episódio", afirma o ministro.