Classe média sofre mais com
Imposto de Renda
A classe média é a parcela da
população que mais sofre com a defasagem na correção da tabela do Imposto de
Renda (IR).
Segundo levantamento realizado pela consultoria Ernst & Young
Terco, se os valores da tabela tivessem sido corrigidos de acordo com a
inflação entre 1998 e 2011, uma pessoa com salário base de R$ 4.465 pagaria
hoje 44% menos de Imposto de Renda. A gula do Leão é tão grande que, nesses 13
anos, o total de tributos pagos pelos trabalhadores aumentou 369,8%, passando
de R$ 14,6 bilhões para R$ 68,8 bilhões em termos absolutos. Quando descontada
a inflação do período, de 134,2%, o salto no IR sobre a renda do trabalho foi
de 100,6%.
O sócio da área de Human
Capital da Ernst & Young Terco, Carlos Martins, explica que, ao deixar de
reajustar a tabela do IR pela inflação, o governo acaba reduzindo o poder de
compra dos consumidores. Segundo ele, o avanço sobre a renda ocorre porque os
salários vêm computando ganhos reais. Ou seja, mais pessoas acabaram entrando
na lista de pagadores de impostos. “Comparando os índices de inflação com os
ajuste da tabela progressiva do IR, podemos verificar que houve um descompasso,
e a conta está caindo sobre os trabalhadores”, afirmou.
Pelos cálculos da Ernst &
Young, um trabalhador com salário de R$ 1.801 recolhia todos os meses R$ 135,28
em 1998. Essa mesma pessoa, com o salário atualizado pela inflação em 13 anos,
para R$ 4.465,01, passou a pagar R$ 471,35 por mês ao Fisco. Caso a tabela do
IR tivesse sido atualizada integralmente pela inflação, as despesas mensais com
tributos seriam de R$ 263,81 — 44% menos (R$ 197,54). Em um ano, esse
contribuinte teria, portanto, R$ 2.370,48 a mais para gastar, ajudando a manter
o consumo aquecido. “Esses números comprovam o quanto os trabalhadores estão
com o poder de compra reduzido pela pesada tributação”, destaca Martins.
Segundo dados da consultoria,
quanto maior o salário do contribuinte, menor é o impacto da falta de correção
da tabela do IR. “Um trabalhador com salário de R$ 40 mil mensais, por exemplo,
teria redução de menos de 1% no tributo a ser pago”, assinala o sócio da Ernst
& Young.